Nova York - 01

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{SKYE}

        Sempre achei a psicologia interessante. Escolhi essa faculdade somente por ter sonhado com isso. Eu acreditei que foi uma mensagem do meu Senhor pra mim. Eu sei que foi Ele quem me mostrou à que rumo eu devo seguir. Já estou no penúltimo ano e... admito que não amo, mas gosto e me dedico mesmo assim.

- É só isso né? - pergunto à Mel.

- Sim, queridinha. - me deu língua. - Será que você pode me levar no portão ou até pra isso está com preguiça?

- Quem disse que eu sou preguiçosa? Eu sou uma garota super ativa, Melanie.

- Com certeza. Você é a garota de vinte anos mais animada e pra cima que eu conheço. Nada de preguiça. - disse na ironia.

- Jamais. - rimos.

Ela pegou o seu material e fomos até o portão da minha casa. Nos despedimos com o nosso místico abraço: sempre apertado, como se nunca fossemos mais nos ver.

        Melanie sempre foi minha melhor amiga, desde que me mudei para Petrópolis. Ela tem a mesma idade que eu, cabelos claros, alta, magra e com uns olhos lindos. Mel sempre teve um jeito diferente do meu de pensar. Ela é mais livre, solta, dezenibida e que não liga pra opinião de ninguém. Coisa que eu invejo um pouquinho.

        Nos conhecemos na igreja por volta dos nossos cinco anos, crescemos juntas e sempre confiamos uma na outra. Ela pensa que não é o estilo, o jeito que irá se maquiar, os piercings ou mais alguma coisa que irá definir o seu caráter ou a sua religião e sim o que ela tem no coração. Eu concordo, mas acho que nunca teria coragem de fazer as coisas como ela faz.

        Quando estava prestes à fechar o portão, vejo mamãe estacionando o seu carro na nossa calçada. Sorrio ao vê-la sair, com o seu lindo uniforme de marinheira. Sarah tem quarenta e quatro anos, enfermeira-chefe da Marinha do Brasil e a mulher mais guerreira que já conheci. Sempre fomos somente nós duas. Somos Nova Iorquinas, mas minha mãe diz que viemos pra cá por conta de seu trabalho.

        Ela nunca fala sobre o meu pai e quando eu toco no assunto, ela fica sem graça e pula pra outro. Eu nunca entendi o motivo disso. Não sei e não lembro quem é o meu pai, queria pelo menos saber qual o nome dele, mas nem isso ela gosta de me dizer.

- Que moça mais cheirosa! - a elogiei enquanto nos abraçávamos.

- E que moça mais linda é essa na minha frente. - diz ela olhando em meus olhos, sorrindo.

Ela tirou o chapéu - que também faz parte do uniforme - e entramos em casa.

         Enquanto mamãe se trocava, eu já fazia os pedidos do nosso fast-food de hoje e a aguardava no sofá da sala, colocando nossa série, The Vampire Diaries (sim, mamãe vê comigo).

••••

- Mãe?! - a chamei, mesmo ela estando ao meu lado. - Por que pausou? O Stefan ia beijar a...

- Skye, a gente precisa conversar. - ela me disse séria.

- Pra senhora pausar a nossa série deve ser coisa grave. - dei um risinho. - O que houve?

- Filha, como você sabe, meu trabalho exige muita viagem, missões pelo mundo... E dessa vez o país que precisa da ajuda da Marinha é a África.

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