|34| secrets

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Leiam a minha nova fic: AFRAID OF YOU. obrigada!! E boa leitura

Já tinha passado quase meia hora depois daqueles beijos. Não fui capaz de lhe perguntar o porquê de ele me ter beijado. Talvez porque estava tão confusa que não tinha palavras para descrever tudo isto. O que éramos agora, o que tínhamos sido no passado? Essas perguntas davam cabo de mim, faziam-me repensar nas coisas. Será que ele gostava de mim da mesma forma que eu gostava dele? Ficava ruborizada ao pensar em tudo isso.

- Vais contar-me o que se passou ou tenho de te obrigar? - Disse com a voz cheia de preocupação.

Encontrava-me deitada com a minha cabeça no seu colo - para ser sincera - muito confortável, enquanto ele remexia e mexia nos meus cabelos ondulados. Às vezes, fechava os olhos. Quando ele me disse aquilo, despertei logo. Na verdade, a minha vontade de lhe contar era quase nula. Não queria receber pena das pessoas em troca dos meus segredos do passado.

Mas ele merecia saber, porque foi o primeiro a provar tal coisa, tal merecimento.

- Tudo começou por volta dos meus sete anos. Éramos a família feliz. Pelo menos queríamos ser. - Disse ao lembrar-me de alguns momentos. - A minha mãe e o meu pai amavam-se mais do que qualquer coisa neste mundo. Mas de um dia para o outro, tudo acabou tragicamente.

Ele ouvia-me atentamente. Parecia ver para além da minha alma: era o que lhe estava a mostrar, afinal.

- O meu pai saiu de casa e a minha mãe começou a beber. No princípio dos tempos, tentei salvá-la disso, mas não podia. Só ela podia salvar-se a si mesma. - Disse já a sentir as lágrimas. - Agora aparece de vez em quando em casa mas quando aparece só quer dinheiro para comprar bebidas.

- Não imaginava que a tua vida era assim. Para ser sincero, nunca te conheci mais do que tu me mostravas diariamente. - Disse com toda a sinceridade. - Mas o teu pai foi-se embora sem nenhuma justificação?

- Todos nós temos os nossos segredos. Nunca soube o porquê de tudo isto ter acontecido comigo, mas todos têm o que merecem, certo? - transbordava por dentro. - Não sei, eram uns problemas com a polícia. Ele fugiu disso.

- Essa frase é uma merda. Nem todos têm o que merecem. Porque é que tu mereces estar a passar por tudo isto? Não me venhas com metáforas a explicar. Porque isso é uma mentira. - Disse enquanto mexia mais no meu cabelo.

- Talvez porque nunca fui uma boa filha. Nunca lhes disse o quanto os amava... - Fui interrompida.

- Ah mereces isto porque nunca foste capaz de dizer as palavras certas? Merdas. Só merdas. - Disse um pouco alterado.

- Merda vai tornar-se uma das tuas palavras preferidas no mundo. - Disse, o que o fez rir um pouco.

- Nunca disse que já não era. - Beijou-me a testa.

Ri. Passado um longo momento silencioso, decidi perguntar-lhe algo também.

- E tu? Não tens nada para contar sobre ti? - Retorqui a olhá-lo nos olhos.

- Não. - Respondeu seco.

- Oh, vá lá. Conta-me um dos teus segredos obscuros. - Disse.

- Como se eu tivesse algum.. - Disse, meio a rir. - Só acho que as nossas vidas são parecidas.

- O que queres dizer com isso? - Perguntei um pouco confusa.

Duas Metades {HS}Onde histórias criam vida. Descubra agora