Capítulo 43 - "Até merecias um abraço."

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Vi Neil aproximar-se de mim e logo um sorriso apareceu no meu rosto. Calmo e perdido ao mesmo tempo. Era cada vez mais difícil focá-lo devido aos cabelos que voavam contra a minha cara empurrados pelo vento revoltoso e gelado. As minhas mãos estavam escondidas nos meus bolsos enquanto o esperava.

- Conseguiste?

Ele assentiu e esboçou um sorriso leve e ao mesmo tempo nervoso, e segundos depois os meus braços estavam a envolve-lo num abraço aconchegante e quente.

- Pronto, pronto, já te avisei de que cheiras mal.

Não consegui segurar os risos que irromperam pela minha garganta assim que ouvi as suas palavras e então afastei-me e fiquei apenas a observar o rapaz loiro que recentemente se tornara uma das partes mais importantes da minha vida.

- Gosto tanto de ti. – Murmurei com o mesmo sorriso apaixonado de antes, e ele apenas franziu o sobrolho.

- Eu acabei de dizer que cheiras mal. – Ele reforçou, para ter a certeza de que eu estava a ouvi-lo, pois certamente não entendia a minha aleatória confissão.

- E eu acabei de dizer que gosto de ti.

Um sorriso aparece nos seus lábios à medida que as suas bochechas antes pálidas se deixam invadir por tons rosados.

- Até merecias um abraço. – Ele murmurou segundos depois e eu sorri e aproximei-me com os braços abertos para o envolver. Foi então que o loiro espalmou a sua mão contra o meu peito e me impediu de avançar. – Mas continuas a cheirar mal.

Um sorriso divertido controlou a minha expressão facial e eu apenas dei um beijo na sua bochecha e tirei dos seus ombros a pesada mochila que ele carregava consigo. Coloquei-a nas costas e sorri.

- Vamos?

Neil segurou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos de uma só vez.

- Vamos.

Ele foi-me puxando para fora do estacionamento junto à praia onde estávamos e eu limitei-me a segui-lo sem fazer demasiadas perguntas. Alguns olhares e sorrisos eram trocados entre nós enquanto andávamos.

Algum tempo depois chegámos até uma zona afastada de tudo, separada das restantes casas que antes nos rodeavam. Continuei atrás dele e então parámos à frente de uma pequena cabana de madeira.

- Que sítio é este? – Franzi o cenho perante o aspeto deplorável do lugar e Neil olhou-me

- Um sítio onde não vão encontrar-nos. – Ele murmurou e baixou a cabeça para encarar as nossas mãos juntas, e então senti o seu polegar acariciar a minha pele.

Sorri e assenti, e então o loiro puxou-me para a porta. Abriu-a e foi-nos então revelada um interior desmobilado e decadente. Olhei em volta e o chão rangeu com os meus avanços.

Neil soltou a minha mão e recuou para fechar a porta. Tirei a mochila dos ombros e pousei-a no chão a um canto.

- Não é uma suíte de luxo num hotel cinco estrelas – Aproximei-me dele e segurei ambas as suas mãos com um sorriso leve, encarando-as enquanto as acariciava. – É pequeno e empoeirado. – Sussurrei e então levantei o meu olhar até encontrar o dele. – Mas de alguma forma, é perfeito.

Neil olhou-me e riu.

- Otário.

Ele disse e segurou o meu rosto com ambas as mãos, então encaixando os nossos lábios entreabertos num selo delicado e carinhoso. Pousei as minhas mãos por cima dos seus pulsos e sorri contra os seus lábios.

- Eu preciso que saibas que eu faria qualquer coisa para poder estar contigo. – Sussurrei com a voz falha e Neil olhou-me com as nossas testas encostadas e as suas mãos ainda a acariciar a minha face.

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