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[ HARRY ]

— Ele foi tão ruim assim? — perguntei, essa história tinha me intrigado bastante, agora sei de seus muitos motivos pra ela chegar aqui tão machucada.

— Na verdade, quando morávamos juntos éramos felizes. Ele era maravilhoso, mas eu me lembro que ele foi ficando estranho, e quando vi tinha ido embora com outra mulher. — ela disse isso com dificuldade, algumas lágrimas ainda insistiam em cair, e ela fazia desenhos no meu abdômen enquanto estávamos abraçados na cama.

— Quem era essa mulher?

— Giorgina.

— Vocês não se davam bem não é?

— Mais ou menos. No começo ela até que não era tão ruim, mas foi ficando a megera que é hoje. — ela disse.

— Tem idéia do que vai fazer? — perguntei, eu queria ajudá-la, mas a escolha era dela.

— Não, eu não sei. Eu queria tivesse sido diferente. — ela dizia enquanto seu rosto se entristecia mais.

— Não pense em nada agora, só durma, e descanse. — disse a abraçando mais forte.

— Eu te amo Harry. — ela disse. — desculpa pelo show no jardim assim que chegamos.

— Tudo bem. Também foi minha culpa. E eu te amo muito. — disse me lembrando do meu ataque de ciúmes. Ela aos poucos  foi se acalmando, fechando os olhos até que dormiu, linda e serena com o rostinho um pouco vermelho das lágrimas.

Depois de alguns minutos, bem devagar tirei ela de cima de mim, e a pus em uma melhor posição. A cobri com um lençol, e dei um beijo em sua testa.

— Eu te amo. — disse baixinho.

E eu a amava mesmo, de todo meu coração. Desci as escadas e encontrei Ana conversando com João e Dona Célia.

— Ela já dormiu? — Ana perguntou.

— Sim. Demorou um pouco, a cabeça dela tá a mil, mas conseguiu pegar no sono. — disse.

— Só você mesmo garoto pra acalmar o furação Merlia. Normalmente quando ela tá assim, não quer ninguém por perto. — Dona Célia disse.

— É amor Dona Célia. — Ana disse, e eu me sentei no sofá ao seu lado.

— Poderia me explicar toda essa história direito? Não perguntei muita coisa pra Lia, não queria pressioná-la.

— Fez bem. — Ana disse. — Charlie e Marleane foram muito felizes enquanto eram casados, um amor que ninguém tinha dúvidas de que era verdadeiro.

— Se eles eram felizes, porque traiu a mãe da Lia? — o idiota peguntou.

Harry acalme-se, é tudo pela sua Lia.

— Giorgina, era assistente de Charlie na empresa de roupas da família. — Ana continuou. — todos percebiam que ela se insinuava pra ele de todas as formas, até eu que ia lá de mês em mês via isso.

— Ela deu o golpe do baú nele? — João perguntou.

— Do baú, não. Mas o dá barriga, sim.

— Então o Charlie traiu mesmo a Marleane? — perguntei.

— Nesse começo não. Ele não tinha tido nada com ela.

— E como ela apareceu grávida? — Dona Célia perguntou.

— Charlie era doador de sêmen. Ela foi em uma clínica de inseminação, que por consciência era a mesma de Charlie, e foi inseminada pelo sêmen dele, ficando grávida.

— Isso é sério? — perguntou João.

— Sim, Merlia não sabe disso. É muito sério, mas todos desconfiamos daquela gravidez, por passar meses sem uma barriga, e depois ela misteriosamente apareceu dizendo que perdeu o bebê.

— E o que aconteceu depois? — Dona Célia perguntou.

— Charlie já estava fisgado por ela. Foi quando ele deixou a família pra ficar com ela, Merlia tinha seis anos.

— Ele é um idiota, com todo respeito. — digo e Ana sorriu.

— Eu também acho isso Harry. — Ana disse. — e pelo visto Merlia também.

— Eu conheço a Lia, sei que ela tá arrasada, e um grande motivo além da morte foi que ela não pode se despedir, ela foi pega de surpresa com tudo isso. Ela não conseguiu se despedir de Marleane e deve estar se martirizando por não conseguir se despedir do pai também. Mesmo que a relação deles não fosse das melhores. — disse.

— Ele a amava, e todos nós temos certeza disso. Ele só errou muito, e não deu tempo de concertar o erro. — Ana disse.

— Acha que ela deve assumir a herança? — João perguntou a Ana.

— Sim eu acho. Não pelo fato do dinheiro. Georgina é extremamente fútil, e mentirosa, se ela não assumir o tem por direito, provavelmente tudo vai se passar para Freddie que é apenas um bebê, nas responsabilidades daquela mulher. — Ana disse.

— Menina Merlia é cabeça dura. Não vai querer nada disso. — Dona Célia disse.

— Dona Célia tem razão, nada vai fazer a Merlia mudar de idéia. — João disse.

— Na verdade tem uma coisa, ou melhor, alguém que pode. — Ana disse.

Diz logo pelo amor de Deus.

— Quem? — João peguntou.

— O Harry! — ela disse e eu sorri. — você poderia conversar com ela, ela te escuta.

— Claro que não, se tem uma coisa que a Merlia faz nessa vida é não me escutar. — disse na minha defesa.

— Ela vai te escutar Harry. É namorado dela, e em breve vão morar juntos. — Ana disse.

— Como sabe sobre isso? — perguntei.

— Garoto, ela é considerada minha filha, claro que ela me contaria.

— Ela vai morar com você? — João perguntou.

— E se for? Tem algum problema? — confesso que eu adoro implicar.

— Eu quebro a sua cara! — ele veio pra cima de mim, mas Ana entrou na frente.

— O que é isso? Pra sua informação João, ela não disse nem que sim, e nem que não. Ela ainda não sabe qual decisão tomar. E eu juro que não quero ser grossa, mas você não tem direito de interferir nisso. — Ana disse.

Eu já disse que amo essa mulher? O otário agora está sem saber onde meter a cara.

Se controla Harry, é tudo pela sua Lia.

Merlia; H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora