|12| happy

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S k y l a r

O silêncio ainda predominava pelo ar, e eu não sabia o que dizer, ou como começar uma conversa normal. Já vi muitos tutoriais na internet de como começar uma conversa civilizada com um rapaz, porém já me esqueci deles todos. Também já li vários livros de como fazer isso, porém também já me esqueci de tudo o que eles ensinavam. Entra a duzentos por um ouvido, e sai a trezentos pelo outro. É algo que não dá para evitar.

Eu, à dias atrás nunca pensaria que neste preciso momento, estaria a ir em direção a uma feira com um rapaz que mal conheço. É por isso que não ensaiei à frente ao espelho uma conversa civilizada, ou voltei a rever tudo o que aqueles livros diziam. Eu simplesmente não estava à espera disto. Afinal, nós nunca estamos preparados para o amanhã. As coisas acontecem como têm de acontecer, e ninguém pode evitá-las.

- Estás aí? - Harry interrompe os meus pensamentos, ao mesmo tempo que me dá uma cotovelada no braço.

- Não, estou ali. - Aponto para um sítio escuro e sem nenhuma luz ao seu redor.

Harry olha para esse sítio à minha procura, e é inevitável não rir perante isso. À muito tempo que eu não estou tão feliz e a rir tanto, e é por isso que tenho medo. Tenho medo, porque estes momentos costumam ser temporários.

- Não, a Sky não está ali. - Ele coça o seu queixo.

- Ela está aqui. - Dou-lhe um safanão no braço.

Ele começa a rir e eu também. E um som melódico ganha forma no ar, como uma boa cantiga sem fim - apesar de sempre ter fim. Agora que reparei, tudo o que é bom, tem fim. Nós podemos rir, rir e rir até a barriga doer, mas nós não vamos rir para sempre. É temporário. Isso faz-me pensar que o choro também é temporário. Nós podemos chorar, chorar e chorar, mas não é para sempre. Ou talvez até seja. Depende do para sempre, e do seu tamanho.

Repentinamente, uma música altíssima infiltra-se nos meus ouvidos, e gritos estridentes também. Avisto a feira à minha frente e arregalo imediatamente os olhos.

Fico maravilhada imediatamente pelas cores deste sítio e pela maneira que elas trespassam para o chão de cimento. O barulho que outrora parecia ser incomodativo, passou a ser a melodia mais linda que eu já ouvi até hoje. As várias atrações desta feira que estavam em movimento, fizeram-me sorrir de uma maneira que eu nunca antes tinha sorrido. O cheiro apetitoso das pipocas e dos fritos infiltrou-se rapidamente no meu nariz, e isso fez com que eu ficasse com água na boca. Rapidamente olhei para as pessoas que se encontravam bastante alegres. A sua alegria era magnífica, e isso fazia-me sentir bastante feliz, mas ao mesmo tempo, bastante diferente. Como é que existe tanta alegria neste sítio, e tanta tristeza dentro de mim?

- Vais ficar aí? - Harry interrompe novamente os meus pensamentos.

Ele agarra na minha mão, e entrelaça os seus dedos nos meus. Eu naquele momento, senti-me confortável com isso, senti-me segura, apesar de estar ligeiramente relutante.

Nós caminhamos por entre os amontoamentos de pessoas, e eu suspiro quando avisto a montanha-russa em movimento. O cabelo das pessoas a esvoaçar pelo carrinho e a felicidade estampada nas suas caras, faz com que eu dê pulos de alegria. Eu estou tão feliz, que acho que toda esta felicidade vai expandir-se para fora de mim. Ela não vai aguentar muito mais tempo aqui fechada, no meu corpo.

- Harry, quero andar na montanha-russa! - Digo confiante.

- Já andaste em alguma? - Ele franze a testa e um sorriso torto ganha forma na sua face.

Duas Metades {HS}Onde histórias criam vida. Descubra agora