Insano

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- Não me escondi. Até onde sei isso é assunto de domínio público. - finalmente achei minha voz e desci o restante dos degraus.

Meu coração pulava a ponto de me deixar tonta. O cheiro dele me impregnava e isso estava me deixando irritada.

- Mas eu tive que pegar o endereço com a Lea.

Não respondi e continuei meu trajeto. Ele me seguia, eu podia sentir seus olhos me fulminando pelas costas.

- Já que alguém me ignorou completamente pelas últimas semanas. - insistiu.

- Não exagere. - respondi ainda andando.

As pessoas pelo Hotel nos observavam com curiosidade. Percebi que alguns queriam tietar mas preferiram não se meter com nossa discussão.

- Estou?

Diminuí os passos quando a porta se aproximou, pois não queria levar isso lá pra fora.

- Nos víamos todos os dias pelo Skype. - suspirei cansada.

- Não. Eu via a Rara e você sumia. - ele grunhiu entre dentes. Eu podia imaginar a cara ranzinza que ele fazia.

Me virei pondo as mãos na cintura. Notei que ele deu um passo em falso para trás.

- Ok, o que esperava? Que eu ficasse te bajulando enquanto sua namorada não estava por perto? - controlei minha voz para não gritar. Ele me dava nos nervos.

- Merda. - praguejou baixo.

Seus olhos foram para o chão e para os lados, exceto para mim. Sorri sem humor e chacoalhei a cabeça.

- Vou levar isso como um sim.

- Droga, não. - ele finalmente me olhou nos olhos. A aflição tingia seu rosto, e uma parte de mim, a que não estava raivosa, declinou com aquele semblante. Mas a parte raivosa estava vencendo, muito melhor.

- Ok Harry, não me interessa.

Dei as costas e encarei o ar gélido de fora.

- Lana, espera...

Ouvi sua voz se distanciando e ignorei. Não era justo. Quando eu terei alguma paz, quando?

- Oi meu amor.

Rodopiei Rara e beijei sua bochecha gelada.

- Mãe. Oia como eu xou boa.

Ela correu para Júlia que segurava seu snowboard.

- Claro que é, me mostre.

Ela somente deslizava um pouco na neve, mas para mim mãe babona, era como se mandasse altas manobras e piruetas, juro que quase chorei.

- Você está perfeita meu bem, parabéns. - bati palmas e ganhei sorrisos brilhantes.

- Obigadu mamãe.

- Erm... Rara. Seu pai está aqui. - me abaixei ao seu lado e alisei suas costas.

- Está? Onde? Cadê papai? - ela gritou eufórica, olhando para todo e qualquer lugar existente.

- Aqui meu amor.

A voz dele soou atrás de mim e ela saiu correndo para se jogar em seus braços. Ele a pegou no colo e a abraçou de olhos fechados, os dois eram perfeitos juntos.

- Alguém me disse que temos uma ferinha no snowboarding. - ele a pôs no chão e ela saltou algumas vezes.

- Xim pai, olha.

Ela correu para ajeitar a prancha com a ajuda de Júlia e deslizou um pouco fazendo pequenas curvas.

- Incrível. - ele batia palmas com os olhos brilhantes de orgulho. Droga, eu não podia deixar aquilo me amolecer.

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