Capítulo 21 - "Apenas quero poder ouvir-te."

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Meself: Harry?

Haz: O gostoso chegou.

Haz: Que se passa?

Meself: Gostoso e iludido como sempre né?

Haz: Já faz parte.

Meself: Posso ligar-te?

Haz: Agora? Porquê?

Haz: É tarde, estão todos a dormir por aqui. Iria acordá-los.

Meself: Por favor

Haz: Mas o que se passa? Conta-me

Meself: Apenas quero poder ouvir-te.

Haz: Liga

- Uhm Harry?

- Estou aqui... - Harry sussurrou com cuidado para que ninguém o ouvisse.

- Discuti com o meu pai outra vez. – Niall desabafou de voz baixa e Harry manteve o silêncio, não sabia o que dizer e não podia falar muito. – Estou a tentar perceber o que se passa comigo mas ele não parece interessado em aceitar sequer que se passa algo.

- Aham – Harry murmurou para que Niall percebesse que ele ainda o estava a ouvir.

- É estranho. – Niall disse, calando-se de seguida. – Tal como foi estranha a forma como lidei com a traição da Barbara.

- Estranho? – Harry murmurou confuso.

- Tudo tem estado estranho – Niall hesitou, mas acabou por falar. – Desde que tu apareceste.

Harry ficou em silêncio e trancou a respiração, absolutamente surpreendido com o que ouvira, embora soubesse que podia estar a interpretar mal o que lhe era dito.

- Já nos conhecemos há oito meses. – Harry começou.

- Sim.

- Tenho algo para te dizer. Algo muito importante. – Harry disse lentamente com a sua voz rouca a arrastar-se pela sua garganta em sussurros enquanto ele permanecia deitado na cama com a cabeça enterrada na almofada.

- Diz – Niall pediu também de voz baixa.

Harry ficou em silêncio, hesitou e fechou os olhos mas acabou por inspirar em fundo e as palavras fluíram pelos seus lábios como se tudo estivesse estranhamente certo.

- És o meu melhor amigo Neil. Sempre tive curiosidade acerca de quem eras realmente por detrás de todos os insultos e desprezo que davas. – Os risos doces de Niall foram percetíveis do outro lado, o que deixou Harry mais tranquilo e com um sorriso. – Ter sido obrigado a sentar-me contigo nas aulas foi o melhor que me podia ter acontecido. Foste a pessoa em quem mais valeu a pena investir tanto tempo, tanta paciência e persistência. – Harry parou e as suas mãos tremiam, embora os sussurros continuassem a escorregar da sua boca facilmente. – És a pessoa mais importante da minha vida e agora eu sei isso. Foi difícil aceitar que algo se passava dentro de mim, algo diferente, algo que não é suposto acontecer... Mas eu não posso negá-lo. Eu quero poder abraçar-te diante de todos na escola, na rua, em todo o lado. Quero poder gritar ao mundo que – Harry parou e inspirou fundo. – Que te am

Nesse momento a última palavra de Harry foi cortada pelo toque do telemóvel. Não entendi o que se estava a passar. O toque estridente irrompeu pelo seu ouvido que ainda estava encostado ao dispositivo. Olhou para o ecrã e viu o nome de Niall escrito, atendendo de seguida.

- Estou? – Niall falou do outro lado. – Fiquei sem rede, estava a passar num túnel.

Harry calou-se. A sua garganta estava seca e os seus movimentos congelados.

- Harry? Estás aí? – Harry não respondeu. Não conseguia.

- Então não ouviste nada do que eu disse?

- Oh disseste alguma coisa depois de referires o desprezo que eu dava às pessoas?

Harry fechou os olhos com força e as lágrimas secaram ainda nos seus olhos verdes.

- Não. Nada. – A sua voz estava mais rouca do que o normal depois das lágrimas ameaçarem os seus olhos.

- Não devia estar a chatear-te. Desculpa. Já fizeste mais que suficiente, obrigado por tudo Harreh, falamos antes amanhã, é melhor.

- Uhum. – Harry murmurou, concordando.

Niall desligou deixando Harry apenas com a companhia dos "bips" que soavam intermitentemente até que nem isso se fez soar no seu quarto. Pousou o telemóvel ao seu lado lentamente e suspirou, pensando em como otário estava a ser por estar prestes a dizer algo assim ao Niall. Ele tinha apenas que arranjar forma de contornar aquilo que andava a sentir. Talvez fosse apenas uma fase. Tem dezoito anos, é normal que dúvidas surjam, ele tinha apenas de se manter focado no que era e queria ser e tudo correria bem. E largar aquele estúpido livro.

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