A ideia de casar

2K 111 5
                                    

E se passaram mais alguns meses após o aniversário de 16. E em breve seria o casamento.
Derik havia pedido Mia em casamento há bastante tempo, mas a festa de casamento ainda não havia sido marcada. Enfim, Derik e Mia estavam noivos de ambos.
Mia percebeu a maneira que Derik estava começando a enxergar a filha dela, mas não queria aceitar. Um belo dia de julho, Mia decidiu conversar com ele sobre o noivado.
Estavam todos diante da mesa de jantar, então Mia começou a falar.
-Eu só quero saber quando iremos realizar nosso casamento, Derik.
-Quando tivermos dinheiro...
-Quem disse que não temos condições de fazer uma bela cerimônia?
Derik olhou para Helena.
-Se temos condições para realizar os preparativos... Vamos então... -Derik olhou triste para o prato de comida e depois se retirou da mesa.
-O que deu nele? Mia perguntou à Helena.
-Não sei. Ele estava tão bem hoje à tarde. Do nada ficou assim...
-Acho que ele não me ama mais como antes... Deve estar amando outra.
-Mas quem ele estaria amando?
-Eu já tenho suspeitado de quem seja essa garota.
-Ele deve estar amando-a puramente. Porque ele sempre teve olhos para você, tanto que ele era quem queria se casar logo....
-Pois é. Querida, eu amo-o tanto... Não gostaria de vê-lo partir. Nem queria que ele quebrasse meu coração da mesma maneira que seu pai fez a mim.
-A senhora merece felicidade... Acho que Derik ainda ama-a. Só ficou surpreso.
-Espero que seja só isso. -Mia começou a chorar. -Mas eu queria tanto poder falar para a garota que é ela que ele quer, não eu...
-Mãe, a senhora é especial. E não tem que se martirizar por causa de nenhum homem.
-Você ainda é jovem, e tão brilhante e sábia ao mesmo tempo. -Deve ser pela razão de nunca ter se apaixonado de verdade...
-Quem lhe disse que nunca me apaixonei? Que nunca chorei? Que nunca errei? Eu já chorei muito, sabe?
-Sério?
-Acha que estou mentindo?
-Não... Sei... Talvez...
-Acredita no que quiser. -Helena retirou-se da mesa e foi até o quarto; escrever um pouco no seu diário. As páginas relatavam:
"É muito estranho ver a sua mãe chorando, aquela que te deu a vida... Aquela que driblou as dificuldades e aceitou suas diferenças, apenas para cuidar de você. E para mim o mais estranho, é se apaixonar por um cara, que sempre demonstrei ódio. E que está sendo gentil comigo recentemente. O mais estranho é que esse cara, é nada mais, nada menos, que Derik(o namorado de sua mãe) e o futuro marido dela. O mais estranho que você quer ficar perto dele, saber sobre ele, cantar e dançar com ele. Ser livre ao lado dele... Mas há uma pessoa muito importante nesse 'meio', uma mãe. Uma pessoa que você não gostaria de quebrar o coração. Uma pessoa que você gostaria de ver feliz, não importa com quem esteja. Enfim, eu posso estar me apaixonando pela pessoa mais errada de todas, Derik."
Helena chorou um pouco com a porta do quarto trancada.
-Às vezes eu adoraria ter o poder de mudar as coisas. Seria tudo perfeito.
Mas agora, Derik é meu apenas na imaginação. Eu o verei ter filhos e ser feliz ao lado da minha mãe. Mas que sorte a dela.
Mia decidiu sair para visitar a mãe que estava no hospital.
-Derik, eu vou sair para ver minha mãe que está internada. Volto logo.
-Tudo bem.
Mia saiu.
Derik ouviu o choro de Helena, que estava alto por sinal, e foi em direção ao quarto. Bateu na porta.
-Helena?
-O que é!
-Abra a porta.
-Não posso agora. Estou ocupada.
-Fazendo o que? Helena, me deixa entrar.
-Vá embora.
-Por favor...
-Vá embora, Derik. -Gritou. -Eu não gostaria de te ver novamente.
-Eu só quero ajudar.
-Eu não... Quero que você vá embora.
-Tudo bem.
Derik foi em direção ao quarto e ficou lendo livros para distrair a mente.
Helena tinha parado de chorar e foi até o cômodo onde estava Derik.
-Olá?
-O que você quer, menina?
-Eu vim lhe pedir perdão pela forma rude que te tratei.
-É mesmo? Quando você estava chorando no quarto sobre sei lá o que, não pensou nisso.
-Eu sei... Por isso vim te pedir desculpas. Mas isso você escolhe se aceita ou não.
-Tudo bem pra mim.
-Eu queria te falar uma coisa.
-Diga.
Helena sentou-se ao lado de Derik.
-Minha mãe suspeita que você está amando outra garota. Você está?
-Sim, mas eu não posso tê-la para mim.
-Quem seria ela? Nós somos amigos, você pode me contar se quiser.
-Eu não posso te contar quem ela é. Ela é a garota mais bonita que já vi, mesmo ela sendo muito mais nova que eu. Já demonstrei gostar muito dessa moça... Parece que todos perceberam... Menos ela. -Talvez seja porque ela fica chorando por caras que nem se importam mais com ela...
-Enfim. Vamos direto ao ponto. Quem seria essa garota?
-Essa garota... Ai eu não sei como dizer... Eu não quero.
A mãe de Mia havia chegado e ela foi direto ao quarto onde eles estavam.
-Olá queridos. A sua avó está muito melhor, Helena. E terá alta semana que vem.
-Que bacana. -Helena sorriu. -Fico muito mais aliviada agora.
-Também fico.
Derik manteu-se calado.
-Não está feliz pela minha mãe, Derik?
-Sim estou.
A mãe de Mia tinha tido alta, e a festa de casamento havia sido marcada para agosto. Os dias estavam cada vez mais perto. Era dia 14 de agosto e Mia estava experimentando o vestido na loja junto com Helena.
-Estou tão animada para me casar com Derik que me sinto jovem novamente.
Helena deu um sorriso forçado.
-Também estou feliz. O vestido da senhora é realmente incrível.
Mia estava usando um vestido branco, com uma coroa de flores no cabelo.
-Eu estou me sentindo viva. Era como se eu nunca tivesse me vestido de noiva, sabe?
-A senhora está deslumbrante. -Helena foi em direção ao banheiro da loja.
-Onde vai?
-Ao banheiro, com licença.
-Toda.
Helena foi ao banheiro, chorar. O dia do casamento estava chegando e Derik não queria que chegasse nunca.
O casal tinha terminado de fazer as compras de casamento e já estavam em casa novamente. Helena relatou nas folhas do seu diário, seus sentimentos.
" Hoje eu ajudei minha mãe a entrar no vestido de casamento. Ela estava bonita, incrivelmente bonita. Às vezes eu queria estar no lugar dela para me preparar para o homem que eu amo." -Helena concluiu o diário, algumas lágrimas caíram.
Derik bate na porta do quarto.
-Você nunca se cansa de ficar aí trancada nesse quarto? Há um mundo lá fora para se ver...
-Não canso. Não quero ver o mundo nem as pessoas... O que há de ver lá fora? Pessoas morrendo? Obrigada, prefiro continuar me afundando na imaginação.
-Nós podemos sair. Para tomar um café, sair pela praça... Sair dessa rotina. Somos pessoas, temos que ser livre.
-O quão intensa será essa liberdade? Eu não serei feliz para sempre. Passo várias horas trancada no meu quarto, estudando e pensando nas coisas que queria que mudassem.
-Vamos sair logo dessa maré baixa. Há um mundo lá fora.- Derik puxou Helena da cama. -Vá tomar um banho, por uma maquiagem e roupas. Para sair um pouco daqui.
Em alguns minutos, Helena já estava pronta para ir. Eles foram até o carro. E Helena manteu-se quieta.
-O que está havendo com você?
-Nada.
-Está dessa maneira desde que eu sua mãe fomos ver as roupas para casamento.
-Por isso mesmo. Eu não concordo.
-Por que não? Ela é sua mãe, eu sou seu amigo.
-Eu não quero você com a minha mãe, acabou.
-Me conta pelo menos a razão disso.
-Não... Eu não posso falar...
-Fale! -Derik aumentou o tom de voz.
-Não! -Helena gritou.
-Fala logo, porra! Ele gritou novamente.
Helena estava sem cinto de segurança, abriu a porta do carro(que estava em alta velocidade), e caiu do lado de fora.
-Helena! Derik gritou.
Ele deu meia volta, estacionou o carro num canto perto de algumas árvores, foi em direção ao corpo de Helena.
-Helena? -Derik disse chorando. -Helena? Por favor não faça isso comigo.
Helena disse bem baixinho, num sussurro.
-Derik.
-Oi, oi.
-Nós precisamos nos afastar. Eu sinto que talvez não consiga viver, sinto que minha alma está deixando meu corpo.
-Não fale isso! Você é jovem. Eu vou chamar a ambulância!
Derik virou-se em direção ao carro para buscar o celular.
-Espere!
Derik voltou a direção de Helena
-Eu queria dizer a razão de eu não apoiar você com a minha mãe.
-Tá.
-É muito difícil de se falar...
-Mas fale.
-Não apoio você com a minha mãe, porque eu simplesmente te...
-Me...
-Amo.
Muito sangue estava saindo do corpo de Helena, então ela ficou fraca e desmaiou.
Os médicos chegaram logo, a festa de casamento teria de ser adiada pois Helena sofreu um grave acidente.
-Minha filha! Eu quero minha filha!
-Entre senhora, levaremos sua filha ao hospital.

Um cara bem mais velho que euOnde histórias criam vida. Descubra agora