Capítulo 19

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Oh, não! Não! Gabriel, por favor, me ajuda! – roguei, sustentando o olhar vazio de Simon, que me observava sem nenhuma reação. Seu rosto me pareceu ainda mais pálido do que o habitual.

Rapidamente, Gabriel nos alcançou e se ajoelhou ao meu lado.

- Irmão, olha pra mim – ele pediu, tocando um ombro de Simon, que desviou o olhar de mim para Gabriel.

- Quem é você? – Simon perguntou, franzindo o cenho.

De repente, antes que Gabriel pudesse responder, as presas de Simon tornaram-se aparentes e ele grunhiu, saltando sobre Gabriel, que caiu de costas contra o chão.

- Simon, não! Não! – gritei, tentando puxá-lo pelos ombros para que ele saísse de cima de Gabriel, mas foi inútil. - Dixon! – chamei alarmada, sem saber se seria atendida, pois o vampiro olhava fixamente para o corpo do irmão morto no chão.

Sempre imaginei que quando exterminados os corpos dos vampiros se desintegrassem. Mas, pelo menos nesta circunstância de morte, o corpo de Roy permaneceu íntegro. Ou quase isso. Passado alguns minutos desde que fora ferido e morto, Roy sangrara intensamente e agora tinha um aspecto como o de algumas múmias. Murcho, deformado e com o corpo todo retorcido. Era uma visão perturbadora.

- O que você é?! – Simon grunhiu, com as duas mãos em torno do pescoço de Gabriel, que se debatia, tentando se libertar.

- Solte-me! – Gabriel gritou, batendo nos braços de Simon.

- Simon, por favor, se acalme! – lhe implorei, tentando empurrá-lo para longe de Gabriel.

Dixon, finalmente, surgiu por trás de Simon e fez um esforço evidente ao dá-lhe um mata leão, afastando-o ligeiramente de Gabriel, o suficiente apenas para que este se desvencilhasse e se levantasse com um impulso. Assim que viu Gabriel livre, Dixon liberou Simon.

- Quem é você?! – Simon perguntou novamente, grunhindo para Gabriel. - Quem são vocês?!

- Se acalme, Simon – Gabriel pediu, erguendo as mãos.

- Por que ambos me chamam assim?! De Simon?!

- Porque este é o seu nome, querido – lhe disse, dando um passo em sua direção, mas ele retrocedeu dois.

- Que lugar é esse? – ele inquiriu, olhando ao redor.

- Este lugar te pertence, Simon. Você é o dono daqui – Gabriel lhe informou, cautelosamente.

- Eu? – Simon perguntou, estreitando os olhos.

- Isso, irmão. Você se lembra de alguma coisa? Qualquer coisa?

- Eu-eu não sei. Tudo está... – Simon olhou em volta, como se tentasse compreender o que estava acontecendo. - Eu não consigo explicar. Eu... sinto uma dor insuportável aqui dentro... – ele levou uma mão ao peito - ...e minha cabeça parece que vai se romper. O que há de errado comigo?

- É uma longa história, meu irmão. Venha, eu vou levá-lo para casa e lhe contarei tudo – Gabriel ergueu uma mão, convidando Simon a segui-lo, mas ele retrocedeu mais alguns passos, tomando distância de nós.

- Afaste-se, pois não irei com você – ele ergueu um dedo, em advertência. - Cheiras a morte, homem, e nem ao menos sei quem é. Ou o que é – acrescentou, desconfiado.

- Eu sou igual a você, Simon. Um vampiro – Gabriel informou.

- Vampiro? – Simon repetiu, e guardou silêncio por um tempo. Talvez estivesse procurando no que lhe restava da memória por algo que pudesse lhe trazer significado ao termo. - Não me soa como sendo algo bom – ele disse, depois de alguns segundos.

Meia-noite SombriaWhere stories live. Discover now