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A Alisson sentou-se à minha frente; o seu olhar parecia neutro, quiçá ela estivesse tão destruída quanto eu. Perguntava-me agora o quanto uma pessoa pode ficar destruída. A maior forma de destruição era ver toda a felicidade de uma vida, dissipar-se por completo. Se uma pessoa é feliz e lhe é tirado os prazeres dessa felicidade, então não há volta a dar para a pessoa voltar a ter toda essa felicidade, mas se uma pessoa é infeliz, destruída e volta a ser feliz, então não lhe é possível voltar a ser infeliz da mesma forma que foi em tempos; e a maior forma de destruição é a linha que se situa entre esses dois termos: o fim.

- O Harry é uma pessoa com um passado complicado, Sky. - Disse-mo. - E o colar, é muita coisa para tu assimilares.

- Quero que me contes tudo. Estou farta de mentiras e de confusões. - Retorqui, com incerteza.

Então a Allison suspirou fundo e os seus olhos olharam-me com determinada atenção; aproximou-se de mim e retirou um papel do bolso. Um papel que continha tinta impregnada de preto. Ela leu aquilo com atenção, certificou-se do que era e voltou a olhar para mim. Os seus olhos examinavam a minha expressão, ela queria ver o quão forte eu poderia ser, quais seriam os meus limites, o quanto eu poderia aguentar com tudo. Entregou-me o papel e eu franzi o cenho, começando a ler:

Grupo número 444
Data: 12/11/2008
Recrutados: Harry Edward Styles e Charlotte Blackwood.

Detalhes vistos pelo chefe do grupo do grupo 01 ( George Stevens ): O Harry tem uma capacidade fora do normal. É o mais poderoso dos nossos recrutas e sabe o que fazer e como fazer. Foi treinado por mim da forma mais trágica mas isso concedeu-lhe uma grande inteligência e características positivas que ele tem vindo a usar.
Detalhes de Charlotte Blackwood: ( presentes em anonimato )

Missões: (1)Matar Lindsay Blackwood ; (2) ativar bomba no prédio dos deputados ; (3) Matar grupos 503 e 504 ; (4) Causar incêndio na baixa; ( 5) Meter bomba no carro de Mr.Blackwood; (6) Matar Skylar Stevens, e entre outras anonimatas.

Infrações se não cumprir o que
lhe foi mandado: Morte e tortura. É retirado o cargo para a missão e passa para outro grupo mais experiente.

Olhei para a Alisson depois de ler aquilo e apertei o papel com força, fechando a folha. O meu nome aparecera na folha e o do meu pai; sentia-me doente, não conseguia ver mais nada que as mentiras a descaírem-se pelo meu corpo. Lágrimas brotaram dos meus olhos e eu não conseguia suportar mais isto: era demais.

- O que é que o nome do meu pai faz nesta folha, Allison? - Disse-lho, com a voz enfraquecida.

- O teu pai não é a pessoa que tu pensas. - Disse-mo e eu meti as mãos na minha face. - Ele é um assassino. Foi-se embora porque esse é o emprego dele: matar pessoas pelo mundo.

- O quê? - Senti-me completamente destruída.

- É isso mesmo que ouviste. E o Harry foi recrutado por ele. Foi o teu pai que treinou o Harry para várias missões e uma delas foi matar-te.

Disse-lho insensivelmente. Aquilo foi a gota de água para tudo: como é que o meu próprio pai, alguém que fez parte da minha infância, ser capaz de uma maldade tão grande contra a sua filha? Era insensato, incredível. Olhei para a Allison e até ela parecia estar à beira de chorar. Nunca na minha vida em outrora teria pensado no cargo do meu pai. Ele deixou-nos porque a sua intenção era no fundo, matar-me?

- Porque é que ele me quis matar? - Perguntei e a Allison engoliu em seco.

