(Anahí)
– Diga-me, filha!
– Não mãe! Não voltei com Alfonso, não mesmo!
– Então o que fazia na frente do trabalho dele? Eu a vi, Anahí. Não menospreze minha inteligência.
– Fui levar umas coisas que ele deixou em casa. Apenas isso.
Minha mãe continuou olhando-me da maneira exata para me deixar com peso na consciência. Mas eu não podia simplesmente lançar a verdade para ela: "Mãe, eu agora sou amante do meu ex-marido" Não que na verdade eu fosse, afinal, ainda éramos casados. Então se existia uma amante não era eu. Mas, considerando o fato que Elizabeth é quem morava com ele, aquela que dividia a cama com ele todos os dias e com quem ele tinha dois filhos e até um lindo cachorro. Eu não passava da amante.
Eu não contava a verdade para minha mãe não apenas porque não tinha uma relação intima o suficiente com ela e sim porque me sentia bastante envergonhada. Obviamente a vergonha maior deveria ser de Alfonso, apenas deveria. Pois a situação parecia bastante cômoda para ele.
– E desde quando você precisa mandar encomendas para seu ex-marido infiel? – Minha mãe fuzilou-me com o olhar.
Infiel.
Infidelidade era a minha desculpa oficial. Minha família, meus amigos em comum com Alfonso. Todos eles acreditavam na mesma história. Poncho tinha uma amante. E tudo isso porque achei que seria menos humilhante admitir isso do que a verdade de fato. Ela já me torturava o suficiente, não precisava fazer isso com as outras pessoas.
– Eu sei, querida. Você é uma mulher adulta e não me deve satisfações. – Minha mãe voltou a falar vendo que eu não responderia mais nada. – Se quiser voltar com seu marido, preservar seu casamento eu não vou me opor. A decisão é sua.
Os olhos da minha mãe encontraram-se com os meus. E pela primeira vez senti vontade de compartilhar o torvelinho de emoções que eu estava vivendo. Pois obviamente, ver Poncho em meus pés, a mercê de todas as minhas vontades era algo gratificante. O início da minha vingança, porém a história tinha dois lados. A satisfação e também o desespero e a dor que ameaçavam-me constantemente. Cada dia era uma vitória a mais, porém cada proximidade com Alfonso me destruía.
– Não tem volta, mãe. – Falei incisiva.
– Não acha que seria bom você deixar de vê-lo então, querida? – A voz adocicada de minha mãe, surtiu o mesmo efeito que um tapa. – Você não está bem. Notavelmente. Estou preocupada.
– Pois não fique, sei o que estou fazendo. – Tentei deixar bem claro que queria que a conversa acabasse ali.
E foi justamente o que aconteceu, pois tive que atender uma ligação do escritório onde eu estava trabalhando. Passei o tempo todo em meu quarto, na extensão de lá. Falando com minha patroa. E dando graças a Deus por ela ter ligado justamente aquele momento. Tudo o que eu mais precisava era livrar-me de minha mãe por uns minutos.
Que foram só minutos mesmo, pois quando voltei a sala ela ainda estava lá. Enfiada no meio das almofadas, respirando sonoramente e fuzilava-me com o olhar. Porém o que me assustou de verdade foram suas mãos. Pois estavam com meu celular entre elas.
– Essa situação vai destruí-la, Anahí!
– O que? – Fiz-me de desentendida tentando ganhar tempo. Enquanto tirava com urgência o celular das mãos de minha mãe.
E como esperado o que vi ali provavelmente havia chocado minha mãe. Era uma mensagem de texto. De Poncho, claro.
"Adorei nossa manhã juntos. Você deveria fazer mais surpresas como esta. Te amo!"
Amaldiçoei-o em pensamentos. Era sempre assim Alfonso sempre agia como se tudo estivesse bem. Como se nossa vida continuasse como sempre tinha sido. Coisa que me obrigava a pensar se eu não estava desperdiçando tempo, oxigênio e lágrimas no meu projeto fajuto de causar alguma dor em meu ex-marido. Ele sempre diminuía-me, mesmo que essa não fosse a sua intenção. Ou quem sabe a intenção era justamente essa. Eu não saberia dizer, já não conhecia Alfonso.
– Anahí? Quer conversar sobre isso? – Minha mãe levantou-se do sofá, encarando-me séria.
– Não tem necessidade. Alfonso está apegado a uma possível volta que não existe. – completei desinteressada.
– Então porque está vendo-o, Anahi? Tem algo muito mal contado nessa história toda. Antes eram um casal apaixonado e do nada tudo isso muda.
– Do nada não! – falei mais agressiva do que pretendia. – Eu descobri que meu marido dormia com outra mulher!
x-x-x
Ansiosas por saber mais sobre a vingança da Anahi?
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Acasos II
FanfictionContinuação estendida da mini Acasos. Nas mãos de um vigarista ficou esperança, Coração e sonhos destruídos. Deixados para trás por um indivíduo, Que não fez valer meus sacrifícios. Me deixando sozinha e levando consigo Minha maior virtude: Crer na...