Quinto

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(Poncho)

Cinco imensos cinco dias sem notícias de Anahí. Ela não tivera o mínimo de delicadeza de me avisar se ao menos estava viva. Por isso eu tomara a atitude impensada de procura-la na casa em que morávamos. Eu sabia que ela não permitiria a minha entrada, mas mesmo assim se eu tivesse sorte, quem sabe poderia falar com ela, ao menos por telefone. Para minha surpresa, porém a duas quadras de distância do condomínio onde eu morava com Annie, eu a avistei. Caminhando apressada junto com Dulce, uma vizinha de condomínio, que já tinha sido casada três vezes. Não a julgava boa companhia para Anahí. As duas dividiam o mesmo guarda-chuva, de braços dados. Porém o pequeno pedaço de tecido não era eficaz para a quantidade de chuva que caia.

– Entre, Anahí. – Disse abrindo o vidro, bem quando passava ao lado dela.

– Nem que me pague! – Ela continuou com a caminhada sem nem mesmo me olhar.

– Deixe de ser teimosa, Anahí. Está toda molhada.

– Entre, Dul. – Ela abriu a porta do carona para a mulher que antes ela dizia que era uma vagabunda e agora chamava de "Dul". Dul. Anahí sentou-se no banco de trás.

Quando estacionei o carro na frente do condomínio, Anahí apenas gritou um "obrigada" e já foi abrindo a porta.

– Vamos conversar. – Não foi uma pergunta. Deixei isso bem claro em minha entoação.

– Não mesmo.

Depois de alguns minutos de silencio, Dulce pronunciou-se.

– Tudo bem, acho que sobrei.

Anahí saiu do carro junto com ela e antes que pudesse impedir eu sai do carro também e agarrei-a pelo braço. A chuva era forte, anuviava minha visão, ensopando-nos. Nem mesmo assim soltei-a, mesmo com os protestos dela, não movi minha mão que estava cerrada no braço delgado.

– O que raios ainda quer comigo, Alfonso?

– Querida, não seja tão dura. Senti saudades. – Com a mão livre segurei o rosto primoroso de Anahí com verdadeira adoração.

(Anahí)

Senti o toque de Poncho com a repulsa e a saudade debatendo-se em mim, internamente. Não existia escapatória, nunca existiria, amávamos um ao outro demais para renunciar levianamente os momentos que tínhamos juntos. E eles eram tão poucos!

Passei os cinco dias sem Alfonso, destruída. Sofrendo como ninguém, sentindo-me incompleta, tão frágil. E agora eu estava completa novamente, somente por estar na presença dele. Ele era o único que me tocava tão profundamente, ele me mandava para o inferno, e era o único que podia me tirar de lá. Um ciclo vicioso.

Poncho puxou-me para seu peito, aninhando-me ali, com uma das mãos emaranhadas no meu cabelo loiro recém arrumados no cabeleireiro que agora estava destruído pela chuva. Encaixei meu rosto na curva do pescoço de Poncho, sentindo-me em casa. Emanava um calor de Alfonso que eu nunca poderia explicar.

– Venha, vamos sair da chuva. – Alfonso sussurrou contra o meu cabelo. E puxou-me pela cintura, abrindo a porta do carro para mim e entrando do outro lado.

– Seja rápido, pois estou com pressa. – Disse nervosa esfregando as mãos no vestido negro que eu usava. Ele riu, acompanhando o movimento das minhas mãos.

– Nunca somos rápidos, meu amor. Menos ainda quando você se produz para me enlouquecer. – Poncho depositou a mão esquerda em cima da minha coxa descoberta, fazendo um leve carinho ali, com a ponta dos dedos. Senti meus pelos se eriçarem com o toque.

– Tire suas mãos de mim! – Esganicei. – Você é sujo!

– Está nervosa, querida? – Ele perguntou virando-se para mim, olhando meu perfil interessado, não me virei em sua direção. – Não fique, por favor. Não quero ser responsável por aumentar ainda mais essa irritação. – Uma das mãos dele foi até o meu pescoço, possessiva, tocando cada parte de pele exposta por ali. – Não foi uma boa ideia ir ao colégio dos meus filhos, me deixou bastante chateado, amor.

