Harry sentou-se e o baloiço rangeu. Estava frio mas o vento soprava calmamente apesar das horas tardias. Niall nada disse nem fez qualquer movimento. Apenas continuou a raspar os seus ténis levemente na areia rija como anteriormente. Harry não conhecia aquele parque, nem sabia que Niall gostava de lá estar, mas sentia-se feliz por poder conhecer mais um pedaço de quem ele realmente é. Harry balançou-se ligeiramente, fazendo o baloiço começar a movimentar-se, gostava de sentir o vento no cabelo.
- Porque é que não disseste logo? – Harry murmurou, fazendo Niall olhá-lo. Estava confuso. – Que não queres ser médico.
Niall fez silêncio.
- Mas eu quero. – Murmurou de olhar novamente pousado nas suas pernas.
- Não. Ele quer. – Harry corrigiu-o, deixando de balançar tanto para conseguir ter uma conversa minimamente mais séria.
- A sério Harry é melhor se não te meteres nisto. – Niall disse, não querendo continuar aquela conversa.
- Okay. – Harry concordou, começando a balançar mais uma vez, mas lentamente.
- Porque é que vieste? Está frio e é tarde. Devias ir para casa.
- Já fizeste essa cena a semana passada Neil, não a repitas. Eu não vou a lado nenhum.
O olhar verdejante de Harry estava distante, embora ele se sentisse tão perto de Niall como nunca antes tinha conseguido estar. Niall parecia sentir o mesmo, embora não quisesse admiti-lo. Não gostava de se entregar às pessoas, de deixá-las conhecê-lo. As poucas que o haviam feito, tinham deixado demasiados estragos.
- Obrigado. – Niall olhou-o e sorriu ligeiramente, pressionando os pés também contra o chão para se impulsionar de forma a baloiçar.
Mais uma pausa acabou por se prolongar entre os dois amigos que baloiçavam suavemente embalados pelos rangidos agudos dos baloiços ferrugentos. Nenhum deles sabia o que dizer, ou talvez apenas não soubessem como dizê-lo.
- O que querias dizer? – Harry perguntou hesitante, evitando cruzar o seu olhar com o de Niall.
- Hum?
- Antes de saíres. Não terminaste a tua frase. O que querias dizer?
Niall calou-se e baixou a cabeça. Embora não se visse devido à escuridão, temia que Harry se apercebesse da vermelhidão nas suas bochechas. Sentiu-se ferver com as suas palavras e não queria responder à pergunta colocada.
- Não me lembro. – Mentiu encolhendo os ombros.
- Oh okay. – Mais silêncio regressou ao parque abandonado.
Foi então que se ouviram vozes ecoar pela rua, parecia o pai de Niall acompanhado por uma voz masculina e uma outra masculina. Deviam ser os pais de Amelia.
- Não tens de voltar para casa? – Niall perguntou pouco depois, tentando esquecer que estavam à sua procura.
- Se quiseres posso ficar mais um pouco. – Harry sugeriu com um sorriso prestável e Niall sorriu de volta quando o seu olhar se enquadrou com o dele.
- Ah deixa. – Ele manteve o seu sorriso, mostrando apreciar a disponibilidade dele. – Mais um pouco e estão a ir à polícia à minha procura. – Harry riu e o sorriso de Niall abriu mais um pouco, sentindo-se contagiado pelo som doce do riso do rapaz no baloiço ao seu lado.
- Vamos então.
Harry levantou-se seguido de Niall que caminhava silenciosamente ao seu lado. Harry perguntava-se se teria feito bem em não ter insistido com Niall para que dissesse ao pai o que queria realmente fazer quanto ao seu futuro, mas tentou então imaginar-se na mesma situação. Era de facto um tema desconfortável de conversa.
- Até amanhã. – Niall disse com um sorriso iluminado apenas pela luz da lua cheia.
Harry sorriu e assentiu, virando-se para entrar em casa. Colocou a chave na fechadura e foi então que se virou para trás, avistando Niall ainda relativamente perto embora se afastasse mais a cada segundo.
- Hey Neil – Ele chamou, aproximando-se dele. Niall virou-se para o encarar, confuso. – Eu também só quero saber de uma pessoa.
Harry sorriu e virou costas pouco depois, voltando para a entrada de sua casa. Abriu a porta e entrou, sentindo o seu coração bater tão fortemente no seu peito como se estivesse mais perto de explodir a cada segundo que passava.
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Hide It. » n.s.
Fanfiction"Promete que não te vais apaixonar por mim Neil." "Eu nem te conheço otário, cala a boca."