Boyband

136 11 5
                                    

Mateus me ignorou por completo por dois dias. Não atendeu minhas ligações, nem respondeu minhas mensagens. Era tudo de que precisava.

- Tem certeza filha? - Alessandra me perguntou pela vigésima vez.

- É só um show mãe. Eu mudei muito, vai haver muita gente, ele nem vai me reconhecer, e... Eu não quero estar perto dele, então...

- Não sei. Ainda acho que isso não é uma boa ideia.

Eu desisti. Não do Mateus, mas da situação por ora. Não deveria ser fácil ouvir uma pessoa chamar por outra enquanto transa com você, ele estava mais do que certo em me dar um belo chute no traseiro.

- Não se preocupe mãe, nada vai mudar. - disse com certa firmeza. Tinha que superar isso e acreditar que depois de tanto tempo, a vida seguia. 

- Está bem. Rara está te esperando na sala. Sabe o que ela faz agora quando está com raiva? Ela xinga em inglês, pode?

- Eu sei. - acompanhei o riso de minha mãe. - Ela é bem fluente, para uma criança de três anos.

- Quem ensinou fuck à ela? Por Deus.

Caí na risada.

- Foi eu, acho. Quando estou com raiva as vezes grito isso.

- Que mãe desnaturada.

- Muito obrigada. - beijei seu rosto. - Vou indo, senão a Pri quebra as paredes da minha casa.

- Ah, ela já ligou. Disse que está terminando de se arrumar.

Suspirei. Imagino que ela esteja se produzindo a la Quero ser Mulher e Preciso Provar Isso.
Me dirigi à sala, onde Rara estava hipnotizada assistindo Peppa Pig.

- Não acha que já está muito tarde para menininhas estarem acordadas? - beijei seu rosto fofuxo.

- Mãe, voxê tá linda.

- Obrigada meu anjo. Você que é perfeita.

Ela sorriu convencida, usando um pijama dos ursinhos carinhosos e uma pantufa com cara de coelhinho.

- Voxê vai levar Pixila no show do On Dilection. Eu gosto da música axim, you don nou, wai u meiti biutifou.

- Que lindo. - gargalhei. Ela tinha uma voz rouca, impressionante como lembrava Ele.

- Oi meus amores.

A porta foi aberta revelando um alien.
Priscila cortou um pouco os cabelos, fez algumas mechas loiras. Até aí tudo bem. O problema era a maquiagem carregada, com cara de reboco, branca feito um fantasma, sendo que sua pele era morena clara, contrastando com aquele rosto artificial. Longas pestanas quase batiam na sobrancelha. Falando nisso, as sobrancelhas estavam grossas como duas taturanas no rosto fino. Um short hiper curto, desfiado, mostrando parte dos glúteos. Uma blusa apertada tipo espartilho, onde os peitos pequenos faltavam saltar e pra arrematar uma sandália de salto altíssimo que a deixava quase do meu tamanho. Eu tenho 1,75 e ela deve ter crescido uns bons 10 cm. Ela estava com cara de "hoje eu não vou dar, vou distribuir."

- Eu sei, eu sei, está sem palavras não é? - ela sorriu. Mas seu sorriso morreu quando me analisou. - Pô Lana. Eu te pedi pra não chamar atenção.

- E eu estou atendendo.

Olhei para meu figurino e não vi nada demais. O vestido era colado, ok, mas não era muito curto. A cor variava entre um laranja ou vermelho bem opaco, por conta de o tecido ser de couro fake. Ele tinha listras pequenas pretas em alguns pontos e um zíper transversal cortando todo o colo, onde deixei aberto apenas um pouco. Uma ankle boot preta simples deram um arremate. Meu cabelo estava preso por uma trança normal e minha make eu mesma fiz. Bem básica, longe do que costumava usar.

PARA SEMPREOnde histórias criam vida. Descubra agora