Que chegue logo uma hora! Que chegue logo uma hora!" – era o meu pensamento, à medida que me aproximava da entrada da casa de Simon.
Esta noite, minha ansiedade tinha alcançado um nível maior do que o normal, e isto estava evidente, enquanto eu me esforçava para segurar o volante do carro com minhas mãos trêmulas e suadas. Hoje, na hora do almoço, eu recusara o convite de Rebeca e Vincent para almoçarmos juntos, dando uma desculpa de que tinha contas a pagar. Foi um pretexto que serviu, única e exclusivamente, para que eu pudesse me dedicar a visitar algumas lojas e procurar por determinados itens que eu esperava que tornassem minha noite com Simon ainda mais especial. Finalmente, após entrar em dois ou três estabelecimentos, encontrei tudo o que buscava. Rosas vermelhas, velas aromáticas, com um delicioso aroma de jasmim, e óleo corporal. Era a primeira vez que eu prepararia um ambiente com todos estes elementos, e, apesar da crescente excitação, devo admitir que sentia um enorme frio na barriga ao imaginar a reação de Simon quando ele chegasse em casa e encontrasse o quarto decorado com as rosas e velas. E se ele não gostasse, o que eu faria? No mínimo, imploraria para que um enorme buraco se abrisse no chão e que a terra me tragasse. De repente, quando olhei para a bolsa que estava sobre o banco do motorista, e que trazia minhas compras, a ideia começou a não me parecer muito atrativa.
Assim que cruzei os enormes portões de ferro trabalhado da entrada da casa de Simon, observei a construção que se elevava imponente, trazendo o segundo andar da casa sombriamente na penumbra e o primeiro andar completamente iluminado. Devagar, contornei a rotatória e segui em direção à garagem. Pela primeira vez utilizei os controles, tanto o do portão de entrada quanto o da garagem, o que foi realmente útil, poupando-me de ter que incomodar Victor, solicitando sua ajuda.
Nunca tinha estado na garagem antes e foi bom ver o quanto era ampla, de forma que meu carro não atrapalharia quando os carros de Simon e Gabriel estivessem em suas vagas. Enquanto estacionava, reparei que na vaga ao meu lado encontrava-se uma bela e potente Harley Davidson.
"Coisa de Gabriel. Só pode ser coisa de Gabriel" – sorri, em pensamento. Possuir uma moto combinava muito mais com o estilo dele, do que com o de Simon, apesar de ter certeza de que ele ficaria muito bem pilotando uma.
Desliguei o motor, lancei a bolsa com os itens sobre um ombro, tomei meu notebook em um braço e a bolsa com minhas roupas no outro, e só então desci do carro. Olhei em volta e avistei uma porta ao lado direito, logo à frente. Ao abri-la, descobri que a mesma dava acesso a um pequeno corredor, que por sua vez levava a cozinha, onde encontrei Victor arrumando algo dentro da geladeira.
- Senhorita, boa noite! – ele saudou, sorrido amplamente, enquanto fechava a porta da geladeira atrás de si.
- Boa noite, Victor. Como vai?
- Muito bem, obrigado. Posso ajudá-la? - ele se ofereceu, estendendo as mãos para alcançar minha bolsa com roupas.
- Valeu. Pode deixar encostada aqui mesmo – apontei para o local perto de uma das cadeiras que faziam conjunto com a bancada da ilha, no centro da cozinha.
- Pois não – ele acomodou-a no chão, e se virou para mim. - A senhorita está com fome? Gostaria de algo?
- Fome não, mas eu estou com um pouco de sede.
- Desejas suco? Água?
- Pode ser água, obrigada – disse, sentando-me em uma das cadeiras. Arrumei minha bolsa e notebook no assento da cadeira ao lado e observei Victor retirar de dentro da geladeira uma jarra com água. Ele buscou por dois copos, dentro do armário de madeira clara, e assim que os achou posicionou um minha frente e outro para ele, servindo-nos em seguida com um pouco de água. - Muito obrigada – lhe agradeci.
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Meia-noite Sombria
VampireSegundo volume da série Ao Anoitecer. Sinopse Conhecidos, mas não descobertos. Saídos das sombras, os vampiros firmaram-se como cidadãos na sociedade e provaram que tudo o que era sabido a seu respeito não passavam de lendas. Ou não. Passa...