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[ MERLIA ]

Chegamos da casa de Isa bem cansados, mas eu estava bem eufórica com tudo que estava acontecendo. De poder rever vizinhos, amigos, e minha cidade. Nada havia mudado. Tudo continuava em seu devido lugar, tudo continuava da mesma forma quando fui embora.

— Está muito cansada? — meu amigo que estava me fazendo uma ótima companhia perguntou.

— Um pouco. — disse. — passamos o dia passeando com a Isa, e já estava anoitecendo.

No fundo do meu coração eu estava me sentindo culpada. Por não estar tão triste como deveria estar.

— Eu vou subir. Preciso tomar um banho. — João disse me dando um beijo na bochecha e logo seguindo para seu quarto.

A casa também estava tudo no seu devido lugar. O pior de estar lá é que em qualquer canto que olhasse lembranças da minha mãe surgiram na minha mente. A sala em que nós deitavamos e conversávamos bastante em incríveis momentos de mãe e filha.

Algumas lágrimas insistiram em cair. E de longe, eu vi um ursinho no cantinho do sofá, escondido pelas muitas almofadas.

— Buddy. — disse sorrindo enquanto algumas lágrimas caíam no meu rosto.

— Merlia será se eu podi... — João parou quando me viu. — tá chorando?

Ele veio na minha direção. Eu já estava sentada no sofá, olhando pro ursinho nas minhas mãos.

— Porque você tá chorando Lia? — ele perguntou sentando ao meu lado, passou a mão nos meus cabelos.

— Esse ursinho me acompanhou durante tanto tempo. Mamãe me deu no meu aniversário de quatro anos. — sorri com algumas lágrimas caindo. — eu fazia tudo com ele. Pra onde eu ia, ele estava comigo.

— E porque ele não está mais? — peguntou.

— Eu cometi um erro grave, eu cresci.

— Não foi um erro. Isso é inevitável pra todos Merlia.

— Eu sei. Mas eu sinto tanta falta. Que cada lembrança me faz repensar sobre tudo. Me faz ver que su poderia ter sido uma filha melhor. Pros dois, pra minha mãe, e pro meu pai.

— Não diz isso Lia. — ele me puxou pra um abraço, e eu me aconcheguei neles.

Pela primeira vez eu consegui me sentir segura nos braços de outro homem que não seja o Harry. João tinha uma importância tão grande pra mim que eu não queria perde-lo. Eu chorava no seu ombro, pois tudo veio a tona. A dor da perda dos meus pais surgiu mais forte do que deveria. E eu soluçava enquanto as lágrimas caiam sem cessar.

— Você precisa dormir. — ele disse. — amanhã vai ser um dia muito tenso. — ele falou me olhando.

— Eu sei. — confirmei.

— Eu sempre vou estar aqui. — ele disse me olhando nos olhos e eu sorri. — pra sempre.

— Obrigada. — disse.

Ele beijou minha testa, e se despediu mais uma vez indo pro seu quarto. Eu fiquei mais uns minutos apreciando a vista da minha antiga casa, até o sono me ganhar e eu subir pro meu antigo quarto.

Merlia; H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora