A quinta-feira foi uma delícia de se aproveitar. O dia estava maravilhosamente ensolarado e, graças ao meu belo vampiro, meu humor estava renovado, meu apetite tinha voltado e o dia de trabalho foi um dos mais agradáveis da semana. No decorrer da manhã, Sara entrou em contato perguntando se quando saísse do trabalho poderia passar em minha casa para buscar o vestido que usaria no casamento de sua vizinha, Rachel. Concordei, e ela ficou de aparecer por volta das sete da noite. À tarde, as horas pareceram voar. Quando me dei conta, havia anoitecido e tínhamos chegado ao final de mais um dia de expediente.
Cheguei em casa, tomei meu banho e, enquanto preparava meu lanche, recebi uma ligação de Simon. Parece que a semana estava sendo agitada, devido a intensa movimentação de clientes no clube, e essa noite, mais do que nunca, Gabriel e ele precisavam que tudo corresse bem, pois receberiam o comissário do conselho vampírico de Nova York para uma visita, aparentemente, informal. Era possível que ele permanecesse no clube até que este fechasse e, por cordialidade, Simon e Gabriel disponibilizaram a casa para que ele descansasse durante o período do dia. Ambos acreditavam que a viagem de volta à Nova York seria mais segura se fosse realizada no dia seguinte, assim que anoitecesse. Até onde era sabido, vampiros não eram seres muito sociais, mas costumavam ser extremamente civilizados e cheios de formalidades quando se encontravam. Daí o cuidado de Simon e Gabriel ao receber o irmão de raça.
Dada a situação, Simon ficaria bastante ocupado e não poderia passar para me ver hoje e, possivelmente, não nos encontraríamos, até que o comissário embarcasse de volta. Com isso, ele sugeriu, então, que na sexta-feira à noite, enquanto estivesse atendendo ao companheiro de raça, eu separasse algumas roupas numa bolsa e fosse para a sua casa. Ele me encontraria assim que pudesse e passaríamos o final de semana juntos. Concordei, prontamente, pois minhas ressalvas eram apenas quanto aos dias de semana, quando eu tinha que acordar cedo no dia seguinte para trabalhar.
Despedimo-nos, e resolvi entrar na internet, enquanto comia meu lanche e esperava por Sara. Sentei no sofá e apoiei o notebook sobre ambas as coxas. Assim que abri meu e-mail encontrei uma mensagem de Daniel, meu irmão, na caixa de entrada. Quando a abri, ele dizia que estaria online e que, quando eu chegasse do trabalho, era para entrar em contato, pois precisávamos conversar. Enquanto ligava o aplicativo da web can, lhe respondi ao e-mail dizendo que já estava em casa. Quando entrei online, ele me chamou e a imagem de um Daniel descamisado apareceu.
- Fala maninha! – ele saudou, abrindo um sorriso de orelha a orelha.
O que eu tinha de parecida fisicamente com a nossa mãe, Daniel tinha de parecido com o nosso pai, com seus olhos azuis e cabelos em tom de castanho claro. Com 1,85m de altura, forte e saudável, ele era, de fato, um homem muito bonito e sua personalidade cativante só o tornava uma pessoa ainda mais agradável. Identifiquei que ele estava em seu quarto, pois na parede ao fundo se fazia visível uma bela guitarra preta pendurada por um suporte. Algo que eu tinha visto pessoalmente quando em visita ao Brasil. Ele era apaixonado pelo instrumento, mas a verdade era que não o sabia tocar. Mas achava que sim. Em suas tentativas de tocá-lo, ele conseguia produzir, no máximo, alguns ruídos que ecoavam pela casa, fazendo nossos ouvidos doerem, e raramente alguma melodia realmente harmoniosa.
- Fala, Daniel, "cara de pastel" – provoquei, soltando uma gargalhada.
- É, sua pirralha, se eu estivesse aí ia te dar um cascudo – brincou.
- D.U.V.I.D.OOOO.
- Deixa estar. Eu vou guardar um cascudo ultra, mega, power, blaster, pra te dar quando te encontrar – ameaçou, sorrindo.
Lancei a cabeça para trás, e soltei uma gargalhada em resposta a sua ameaça.
- Quero só ver. Eu vou chamar o pai e ele não vai deixar – disse, e lhe fiz uma careta.
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Meia-noite Sombria
VampiriSegundo volume da série Ao Anoitecer. Sinopse Conhecidos, mas não descobertos. Saídos das sombras, os vampiros firmaram-se como cidadãos na sociedade e provaram que tudo o que era sabido a seu respeito não passavam de lendas. Ou não. Passa...