- Porque tu és um perigo para ele, Sky. Tu não és normal, tens o mesmo que o Harry, mas a diferença é que ele fez aquilo tudo, deixou-se capturar para te proteger, para conseguir estar no lado do inimigo e dessa forma garantir a tua segurança. É isso que o amor faz às pessoas. Fá-las cometer loucuras. - Disse-mo, sem preocupações.

Levantei-me e comecei a andar pelo meu próprio quarto; a minha mente queria render-se, mas o meu corpo mesmo estando cansado, queria continuar nesta luta pela verdade; era inacreditável; as lágrimas jorravam dos meus olhos, sentia-me cada vez mais fraca e sentia a depressão apoderar-se das minhas células mais fortes; era eu e eu contra o mundo. Olhei para a Allison e lembrei-me do que ela me tinha mostrado neste pouco tempo: foi o final do poço. As pessoas que eu mais amava no mundo, quiseram matar-me; descai-me no chão e senti-me sem ar nos pulmões.

- Eles quiseram-me matar. - Disse-o. - As pessoas que eu mais amava no mundo. O próprio Harry quis matar-me. Eu não estou a acreditar.

- Ele teve várias oportunidades para o fazer, e decidiu não o fazer, não consegues ver o lado dele, Skylar? - Retorquiu. - O Harry sacrificou-se por ti e ainda continua a fazê-lo.

- Porque é que o defendes?! Porque é que todos o defendem?! - Retorqui, injetada de raiva. - E o meu lado? Todos me mentiram durante todo este tempo! Querem que eu lide com as verdades todas de uma só vez?! - Disse, gritando como nunca.

Ela olhou-me surpresa e eu estava ali, completamente despedaçada; e o que eu mais precisava era de desaparecer; estava entupida pelas verdades a sobressair pelo ar. O ar era tóxico, tão tóxico que me era difícil respirar, e de repente a Allison agarrou no meu corpo fraco e abraçou-me com toda a força do mundo, apertando-me e sem me querer soltar. E naquele momento, as lágrimas correram com mais velocidade do que eu esperava; a minha mente estava totalmente vaga de pensamentos tristes; eles estavam a sobressair para fora.

- Ninguém o está a defender. - Sussurrou. - Mas ele ama-te e eu sei que tu sentes o mesmo, por isso não o culpes pelo que ele fez; foi tudo para te proteger. Às vezes, as mentiras são necessárias.

As mentiras nunca são necessárias em altura alguma; nunca. Se eu por acaso tivesse consciência disto à uns dias, ou semanas ou mesmo meses mais cedo, isso não chegaria a ser mentira, não chegaria a este patamar: se eu soubesse disto desde aquele dia do elevador, quando um estranho me seguiu e ficámos presos no elevador; se eu soubesse disto num daqueles dias em que eu estive com o estranho na biblioteca a ler; ou um daqueles dias em que o estranho implicava comigo; ou então no dia em que eu descobri que estava apaixonada pelo estranho.

Refiro-me a ele como estranho, porque se for a ver, nunca o conheci realmente e ele neste momento não é mais que isso. O Harry é uma figura que da qual eu não conheço o passado, nem nada do presente; contava-me coisas sobre a sua vida, mas nunca sobre o que ele era; e se o que ele era esteve sempre escondido, então ele nunca existiu, nunca tive acesso ao Harry de hoje e do passado. Era estranho assimilar a verdade, mas ainda mais ter de a assimilar realmente: o Harry era uma mentira, e eu, era somente um pessoa atingida por ela. Pela derradeira mentira.

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Hello girls! How are u today? Eu tou tipo completamente destruída.

Na minha opinião, é completamente normal a Skylar nutrir um pequeno ódio pelo Harry. É a fase da negação, e se eu estivesse a passar pelo mesmo que ela, eu não aguentaria a pressão daquilo. Quanto ao Harry, só me apetece abracá-lo! Ele está tão perto... ahah

Estão a gostar da história? Mais alguns dez capítulos e acaba!

Xx, Kate.

Duas Metades {HS}Onde histórias criam vida. Descubra agora