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Capítulo 4 - "Porque é que não gostas de rir?"

Continuei o meu caminho pela rua molhada da chuva do dia anterior. Conseguia ver o meu reflexo nas montras ao meu lado à medida que passava. Guardei os meus fones na mochila preta e enterrei as mãos nos bolsos tentando mantê-las minimamente quentes. Ao fundo avistei a linda rapariga alta que fazia sempre o meu coração bater mais depressa e apressei-me a chegar até ela. A minha expressão continuava séria, embora um sorriso ligeiro se tentasse formar na minha face para recompensar a boa disposição com que ela me recebia sempre.

- Bom dia meu amor. – Murmurei ao chegar junto dela e pressionei os meus lábios contra os dela.

- Bom dia, como estás? – Perguntou sorridente como sempre.

- Bem. – Agarrei a sua mão e continuámos o nosso caminho até à escola. – E tu?

- Ótima. – Eu esbocei um sorriso de satisfação por ouvir as suas palavras e ela sorriu de volta mostrando o seu sorriso perfeitamente alinhado. – Devias sorrir mais sabes?

Eu baixei a cabeça por segundos e voltei então a encará-la. – Sei. – Murmurei vendo-me obrigado a dar-lhe razão.

Ela apertou a minha mão com força tentando dar-me mais confiança, sem sucesso. Aproximámo-nos da portaria e entrámos no edifício pouco depois, sendo que ainda faltavam alguns minutos para que tivéssemos que nos separar novamente.

- Queria poder passar os dias inteiros contigo. – Confessei enrolando os meus braços à sua volta e senti-a sorrir contra a pele do meu pescoço.

- Também eu. – Sussurrou apertando-me com força de volta.

Mantivemo-nos abraçados e conseguia sentir a temperatura do meu calor aumentar, o que era tudo o que eu queria com aquele frio que gelava qualquer um. Sinceramente não sei o que alguém como a Barbara viu em mim, mas fico feliz por o ter visto e estar comigo neste preciso momento apesar do meu feitio e a minha bipolaridade. Tenho perfeita noção do quão sortudo sou e, para ser honesto, todos os dias temo o dia em que outra pessoa vai aparecer e roubar o brilho nos seus olhos dias. O dia em que alguém a vai tirar de mim.

- Em que estás a pensar? – Barbara falou, interrompendo os meus pensamentos e beijou-me rapidamente, sorrindo de seguida, alegre como sempre.

- Em ti. – Sussurrei com um sorriso esbatido e ela esboçou o sorriso envergonhado que guardava para quando eu a elogiava ou dizia coisas deste género. Era das características nela que mais adorava. – Em como és linda e em como eu te amo tanto.

- Também te amo.

Eu sorri e colei os nossos lábios juntos uma última vez antes de sermos interrompidos pela campainha que marcava o início das aulas. Suspirei e o meu sorriso desapareceu mas Barbara logo se apressou a esticar as minhas bochechas com os seus indicadores, formando um sorriso na minha face, tentando animar-me.

- Vemo-nos mais tarde. – Ela disse abraçando-me.

- Até logo. – Lentamente separei a minha mão da dela e desapareci por entre o corredor longo em que ia ter aula.

Caminhei até ao fundo do mesmo com as minhas mãos novamente enterradas nos bolsos e cheguei por fim à minha sala, encontrando vários dos otários da minha turma. Encostei-me à parede junto da porta e dirigi o olhar ao teto, evitando contacto visual com quem quer que fosse para que não tivesse de lhes falar.

- Bom dia. – Uma voz fez-se soar mostrando a única pessoa que se dignara a falar-me.

Baixei o olhar e avistei o Harry que me olhava com um sorriso ingénuo como habitual.