Temos de retornar

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    O pai de Thiago ficou realmente muito feliz de saber que tinha uma neta, só um pouco magoado pelo fato de ela já ter quase 3 anos e ele não saber de nada antes. Então nós separamos da caravana que acompanhávamos por 4 anos, tínhamos tantos amigos, e havíamos aprendido tantas coisas.
     Na manhã do dia 13 de dezembro pegamos um vôo na classe econômica, nos assentos mais baratos em direção ao Brasil, tínhamos passado o ano juntando dinheiro para esse vôo, era definitivo, até mesmo vendemos a picape. Foi muito triste e difícil a nossa despedida, Angel e seu amigo Jasse passaram o dia e a noite juntos, brincando por aí enquanto ficávamos a beira da fogueira, ela chorou muito ao deixa-lo,  tínhamos a intenção de não voltar e permanecer no Brasil.
    Eu estava com medo de encarar tudo de novo, voltaríamos para casa de Thiago,  Angel nunca tinha o luxo de uma casa, uma mansão na verdade e ela não ligava, não mesmo, era tão humilde, o que os coleguinhas da escola iam falar de seus dreads, eu tinha medo que a sociedade, que o mundo pudesse mudar meu anjo,  nossa garotinha.
     Chegamos a São Paulo as 4:15 da madrugada, meu sogro nos esperava no aeroporto e vi seu sorriso ficar maior ao nos ver, mesmo que seus olhos demonstravam a confusão, tudo o que tínhamos estava em uma mala preta bem surrada, os dreads de Thiago batiam a um palmo abaixo de seus ombros,  os meus tocavam a bunda,  e os da Angel até a cintura, ela já tinha 3 anos e meio.
    No dia seguinte Thiago foi ao banco, de terno e gravata, parecia com um executivo muito rico, não fosse pelos dreads, foi tratado bem e fez outro cartão, e em sua conta tinham milhões de reais, não tirávamos nada a uns 4 ou 5 anos ..... eu fiz o mesmo, na minha haviam apenas 15 mil,  e eu separei esse dinheiro para os estudos da Angel.

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