Capítulo 66 - Passado presente

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Hanji chegou ao escritório com um humor anormalmente excelente. Sentia que havia feito um bem para o melhor amigo que mais ninguém poderia fazer, só faltava contar a ele. Sempre que imaginava a expressão surpresa de Levi quando contasse sobre o encontro da noite passada, sentia um frio na barriga. Estava louca para contar ao menor, mas esperaria um momento mais oportuno para fazer-lhe uma surpresa.

Praticamente saltitante, atravessou os corredores da agência cumprimentando até mesmo quem não tinha afinidade nenhuma com ela — o que foi incômodo, mas não estranho, visto que tudo era esperado vindo de Hanji. Passou pela frente do escritório da Equipe de Casos Especiais e conteve a vontade de entrar para dar bom dia. Sabia que, se o fizesse, não resistiria e sorriria feito uma boba para o melhor amigo, entregando-se por completo. Porém, ao passar na frente da porta incomumente aberta, deparou-se com a mesa de Levi vazia. Na ponta dos pés, esgueirou-se pela porta para checar o interior, e confirmou o que pensava: o baixinho de cabelos negros não se encontrava ali.

— Bom, dia, pimpolhos! — cantarolou enquanto adentrava. Colocou sua bolsa em cima da mesa do melhor amigo e então se virou para os amigos. — Como foi o encontro com o moreno lindo modelo da Levi's? — brincou enquanto dava palminhas. — Quero saber de tudo!

Todos da equipe se retraíram e murmuraram um "bom dia" discreto, com os olhos focados em qualquer lugar da sala. Todos, exceto por um certo integrante de cabelos cinzentos que logo fez uma carranca ao notar a presença da morena.

— "Modelo da Levi's", que trocadilho infeliz — murmurou Oluo, claramente insatisfeito. — Verdade, será que devemos contar antes que seja tarde demais e acabarmos sendo despejados daqui? — resmungou, cruzando os braços.

— Oluo, não exagera — respondeu Petra, mas na realidade tão insegura quanto o parceiro.

— Despejados? — repetiu a morena, agora adotando um semblante mais sério. — O que aconteceu?

— Você é quem nos diz! — resmungou o de cabelo platinado, pondo os braços para cima. — Eu até agora quero entender o que diabos deu naquele pirralho psicótico!

— Não precisa exagerar — repreendeu Gunther, sem firmeza nenhuma na voz. — Mas também acho que ele...

— Quando é que alguém vai me explicar o que aconteceu? — reclamou Hanji, pondo as mãos no quadril.

— Fomos até o colégio que você nos disse — contou Eld, após um longo suspiro. — E encontramos esse tal de Eren.

— Essa parte eu já entendi, quero saber o que aconteceu depois.

— Esse é o problema, nem nós entendemos o que foi aquilo — interveio Petra. — Ele fez uma cara de pânico assim que nos viu e começou a correr feito um louco. Pensamos que poderia ter visto alguém que estava o ameaçando, ou que tinha alguma rixa no colégio, mas...

— Mas acabou que o assunto era com a gente mesmo — completou Gunther. — O moleque achou que éramos da máfia, ficou virado no cacete quando o encurralamos, Petra até teve que atirar.

Gunther! — repreendeu a ruiva, visivelmente nervosa com o tópico levantado.

— Atirar? Você atirou nele? — disse Hanji, num misto de surpresa e raiva que fez com que todos que assistiam a cena sentissem um calafrio descer-lhes a espinha. — Você está louca?

— N-não! E-eu só... — gaguejou Petra, pondo as mãos para frente num gesto instintivo de autodefesa.

— Ela só estava tentando se defender — interrompeu Oluo, igualmente irritadiço. — Afinal de contas, era uma luta injusta.

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