PARA SEMPRE

FIM

Hoje era o nosso dia. Conseguimos prolongar esse momento por seis meses, até não termos mais desculpas. Não que estivéssemos procurando por elas, mas sim este era um passo enorme. Um passo que deveria ser dado com total clareza e sabedoria.
A união de duas vidas, hoje tão banalizada pela mídia e pelas próprias pessoas, para nós era algo sério, um pacto que selava nossos destinos em um.
Era um dia feliz para muitas pessoas e triste para outras. Essa carta havia chegado há três dias, mas só agora tive coragem de finalmente ler. Eu reconhecia aquela letra e meu coração retumbava só de imaginar o que poderia estar escrito ali.
Respirei fundo, encarando aquela mulher deslumbrante no espelho. Eu já estava pronta, só faltava a grinalda. Pedi para minhas madrinhas e acompanhantes me darem um momento. Talvez não fosse o melhor momento para abrir a carta, mas a necessidade de desvendar suas palavras, me fez tomar a decisão.

"Lana,

Eu nunca poderia ir ao seu casamento. Me desculpe, mas ainda não estou preparado pra te ver trocar juras de amor eterno com alguém que não seja eu. Um dia vai passar, eu sei que vai e tudo vai ficar bem.
Eu te amo, você sabe disso, sabe que eu fiz tudo que estava ao meu alcance para ver alguma coisa no seu olhar, tocar seu coração, mas não consegui e hoje eu aceito isso, não sem dor, mas aceito.
Eu só quero que você seja feliz, você e a Rarinha, eu a amo também. Mandei um presente pra você, espero que guarde como uma recordação de alguém que te amou e ama muito. De alguém que torce genuinamente pela sua felicidade, que espera que esse cara seja tudo que você precisa e que te dê o triplo do amor que você merece.
Eu ainda estarei aqui, como seu amigo se quiser.
É isso, devo estar viajando para o Japão nesse momento, espairecendo a cabeça e tentando não pensar em você casando com outro alguém. Vou focar no que tivemos, no que você representou em minha vida, e que agora devemos trilhar nossos próprios caminhos.
Toda felicidade.

Mateus."

Pisquei rápido para evitar que lágrimas desfizessem todo o trabalho do Claude. Ele iria me matar. Meu rosto estava quente e a garganta fechada. Respirei fundo, guardando a carta dentro de um pequeno baú cheio de pedrinhas, que enfeitava o camarim. A caixinha de veludo azul escuro ainda estava fechada. A abri devagar, observando a pulseira simples, com uma frase gravada por dentro.

"Que o amor sempre prevaleça."

Sorri para o presente de Mateus. Eu não o amei, mas ele foi o primeiro cara a conseguir romper meus muros, a me dar alguma segurança e me dar todo amor que podia ter me dado. Ele foi bom para a Rara, me perdoou pelo que eu fiz, então, se a lei da vida rege alguma coisa, ela teria que lhe trazer tudo de bom que ele já me dedicou algum dia. Pus a pulseira, decidindo que ela estaria comigo durante meu casamento.
Recebi uma mensagem de texto de Tom, ele foi o segundo coração magoado do dia, pelo menos por minha parte. Não queria nem pensar em quantos corações Harry estava partindo hoje.

"Sinto muito por não poder estar presente. Esse é o seu momento, faça dele algo inesquecível. Minha presença geraria desconforto, mas pior que isso, não conseguiria disfarçar minha angústia ao te ver no altar justamente com ele. Mas você sabe que se fosse qualquer outro, eu estaria arrasado da mesma maneira.
Só posso desejar que sua escolha tenha sido a melhor possível, e que te traga a felicidade que você merece.

Tom."

A porta foi aberta, minha mãe atravessou o espaço, pondo as duas mãos em meus ombros. Ela sorria para minha imagem no espelho.