Pela manhã, após me arrumar e tomar meu café, precisei tomar um analgésico, antes de sair de casa, pois minha cabeça estava pesada e com uma dor insuportável. Ainda me sentia fatigada pelas tensões do dia anterior. Minha vontade era de voltar para minha cama e me esconder embaixo do edredom durante todo o dia. Quando me encontrava dentro do carro, já pronta para seguir até meu trabalho, hesitei atrás do volante. Liguei o carro, uma, duas vezes, e voltei a desligar o motor. Pela primeira vez, desde que havia sido contratada, senti uma enorme vontade de faltar ao trabalho. Por fim, esfreguei as mãos no rosto, tentando espantar qualquer mal estar, respirei fundo, liguei o carro e finalmente segui meu caminho. Não liguei nenhuma música para me fazer companhia durante o trajeto, hábito que eu havia desenvolvido. Talvez, ouvir uma até ajudasse a levantar o meu humor, mas hoje, definitivamente, eu não estava no espírito para músicas.
O período de aulas da manhã passou rápido. Na hora do almoço, apesar de estar sem muito apetite, acabei aceitando o convite de Rebeca para almoçarmos juntas. Foi a melhor coisa que fiz. Conversamos e rimos muito e, finalmente, pela primeira vez no dia, me senti melhor. Quando caminhávamos de volta a escola, conversando distraídas, passamos perto de uma loja e algo me chamou a atenção.
- Rebeca, espera só um minutinho – fiz um sinal para que ela parasse, e da calçada corri os olhos pelo interior da loja.
- O que foi? – ela quis saber.
- Eu lembrei que preciso fazer uma coisa muito importante e acho que essa loja pode me ajudar. Você pode me esperar só um pouquinho?
- Claro, vamos lá – ela concordou, sorrindo, me acompanhando até o interior do estabelecimento.
Fiquei satisfeita ao descobrir que o local realmente tinha o que eu procurava. Depois de algum tempo, saí de lá feliz, levando comigo o objeto que recentemente havia aprendido que mais do que simplesmente abrir e trancar fechaduras simbolizava também confiança.
Durante o período da tarde, cruzei com Nicole algumas vezes no corredor. Para a minha surpresa, ao me avistar, ela não lançou nenhum olhar torto ou estranho, ou qualquer sorriso irônico. Na verdade, ela pareceu desconcertada. Quando o sinal soou, indicando o fim da última aula, me despedi dos alunos. A caminho da saída, ouvi meu celular tocar.
- Oi?
- Ei, meu bem! Como você está? – Emily perguntou, animada.
- Ei, sumida. Quais as novidades? – devolvi-lhe a pergunta.
- Então, eu queria conversar um pouquinho, sabe? Sobre o Gabriel. Você está muito ocupada, agora?
- Não, tudo bem. Eu estou saindo da escola agora. Você quer conversar por telefone mesmo ou pessoalmente? – perguntei, atravessando a rua em direção ao meu carro.
- De preferência, pessoalmente – ouvi seu sorriso do outro lado da linha.
- Tá, tudo bem. Eu só preciso dar uma passadinha no mercado, para comprar algumas coisas que estão faltando lá em casa. Você quer que eu vá à sua casa depois?
- Na verdade, eu também preciso fazer algumas compras. A gente podia ir junto – sugeriu.
- Por mim tudo bem. Você quer uma carona?
- Seria ótimo.
- Beleza. Eu chego aí em cinco minutinhos.
- Ok. Beijo.
- Beijo – me despedi, e assim que desliguei o telefone, saí com o carro em direção à escola onde Emily trabalha.
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Meia-noite Sombria
VampireSegundo volume da série Ao Anoitecer. Sinopse Conhecidos, mas não descobertos. Saídos das sombras, os vampiros firmaram-se como cidadãos na sociedade e provaram que tudo o que era sabido a seu respeito não passavam de lendas. Ou não. Passa...