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"Viajar é mudar o cenário da solidão."
- Mário Quintana[ MERLIA ]
- BOM DIA! - grita tia Ana enquanto abre as cortinas do meu quarto. A claridade rasgou meus olhos, esfreguei minha mão pra ver se conseguia enxergá tudo direitinho.
- Tia, vai dormir, pelo amor de Deus.
- Nada disso, você vai levantar, já não aguento mais ver você nessa cama minha filha. - fazia quase um mês que minha mae tinha morrido, e desde então eu não consegui viver normalmente, talvez nunca consiga. Não atendia mais o celular, não saí mais de casa. Acho que perdi muito peso, porque quase não estava comendo, agora que estou voltando com minha alimentação normal.
- A senhora não tem idéia do quanto eu amo essa cama, e não consigo me separar dela. - disse e ela sorriu.
- Pensou no que eu te disse? - na verdade sim, ou não, não sei direito o que responder. A uma semana atrás minha tia me propôs ir morar com ela em Londres, ou ao menos passar un tempo.
Lá eu poderia respirar novos ares, e se eu quisesse poderia trabalhar na revista com ela. Tia Ana é dona das maiores revistas do mundo, a Teen Vogue. E tá passando um tempo aqui comigo, enquanto eu possa me firmar direito sem minha mãe, afinal eu nunca vou morar com meu pai, Giorgina - nova esposa dele - não gosta muito de mim, e eu muito menos dela
- Tia, não sei se eu estou apronta pra deixar tudo assim do nada. - disse enquanto me sentava direito na cama.
- Eu sei amor, eu te entendo. Mais o pior é que eu tenho que voltar semana que vem, não posso deixar a revista sozinha por muito tempo, apesar de ter funcionário competentes, tenho que estar por perto.
- Eu sei tia, obrigada por me ajudar nesse tempo difícil. - ela sorriu e me abraçou.
- Não agradeça, você é como uma filha pra mim Lia. - vi uma lágrima saliente querer cair. - eu vou estar na cozinha se precisar de alguma coisa, ta bom?
- Ta bom.
- Ah! O que quer almoçar? - ela me faz essa pergunta quase todos os dias desde que chegou.
- Qualquer coisa! - digo isso quase todos os dias desde que ela começou a me perguntar isso.
- Nem sei porquê ainda pergunto. - nós sorrimos. Apenas ela podia me fazer sorrir por dois segundos, mas depois a dor vem. - E Lia, mais uma coisa... - me viro pra olhar pra ela novamente. - sua mãe não iria gostar de te ver assim.
E depois de ter dito algo que vai ficar na minha cabeça o resto do dia, ela simplesmente se vira e saí do quarto.
A cada dia, é como se a ferida fosse parando de doer, mais nunca cicatrizando. E todos os dias eu só sabia pensar, e pensar. Pensar na minha tia Ana, em como ela está senso boa comigo, pensar no meu pai, que está lá agora com sua nova família perfeita, e esqueceu que tem um filha do primeiro casamento. Vejo meu pai, acho que quase um vez por mês, e mal.
Ele agora tem uma nova esposa, e mais um bebê, Freddie que vi apenas umas duas vezes desde que ele nasceu, mesmo antes da separação, eu não tinha um pai presente.
Aos meus 6 anos ele se separou da minha mãe, e desde então nossa relação nunca foi das melhores. Ele não faz questão de me procurar, e eu sou fã da frase "só falo com quem fala comigo".
Eu não diria que sinto mágoa dele, diria que é apenas... apenas... raiva?
Minha relação com meu pai não e nada digno de pai e filha, então não é algo que eu me preocupe tanto se acabar indo morar em Londres
Antes eu me perguntava, o porque de todos voltaram a trabalhar tão rápido, a sorrir tão rápido, a sair tão rápido depois do falecimento da minha mãe, mais eu estou vendo, que não foi "tão rápido".
Foi um processo lento e doloroso, e que eles só estão fazendo algo que eu também devia fazer: seguir a minha vida.
Como a tia Ana disse, minha mãe não gostaria de me ver em uma cama, o dia todo, apenas tomando água quando necessário, e jogando a comida debaixo da mesa, que passa de três dias sem a mínima vontade de tomar banho. Percebi então que eu devia começar a ver meus atos. A rever minha vida.
Eu amei incondicionalmente minha mãe, e tenho absoluta certeza que era recíproco. Mais o que eu não posso é para a minha vida por alguém que não vai mais voltar. Mesmo sendo minha mãe eu preciso assumir pra mim mesma que ela se foi. E que eu nunca mais vou vê-la. Nunca mais vou ter ela ao meu lado, me abraçando quando eu estiver com medo, me consolando quando eu estiver triste. Mais eu poderia fazer diferente.
Poderia ser forte por ela. Poderia ser a pessoa guerreira que ela era. Poderia começar a voltar a ser eu mesma, e viver em paz por algum tempo.
E sem perceber, já estou a caminho da cozinha. Minhas pernas então indo por elas mesmas, até que vejo minha tia.
- Eu vou com você pra Londres! - digo alto.
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•|Finalmente! Ela vai morar em Londres, quando será que ela encontrará o Harry? Só lendo pra saber meus amores. ❤🎆✔ |•
Jéssica Ju. ❤✔
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Merlia; H.S
FanfictionAos dezoito anos Merlia perdeu a pessoa que mais amava, sua mãe. Suportar uma dor como essa sozinha chega a ser impossível! Mas ela não estava sozinha, tinha um belo anjo ao seu lado, sua tia Ana, que lhe consolava e dava força enquanto precisasse...