Assim que o elevador chegou ao térreo, suas portas se abriram, revelando o espaçoso e requintado lobby a minha frente. Enquanto caminhava em direção à saída, percebi que já havia certa movimentação de hóspedes. Alguns estavam sentados nas cadeiras ou poltronas, dispostas pelo ambiente, lendo o jornal ou mexendo em seus celulares e todos os demais tipos de parafernália tecnológica. Outros se encontravam no balcão de recepção e ainda tinha os que, assim como eu, dirigiam-se à saída.
Ao passar pela recepção, dois jovens funcionários, ambos vestindo um uniforme preto impecável, me dedicaram um simpático "Bom Dia!", seguido por um amplo sorriso. Retribuí ao sorriso e ao cumprimento e segui em direção a porta giratória que dava acesso a porta de vidro principal. Quando cheguei à calçada, avistei Victor, devidamente uniformizado com um terno preto, parado ao lado do Crysler 300C, preto, que estava estacionado rente ao meio-fio. Assim que me viu, seus lábios se curvaram em um sorriso. Após tomar uma respiração profunda para inspirar o delicioso ar matinal de Boston, fui ao seu encontro.
- Victor! Bom dia! – lhe saudei.
- Bom dia, senhorita. Como está? – ele perguntou, me dedicando um singelo aceno de cabeça.
- Muito bem, obrigada. E você?
- Eu vou bem, obrigado. Pronta para ir?
- Claro.
- Por favor – ele disse, se incumbindo de abrir a porta traseira do carro para que eu pudesse entrar.
- Obrigada – agradeci, e deslizei para dentro do carro, me acomodando no confortável banco de couro. Victor fechou a porta, deu a volta no carro, e logo estava posicionado atrás do volante.
- Vamos? – ele perguntou, me olhando pelo espelho retrovisor.
- Sim – confirmei, e o ouvi ditar o endereço como se para confirmar nosso destino. – É esse mesmo – assenti, sorrindo para mim mesma ao constatar sua eficiência e, claro, o cuidado de Simon. Novidade seria se ele não tivesse informado o endereço a Victor. Como diria minha mãe, o homem não era do tipo que dava ponto sem nó.
Observei Victor inclinar-se até o banco do carona, pegar algo e virar-se para trás.
- Aqui – me estendeu um jornal dobrado ao meio. – É o jornal de hoje. Achei que gostaria de lê-lo.
- Ah, sim. Obrigada – disse, e me inclinei para frente, recebendo o jornal de suas mãos.
Comecei a folheá-lo e percebi o carro em movimento, quando Victor deu partida, já ganhando a avenida.
- A senhorita gostaria que eu ligasse o rádio? – Victor perguntou, sem tirar os olhos da rua.
- Oh, não, obrigada. Eu prefiro ir conversando com você – lhe sorri. - Olha, me desculpe por atrapalhar o seu descanso. Eu sei que nesse horário você já costuma estar dormindo. Eu disse ao Simon que não precisava ter pedido para você vir, mas enfim... você o conhece melhor do que eu.
- Imagina, não tem problema. Assim que deixar a senhorita segura em seu trabalho, eu volto para casa e descanso.
- Victor, o Simon acha que é seguro ele passar o dia no hotel, mas eu não estou muito certa sobre isso. Em casa ele está mais protegido, e seguro, e tem você por perto, se precisar. No hotel ele está à mercê de qualquer estranho... eu estou meio preocupada - confessei.
- Fique tranquila, o local é seguro – Victor me tranquilizou, tendo a voz calma. - Eles são muito competentes no que fazem e também um dos melhores hotéis em matéria de acolhida aos vampiros. O Sr. Grant já ficou hospedado lá e nunca teve problemas.
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Meia-noite Sombria
VampirosSegundo volume da série Ao Anoitecer. Sinopse Conhecidos, mas não descobertos. Saídos das sombras, os vampiros firmaram-se como cidadãos na sociedade e provaram que tudo o que era sabido a seu respeito não passavam de lendas. Ou não. Passa...