A vida segue

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    Todos os dias, eu ficava observando o teto do meu quarto, recebendo altas doses de drogas que não tinham efeito nenhum sobre um câncer do demônio que me matava a cada dia, Angel chegava do colégio e ia direto para o hospital,  ela fazia a lição de casa sentada na cadeira ao meu lado, eu dormia o dia inteiro e sempre que eu acordava tinha uma coisa nova, eu não tinha mais meu dreads que antes, batiam em meus joelhos de tão longos, mas eu havia raspado,  estava começando a cair, com ele fiz uma peruca para mim, todos os dias cada dia mais fraca, Thiago trazia mandalas,  filtro dos sonhos e coisas assim, Angel trouxe um vaso com uma flor, a mais linda que já vi.
      Era uma sexta feira, eu escrevia nesse diário quando fiquei com tanto sono que não enxergava o que estava escrevendo, um monte de gente entrou no quarto, Thiago começou a chorar desesperadamente, e Angel apenas se deitou sobre mim dizendo em seus vários idiomas como me amava, e eu pra sempre estaria com ela, em seu totem, sempre em seu coração, Thiago me deu um beijo quente e demorado, mas ainda entre lágrimas segurou minha mão enquanto meu campo de visão diminuía, balbuciei um até logo, eu iria apenas tirar um cochilo,  mas tarde acordaria para outra dose de drogas. Mas eu jamais acordei.

Thiago:

     Enquanto eu a via morrer bem na minha frente, eu apenas pensava em prolongar a sua vida,  uma vida tão curta, abracei Angel tão forte quanto pude, a melhor coisa que já fiz em toda minha vida foi entrar naquela pet shop,  a garota mais linda que vi em toda minha vida, até que chegou Angel, a mulher da minha vida acabava de morrer e ela havia me deixado um presente, nossa filha, nossa nômade,  a única criança de 6 anos que sabia 4 idiomas, nossa hippie de nascença, a mulherzinha da minha vida.

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