— Você é absurdamente ridículo, Alfonso. — Bufei raivosa e esganicei uma risada rouca. — Quando vai entender de uma vez por todas que quem dita as regras agora sou eu? — Agarrei a mão de Alfonso que agora subia até o meu rosto acariciando a minha bochecha e meu lábio inferior e a afastei com um empurrão.

— Oh — Alfonso grunhiu — Cale essa maldita boca, Anahí!

Então levou uma de suas mãos ao meu cabelo úmido, agarrando com força e o puxando para trás deixando meu pescoço completamente exposto onde começou a distribuir beijos que incendiaram minha pele e anuviaram minha mente, deixando-me a mercê de suas vontades, simplesmente porque as minhas eram exatamente as mesmas que as dele. Eu já não era capaz de resistir. Alfonso agarrou-me pela cintura puxando-me para mais perto, mas o esforço fora desnecessário pois de joelhos atravessei o espaço entre os dois bancos e sentei-me em seu colo, com as pernas ao redor da sua cintura. O volante do carro provavelmente machucaria as minhas costas se eu fosse capaz de sentir mais alguma coisa além dos lábios de Alfonso em meu pescoço e sussurrar descontrolada o seu nome.

Ele ergueu com rapidez o meu vestido até a altura do umbigo e contemplou-me apenas de calcinha clara, afastou a minúscula peça com os dedos indicador e médio, enquanto eu com desespero lutava com o cinto e depois com o jeans que Poncho vestia. Quando enfim consegui despi-lo apenas o necessário, não havia tempo para delongas, a saudade e a necessidade de nossos corpos já saltavam pela pele, o toque de Alfonso me levava ao delírio, eu não podia esperar mais. Precisava senti-lo mais intimamente o quanto poderia. E imaginar que naqueles momentos ele pertencia a mim, assim como eu pertencia a ele em todos os momentos da minha vida. Eu era uma marionete manipulável nas mãos astutas de Poncho, por mais que lutasse contra isso ele fazia de mim o que bem quisesse e sabia disso, sabia do poder que tinha sobre mim e aproveitava dessa fragilidade com maestria, deixando-me incapaz de resistir.

Levantei levemente meu corpo apoiando as mãos no ombros másculos de Poncho e voltei a sentar em cima do membro ereto, pronto para mim, pronto para estar dentro de mim. Nos dois gememos um uníssono quando o conduzi para dentro de mim, completamente. Só Deus sabia quais eram os meus sentimentos nesse momento, era mais do que pele, mais que desejo, era amor. Mesmo que irracional, covarde e cruel era tudo de mais intenso que havia em minha vida, era algo que eu não podia simplesmente abrir mão. Eu o amava demais para isso. Amava-o talvez mais do que a mim mesma, por não poder resistir.

Poncho segurou meu quadril com firmeza, fazendo-o subir e descer com uma velocidade ainda maior do que eu impunha ali. Joguei minha cabeça para trás, complacente. Com as mãos agarrava com firmeza os ombros de Poncho, ferindo com minhas unhas o braço musculoso, não propositalmente apenas para extravasar tamanho estado de excitação.

Os lábios dele encontraram uma brecha no decote ousado de meu vestido, explorando o vão entre os meus seios com a língua, o toque languido abriu caminho para o ápice. Que quando chegou arrancou palavrões de meus lábios, esse proferidos com o intuito de ferir e para refrear algo muito mais assustador. Para impedir que eu gritasse aos quatro ventos o quanto amava aquele homem e o quanto meu coração estava destroçado ao admitir que isso que tínhamos ali, era o máximo que eu podia esperar de uma declaração de amor verdadeira vindo daquele homem pérfido. Que a cada toque ele me empurrava mais para o fundo, ainda mais para a escuridão. Logo eu que a tanto tempo não via a luz.


x.x.x

Oi...

Sumi mesmo eu sei :(

Meninas o que acontece é que eu havia perdido quase todo esse capítulo e precisei reescrevê-lo e foi horrível porque é o tipo de coisa que eu simplesmente não sei escrever :( Enfim perdão pelo sumiço e apareçam porque o próximo capítulo é um dos meus preferidos e estou ansiosa pra mostrar pra vocês. :*

Acasos IIOnde histórias criam vida. Descubra agora