Merlia; H.S

25.

[ MERLIA ]

Hoje estávamos todos em uma correria, os meninos tiveram que ensaiar para a apresentação, e eu tive que respirar fundo pra entrar naquele vestido.

- Lia, você não tem nenhum vestido que possa usar mesmo? - Mari perguntou depois de quase a décima prova de todos os vestidos que tinha.

- Na verdade, sim não tenho mais nenhum.

Mari respirou fundo, e se levantou do puf, fitou meu closet com atenção, seus olhos percorreram todo espaço, e parou em um ponto específico, que me fez levar a visão para onde ela estava olhando, eu não consegui identificar, mas Mari andou em direção, e no meio de umas roupas conseguiu achar uma caixa.

- O que tem aqui? - Mari perguntou.

- Ah Mari, tem tantas caixas aqui, deve ser algum sapato.

- Posso olhar?

- Sim! - ela sentou no puf novamente e colocou a caixa nas pernas, e ao abrir viu um vestido preto. - Disse que não tinha mais vestidos! O que é isso?

- E não tenho. Esse vestido era da minha mãe, ele nem entra em mim.

- Podemos experimentar pra saber Lia. Se você estiver confortável, claro. - ela disse se levantando já com o vestido nas mãos.

- Mari, eu não sei. - sentei no seu lugar. - isso foi uma das poucas coisas que trouxe pra cá dos Estados Unidos. Eu não queria na verdade nada que possa me lembrar muito dela, pois a dor é muito grande entende. Preferi deixar tudo intacto na antiga casa.

- Lia, é uma ocasião especial, tenho certeza que ela iria querer que usasse. Talvez isso sirva pra você se sentir como ela.

- Sempre quis ser como ela quando era pequena. - sorrio de lado.

- Talvez possa se sentir como ela, ou até sentir ela por uma noite. O que acha? Ele é lindo!

- Tudo bem. - sorrio e Mari comemora.

- Você está linda Lia! - Tia Ana disse assim que entrou no quarto me libertando dos meus pensamentos.

- Eu espero estar a altura desse vestido.

- E está! Ela usou isso sendo ela mesma, apesar de estar elegante, nunca perdia seu jeitinho brincalhão de ser. Espero que possa ser você nesse vestido.

Eu sorri, porque talvez eu não consiga fazer nada, talvez porque tá passando mil e uma coisas na minha mente, a ponto de me fazer querer desistir de sair de casa hoje.

- Eu também espero. - consegui responder, depois de muita luta com meu subconsciente.

- Mas enfim. Harry está aí! - ela disse e eu sorri. - Já estou indo.

Ela apenas assentiu e desceu, enquanto me olhei no espelho novamente pra ter certeza que nada estava fora do lugar. Eu não estava tensa só porque Harry me chamou pra acompanha-lo, eu não estava tenda só por ter que honrar o nome da minha família que a partir de hoje apareceria nos tablóides mais do que já aparece, eu estava tensa porque tinha uma parte da minha mãe comigo.