Oitavo

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(Anahí)

– Onde foi que você aprendeu a fazer drinks tão bem? – beberiquei mais um gole do drink de whisky que Pablo havia preparado.

– Não aprendi, Annie. Apenas fui tentando e descobri algumas coisas. – Ele sorriu zombeteiro – É melhor do que apenas whisky, nunca entendi como Poncho conseguia tomar essa coisa.

Pablo estava ao meu portão quando cheguei do meu café com Elizabeth. Mesmo hesitante chamei-o para entrar. Eu estava realmente disposta a ter um momento de trégua, com pelo menos um Herrera.

Após abrir a geladeira, muito à vontade. Pablo começou a reclamar sobre a falta de cerveja e a questionar o gosto de Poncho sobre bebidas alcoólicas. O que me deixou atônita. Mesmo assim dividimos a pequena mesa de jantar com nossos drinks nas mãos. Me senti uma convidada em minha própria casa.

– Annie? – Eu apenas procurei o olhar de Pablo, distraída – Vamos fazer um acordo? – Eu gargalhei, derramando umas gotas do drink na mesa. Provocando uma nova onda de risadas em ambos. – Promete que hoje não vamos terminar essa noite com suas lágrimas? – Ele arqueou os cenhos, olhando-me bem nos olhos, tão intenso! O clima perdeu todo o humor, ganhando um ar muito mais tenso.

– Pablo – hesitei, tomando uma imensa baforada de ar, buscando coragem para levar a conversa para um terreno mais íngreme – eu sei que não estou sendo justa com você. Mas, para mim foi bastante difícil descobrir que eu era a única enganada.

– Elizabeth também. – Comentou enquanto entornava todo o conteúdo da taça.

Tamborilei os dedos em cima da mesa, olhando fixamente para a borda da minha própria taça. Tentando inutilmente controlar os meus batimentos cardíacos que aceleraram drasticamente com o simples mencionar do casamento de Alfonso. O outro casamento.

– E as crianças também, se bem que eles são tão pequenos para entender, não é?

Levantei os olhos, estreitando-os. Mostrando a Pablo claramente o meu descontentamento. Estava começando a achar que a menção da família de Alfonso estava sendo feita unicamente para irritar-me.

– A sua família, e a família dela também. – Ele riu, desafiando-me

Sem responder, beberiquei o drink até o final, não perdendo em nenhum momento o contato visual com Pablo. Os lábios ainda estavam arqueados em um meio sorriso, porém, os olhos permaneciam fixos, emoldurados quase com perfeição pelas espessas pestanas negras. Um leve rubor já tinha tomado conta das maças do rosto pronunciadas. Percebi tardiamente que ele havia perdido a sucinta inocência adolescente que ele tivera outrora.

– E todos os seus amigos que estavam no casamento. – Ele encostou-se relaxado na cadeira, o sorriso lateral fixo em seus lábios. Não havia alegria nenhuma ali. – Me diverti demais aquele dia!

– Saia da minha casa! – Exausta em falei mais alto que seria necessário para alguém que estava tão perto. – Saí daqui! – Levantei da cadeira, empurrando-o em seguida, completamente descontrolada.

Pablo teve que levantar, antes que eu o derrubasse da cadeira. Porém isso me deixou em extremamente desvantagem pois ele era muito mais alto do que eu, e pude notar pela forma que ele agarrou meus braços, um tanto quanto rude que ele também escondia com maestria uma quantidade significativa de músculos nos moletons largos. Continuei empurrando ele com o corpo, com uma tentativa incerta de bota-lo porta a fora, mas não movíamos um centímetro sequer. Pois, a tentativa dele de conter-me era muito mais exitosa.

– Porque está fazendo isso infeliz? – Questionei esganiçada – Você é tão podre quanto seu irmão!

– Estou farto dessa comparação, se existe alguém aqui que o imita com perfeição. Esse alguém é você!

Meu corpo todo convulsionava devido ao estado de irritação. Consegui com dificuldade livrar uma das mãos do aperto de aço de Pablo e com ela comecei a socar qualquer local onde eu alcançava, com uma força descomunal, devido a minha ira. Pablo arfava sonoramente e seguia detendo-me, cada vez mais irritado. Pude notar pela expressão facial dele, os lábios formaram uma linha fina e as sobrancelhas uniram-se com tanta força, como se pudessem fundir em apenas uma.

A minha observação durou pouco tempo, pois senti os lábios de Pablo apossando-se dos meus, o toque fora rude. E a mão que ele levou em minha nuca, para deter-me causou um latejar desconfortável. Devido a força desnecessária que ele usava ali.

Permaneci com meus lábios cerrados e os olhos bem abertos, de encontro com o dele, que não fechou em nenhum momento. Nada naquele beijo poderia ser considerado romântico. Mas a forma como nossos corpos lutavam um contra o outro estava ficando bastante erótica. Minhas mãos estavam livres, Pablo agora detinha apenas o meu corpo, colado com o dele. E parecia não se importar mais, com os meus tapas e empurrões. Agarrei com firmeza o cabelo espesso de Pablo em uma tentativa desesperada de livrar-me do beijo indesejado. Em resposta ele abriu espaço com a língua entre meus lábios, com rispidez.

Fechei os olhos mais ou menos no momento em que afastei meus lábios com cautela, permitindo a livre passagem da língua quente dele contra a minha.


x.x.x

Estou muito assídua não estou? Fiquei animada com os surtos de vocês no post passado. No próximo tem reencontro AyA, quais são as expectativas? 

Acasos IIOnde histórias criam vida. Descubra agora