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Continuação do capítulo 34
P.S : leiam a minha fic Afraid Of You. Thanks!

- Porque haveria eu gostar de ti? - Pronunciei, com vontade de dizer a maldita verdade.

Doeu pronunciar aquilo, apesar de tudo. Talvez porque não era o que eu sentia. Menti para proteger o meu coração do amor, para não o permitir interligar-se com outro: não digo que tenha sido o certo a fazer. Eu só estava com medo. A pergunta foi muito repentina e inconstante. Olhei para o verde dos seus olhos e vi que tudo tinha escurecido naquele mar.

- Esquece a pergunta. - Disse, com um sorriso falso no rosto. - Nem sei porque perguntei isso, se também não gosto de ti.

Olhei-o com atenção: não me doeu tanto o que ele disse, porque eu já sabia que correspondia à verdade e ninguém a podia alterar. E talvez não tivéssemos sido feitos um para o outro. Ele era muito inconstante, tinha um olhar enigmático e um cabelo indomável. O seu sorriso era muito caloroso e os seus passos muito desastrados. O oposto de mim.

Talvez a única coisa que tínhamos em comum eram os nossos olhos: atenção, não digo que os meus sejam tão intensos que os dele, mas são ambos da mesma cor, da mesma luminosidade. É como a fusão de verde com verde quando olhamos um para o outro. É como se eu estivesse a olhar para a minha alma, o meu reflexo.

Mesmo assim, não deixava de doer. Tinha criado algumas esperanças de que ele - possivelmente - podia gostar de mim. A esperança é a nossa maior inimiga. Faz de todos nós fantoches da nossa mente, de tudo o que possuímos.

- Ainda bem. - Cruzei os braços e espirrei repentinamente.

- Ainda bem?! - Disse brutalmente e aproximou-se de mim. - Se não gostas de mim, porque é que me beijaste?

- Foste tu que me beijaste. - Disse. Curta e fria.

- Mas tu aceitaste. E não digas que não gostaste. - Disse, perto de mim. - Dou os melhores beijos da escola.

Ri de forma eufórica.

- Melhores beijos da escola? Já me beijaram muito melhor. - Disse e sorri-lhe.

Mais uma mentira. Na minha vida escolar, só fui beijada uma ou duas vezes e ambas as vezes foram tão horríveis que nem tenho palavras para as descrever; o Harry não só foi o melhor beijo que recebi, como o mais verdadeiro e espontâneo. Porque eu gosto dele e ainda sinto borboletas perfurarem o meu estômago vulnerável.

- Não vais dizer isso na próxima vez... - Disse e fez algo do qual eu não estava à espera.

Beijou-me. Não como da primeira vez; neste beijo havia mais dedicação, mais calmaria. Os seus lábios contrapunham-se contra os meus e ambos dançavam ao som do silêncio. Era um beijo cheio de devoção, de paixão. As suas mãos puseram-se nas minhas ancas e ele parou o beijo só para o olhar para os meus olhos; mas continuou com aquilo. Beijou-me mais uma vez. Sentia-me confortável. Mas neste beijo havia mais ardência, uma paixão incalculável.

- Agora diz-me se não foi o melhor beijo da tua vida. - Perguntou e eu simplesmente ri verdadeiramente.

O meu coração palpitava de uma forma fortíssima: tinha medo que ele ouvisse este som tão rítmico e tão cheio de vivacidade. A última coisa que fiz foi pousar novamente a minha cabeça no seu colo e sentir as suas mãos a passar pelo meu cabelo. Parecia tanto um sonho que fugia da realidade.

Num momento, estava a chorar graças à minha mãe. Noutro a beijá-lo ferozmente como se não houvesse amanhã e incrivelmente depois de tudo, estive a desabafar e a ouvi-lo a desabafar. No entanto, chegámos à etapa inicial. Parecia-me demasiado bom para ser verdade.

Duas Metades {HS}Onde histórias criam vida. Descubra agora