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Tratava-se de um dia chuvoso. Não houvera tampouco um raio de sol a trespassar pelas nuvens carregadas no céu; a algazarra inconstante presente no local denominado como escola, fez-me tremer: quiçá porque eu era a novata, ou talvez porque eu estava com bastante medo de não me aculturar a estas pessoas. Louis andava ao meu lado e de vez em quando olhava para o seu telemóvel, recebendo mensagens inevitáveis. Queria fugir, precipitar-me para a estrada e antes morrer, do que adaptar-me ao novo; e dizia-o naquela altura - quando não passava de uma pirralha com apenas 17 anos de vida. E quando o dizia vezes inevitáveis, adentrei na escola e senti um impacto gigantesco. 

- Não é preciso estares nervosa. - Disse sinceramente Louis. - É como todas as escolas. A diferença é que as pessoas aqui são mais loiras, e simultaneamente mais cabras. - Retorquiu, a rir bastante.

Não que tivesse reparado muito na cor de cabelo dos adolescentes desvairados deste sítio; mas quando olhei, vi somente que Louis tinha toda a razão; a maioria da escola, ou quase a maioria tivera um cabelo mais loiro que os raios de sol que refletem na água. Tecnicamente, eu era a única ruiva nesta escola imensa. E o meu maior medo naquela altura não era a diferença nas cores de cabelo, era a diferença que todos achariam em mim, somente por eu nunca ter estado cá e ser um pouco depressiva em relação aos assuntos monótonos.

- Louis, lindo! - Sai do meu transe quando uma loira veio ao nosso encontro. - Nova namorada, uh? - Olhou-me de cima a baixo como se eu fosse um pedaço de lixo.

- Não. É a minha prima. Vai ficar a viver comigo por algum tempo. - Mentiu Louis e eu achei estranho.

- Oh a sério?! - Olhou-me com outra cara. - Vamos ser grandes amigas!

- Oh meu deus! É o meu maior sonho! - Gritei histericamente e ironicamente.

Louis olhou-me certamente com um ar questionável; ela parecera-se com uma atriz desagradável dos filmes, como se fosse a Regina das MeanGirls. Decidi continuar o meu caminho sozinha sem me virar para trás uma única vez. Não gostei dela. Dava para ver que era uma pessoa vazia, sem rumo ou um cérebro que a guiasse para o caminho certo. Não diria que ela não tem cérebro, mas poderia afirmar que ela não o estava a usar como os humanos comuns e normais fazem. Virava a esquina do corredor, quando Louis apareceu surpreendentemente ao meu lado. Olhou-me e a primeira coisa que fez, foi rir-se.

- Já arranjaste uma grande inimiga, Sky. Ela é das piores pessoas desta escola. E adivinha? Detestou-te. - Disse-mo e eu comecei-me a rir. 

-  Louis, neste momento eu estou a lixar-me para isso. Fui fraca demasiado tempo para me ir abaixo por causa de uma pirralha dessas. - Retorqui chateada.

- Calma furacão. - Riu-se. -  Bem, esta aqui é a tua sala, eu estarei  aqui ao lado. - Disse-mo e beijou-me a testa.

- Não estás na mesma turma que eu? - Senti um aperto no coração. Iria estar sozinha.

- Não. Estás em humanidades, sou das ciências. - Piscou-me o olho e desapareceu da minha vista, entrando na sala ao meu lado.

Acabei por entrar também na minha e não estava lá completamente ninguém. Só o professor de Geografia A. Olhava-me com um semblante amigável e dirigi-me até ele. Tinha aspecto de um meteorologista nato, porém viu-se obrigado a trabalhar numa escola inconstante e cheia de adolescentes com as hormonas aos saltos. Era dono de um cabelo preto escuro e de uns olhos azulados como o oceano. Vestia-se formalmente e começou a rir-se, vendo que eu o examinava.

- Muito bom dia. És a Skylar, certo? - Perguntou-me e eu assenti. - Prazer em conhecer-te. Sou Dylan, o professor. Não posso deixar de dizer que estou impressionado com as notas que obtiveste a geografia todo este tempo. Espero que continues a ser uma aluna exemplar.

Duas Metades {HS}Onde histórias criam vida. Descubra agora