Capítulo 28 - Dê-me o que eu quero

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— Eren, você vem com a gente? — perguntou Connie assim que Eren terminou a ligação.

Sasha já estava no balcão comprando as fichas, e precisava saber se ele ia ficar ou ir.

— Cara, sabe o que é? — Eren passou a mão pela nuca. — É que eu lembrei que já tinha uns planos...

— Mas nós estaríamos na aula agora, se não fosse a suspensão — comentou Sasha, cruzando os braços. — Você tinha planos para quê?

Maldita hora para você usar a cabeça, Sasha!, Eren praguejou mentalmente.

— Minha mãe pediu para eu comprar umas coisas para ela — ele mentiu —, e pensei que seria melhor se eu já me livrasse dessa tarefa de uma vez.

— Ah, por que não deixa para depois? — murmurou Connie.

— Porque eu estou me sentindo um pouco culpado pela suspensão...

— Hm, isso eu entendo — admitiu Sasha.

— Você nunca recusou passar a tarde no fliperama... — disse Connie, emburrado.

— Eu sei, mas desta vez eu realmente vou ter que recusar — desculpou-se Eren. — Vejo vocês amanhã!

Connie e Sasha também se despediram e logo depois correram para dentro do fliperama, provavelmente para algum arcade de Street Fight — o favorito deles.

— Ei, Eren. — Hannes o chamou do balcão, onde observava a tudo. — Está tudo bem com você?

— Está, está sim, por quê? — respondeu, tudo de uma vez só.

Hannes cerrou os olhos para ele. Eren já era um péssimo mentiroso, e quando mentia para alguém que o conhecia desde o berço... Realmente, era quase impossível ter sucesso.

— Como está sua mãe? — perguntou, imaginando se Carla realmente tinha algo a ver com a pressa do garoto. Hannes pôde perceber um leve arquear de sobrancelhas do garoto. — Eren?

— Minha mãe não está muito bem — confessou Eren. — Ela... está passando por alguns problemas.

— O que aconteceu com Carla? — quis saber, abandonando completamente sua postura desleixada de sempre para ganhar um ar de preocupado.

— Não se preocupe, não é nada sério como a saúde dela ou essas coisas. — Eren balançou as mãos, pedindo para que Hannes se acalmasse. — É só uns negócios de família mesmo, nada novo.

— Sei... — Hannes ainda desconfiava muito daquela história. — E seu pai?

Eren sentiu o sangue gelar só de escutar o pai ser mencionado na conversa.

— O que tem ele? — disse seco.

— Como assim, "o que tem ele"? — respondeu Hannes, irritando-se. — Como aquele idiota...

Hannes interrompeu-se assim que percebeu que estava ofendendo o pai do garoto. Geralmente, era nessa hora que Eren deixava o sangue ferver e partia para uma discussão com ele, mas desta vez o garoto permaneceu calado, com uma expressão irritadiça. Extremamente incomum.

— Sabe, Hannes-san, eu adoraria continuar conversando — Eren falava com a voz fria, sem emoção —, mas realmente preciso ir.

— Eren...

— A gente se vê depois — disse fazendo um rápido cumprimento com a cabeça e partindo rua afora, virando na primeira esquina.

Tinha algo de muito estranho naquela história. Principalmente, por causa da súbita mudança de atitude de Eren assim que Hannes citou seu pai. E isso sem falar que Eren havia sido suspenso do colégio, e nem teve a oportunidade de perguntar como isso aconteceu...

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora