-Ah, Nina. Às vezes eu quero morrer.
-Por que, você está com problema mental?
-Para de ser grossa.
-Você que está reclamando da vida pelos cantos. Sabe que eu odeio gente que reclama muito. Ainda mais num lugar tão lindo como a Austrália! -Nina disse enquanto arrumava as roupas que estavam em cima da cama do hotel.
-Não entendo como consegue manter-se tão alegre depois de tudo que aconteceu.
-Deve ser pelo simples fato de eu deixar o passado para trás.
Helena manteve-se calada.
-Mas você esqueceu seu passado?
-Não, eles fazem parte do que sou. E mesmo as coisas ruins devem ser lembradas. Os maus momentos servem de lição para não cometer os mesmos erros.
-Mas e quando outro alguém comete erros?
-Você perdoa esse alguém.
-Não consigo ter essa capacidade de cicatrizar minhas dores tão depressa como você.
-Pois tente. Amar e perdoar faz bem a alma.
-Mas perdoar...
-Perdoar significa não esquecer, mas sim aceitar que alguém errou e que se arrependeu; dando uma chance ao recomeço.
-Você consegue ser tão doce...
-Eu aprendi a ser assim, com meus tombos e dores. Há coisas na vida que não devemos correr atrás.
-Se refere ao Derik?
-Não especificamente.
-Mas eu entendi. Devo retirar do meu coração todo esse amor, que era ódio. Deixá-lo descolorir e murchar como uma velha flor.
-Mas é isso que o amor um dia se torna. No início ele é apenas uma semente, germina e florece. Apodrece, perde a cor, murcha e acaba. Mas essa flor quando se reproduz, gera mais flores que se não germinar também, não terão mais flores como estas.
-O que quis dizer, Nina?
-Que você deveria dar uma chance a si mesma em relação ao Derik. Ele te ama e você também o ama. Deveria parar de ser grossa para deixar a flor se reproduzir, não murchar.
-Você está certa. -Helena foi em direção a uma cama ao lado da janela, onde olhou fixamente ao horizonte enquanto conversava com Nina. -Mas estou cerca de mil milhas dele, estou na Austrália e queria tanto poder abraçá-lo como fiz antes de partir... Esperei ser correspondida desde os dezesseis, apesar de ser impossível um cara bem mais velho que eu, casado com minha mãe, me amar.
-Não saia tirando conclusões precipitadas, amiga.
-Por que não?
-Esses dias, andei conversando com Derik no telefone... Ele disse que sempre te amou, por isso comprou um imóvel e móveis perfeitos para você em Nova Iorque.
-Mas por que se casou com minha mãe?
-Ele disse que casou com pena de quebrar o coração dela, pois ela o amava muito. Mas antes do casamento, vocês não se conheciam, nem se gostavam tanto. Depois da aproximação de vocês, que ele começou a amá-la. Embora seja errado amar uma garotinha que tinha quinze anos na época.
-É... Não sei nem o que dizer...
-Não diga, amiga. Também fiquei assustada quando disse isso.
-Mas o que ele queria falar comigo no aeroporto mais cedo?
-Ele quis dizer que te ama, nunca amou uma moça na mesma intensidade como você.
Helena começou a chorar, dessa vez não era de tristeza.
-O pior é que ele sabe de tudo que eu sinto.
-Pelo menos seu amor é recíproco.
-Ele deve ter lido meu diário de quando tinha dezesseis, pois o deixei em casa quando me mudei. Helena começou a chorar de aflição. -Deve ter rido da minha cara.
-Ele deve ter ficado feliz, sua boba. Derik te ama assim como você o ama também.
Helena se enrolou nas cobertas.
-Como eu queria estar lá com ele...
-Está dizendo que minha presença é insignificante?
-Não, que isso! Você é minha melhor amiga, talvez seja a única verdadeira que tive.
-Não fique assim, Jacke era sua amiga também.
-Ela já está morta, não deve nem ter sofrido quando cortei nossa amizade.
-Por que fez isso, amiga?
-Ela quase que me leva para o caminho das drogas e da bebida, e quase que caio na dela. Foi melhor assim, se não, eu estaria morta e não daria para tê-lo para mim nunca.
-Estou tão feliz que depois de todo esse tempo, vocês vão conseguir ficar juntos.
-Juntos, nós seremos lendários.
Helena estava errada quando disse que Jacke gostou quando rompeu a amizade: Jackeline dava muito valor a Helena, e quando se separaram, bebeu mais exageradamente, trazendo sua morte. Talvez se tivesse com Jacke, nem estaria doente, nem bêbada pelos cantos. Usa drogas e bebe quem quiser, sua amiga ou seu amigo não podem te obrigar a nada. Mas Helena, imatura, teve dificuldade de entender isso e abandonou a pobre Jacke que só tinha Helena como amiga nessa vida toda. E quando mais ela precisou, foi abandonada.
E o Enrick? Onde ele foi parar? Amava mesmo Helena? Enrick nunca amou Helena, os garotos quando estão na adolescência nunca deram valor a uma menina, e só querem tê-las como conquista: pouco importa se ela ama, se não ama, quanto mais garotas ao meu redor melhor. Era assim o pensamento de Enrick, antes de conhecer uma moça loira dos olhos bem pretos chamada Jean, que com ela descobriu o verdadeiro significado das palavras "amor" e "amar", e junto com ela veio a vontade de conhecer a Europa: mudou-se para a Inglaterra(cidade natal de sua amada); para ter uma nova vida ao lado da mulher que ama, deixando tudo de lado. Era um advogado e também podia exercer a profissão de perito; tornou-se um cara bem sucedido e independente para fazer qualquer coisa.
As pessoas que fizeram questão de mudar a vida de Helena de alguma maneira, foram embora para bem longe. Mas nunca se esqueceram que Helena teve uma participação na vida delas também. Estavam vivos um para os outros, mas mesmo assim, achavam que a vida teria apagado um da memória do outro. Errados, tiraram essas conclusões, e acompanhada do remorso Helena partia para o cemitério todas as manhãs quando acordava em Nova Iorque, sentava-se no túmulo da jovem falecida: Jacke, e pedia sempre perdão por tê-la abandonado na missa e por ter se apaixonado pelo homem que foi de sua mãe. Mas o amor não escolhe era isso que não conseguia entender, por que amá-lo? Não pode ser outro?
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Um cara bem mais velho que eu
RomanceHelena é uma garota de nova Iorque que viu o pai ser morto em um grave acidente. Porém, a sua mãe já estava em um relacionamento com Derik e ele decide se mudar para a casa das duas, até o dia do casamento dele com a mãe chegar...