39.

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[ Harry ]

No dia seguinte, Ana me pediu pra falar com a Merlia sobre assumir a herança do pai.

Realmente não sei de onde ela tirou a ideia de que a Merlia iria me escutar, ela costuma sempre fazer o contrário. Mas tentar não arranca pedaço. Então cedo eu fui para casa de Ana, ela não iria trabalhar hoje, pois queria dar suporte a sobrinha nesse momento, mesmo sendo ruim ou não, ele era o pai dela afinal de contas.

— Cheguei! — disse me sentando no sofá e colocando os pés na mesa de centro.

— Sério isso Harry? — Dona Célia me perguntou. — tira esses pés daí garoto, se não te coloco pra limpar.

Ela disse me batendo com um pano.

— Tá bom! — disse sério. — Onde está Merlia? — perguntei.

— Dormindo!

— Uma hora dessas? Vou acordar ela.

— Eu não faria isso se fosse você! — Ana disse entrando na sala. — ela fica uma fera quando a acordam.

— Ah, normal, ela vive zangada comigo mesmo. — disse subindo as escadas e indo pro quarto de Merlia. A porta estava só encostada por isso entrei e a vi espalhada na cama dormindo.

— Acorda Lia! — disse abrindo as cortinas e balançando ela.

— Fecha isso Harry! — ela gritou colocando o travesseiro no rosto.

— Não. — peguei o travesseiro.

— Eu te odeio sabia! — ela disse se sentando.

— Mas eu te amo, e você tá linda com o seu cabelo bagunçado. — disse sorrindo e ela ficou sem graça arrumando o cabelo.

— O que você quer? Nunca vem aqui tão cedo.

— Precisamos conversar! — eu disse.

— É sobre eu ter grudado chiclete na porta do seu carro? Se for isso em minha legítima defesa eu estava chateada com você. — ela disse.

— Não, não é sobre você ter grudado chiclete no meu car... espera aí, o quê?

— Desculpa, eu tava chateada com você.

— Aí só por isso grudou chiclete no meu carro? Esquece, não é sobre isso que vim conversar, mas não pense que se livrou.

— Então sobre o que você quer falar? — ela perguntou.

— Sobre o seu pai.

— Já pode ir embora. — ela disse deitando novamente.

— Merlia, por favor, vai lá pegar o que é seu.

— Eu não quero nada que venha dele Harry.

— Você me disse que a mulher dele é uma megera. Imagina o que ela pode fazer com esse dinheiro se você desistir?

A Ana tem que me pagar, isso tá sendo mais difícil do que pensei.

— Não vou.

— Você vai sim! E chega de se fazer de coitada. Vai colocar um bom e velho vestido bonito, um solto alto, vai pegar um avião direto para os Estados Unidos dar na cara daquela mulher.

— Eu não posso pegar o avião de moletom? — ela perguntou, um sorriso quase imperceptível surgiu nos seus lábios.

— Então quer dizer que você vai?

— Não.

— Merlia, depois de eu fazer esse discurso todo...

— Você não fez discurso, e só pra constar, tava muito gay. "Coloca um vestido bonito, um salto."

Ela disse me imitando.

— Não tenha dúvidas sobre a minha sexualidade, eu já te mostrei que tô muito longe de ser gay.

Ela sorriu.

— Você vai? — perguntei.

— Não sei. Ta doendo aqui, mesmo que não seja nem um pouco comprada a dor que a minha mãe deixou, mas tá doendo. No fundo eu gostava dele.

— Pensa que você vai poder saber mais sobre ele. — disse sentando na cama ao seu lado. — que você vai poder saber como era a vida dele nesses últimos anos. E vai cuidar de tudo que é dele, como se fosse seu. Porque na verdade é seu né.

— Ok, Harry entendi.

— Você vai?

— Com uma condição! — ela disse me olhando nos olhos.

— Qual?

— Você tem que ir comigo!

— Lia... assim... eu...

— Fala Harry!

— Eu não vou poder ir. — disse.

— Porque não?

— Tenho três shows pra fazer, nesses próximos cinco dias.

— Ah não! Eu não vou só.

— Eu posso ir com você.

Ah, fala sério cara!

— João? — Lia perguntou meio confusa por ele entrar do nadah no seu quarto.

— Fala sério, você tava escutando atrás da porta? — perguntei.

— Isso não vem ao caso. — ele disse. — eu posso ir com você Lia.

— E a sua faculdade? — ela perguntou.

— Eu dou um jeito. — ele disse. — Isso é ótimo, eu vou comprar as passagens.

— João acho melhor não... — Merlia disse mais já era tarde, ele já tinha corrido do quarto.

— Isso eu não aceito. Não aceito mesmo. — Harry disse pegando o celular e ligando pra alguém.

— Pra quem você tá ligando?

— Pro Simon.

— Pra quê?

— Não posso ir pro show.

— Como é que é? — ela me olhou séria. — desliga isso. — me tomou o celular finalizando a chamada.

— Merlia eu não vo...

— Cala boca! O que você não vai é deixar suas fãs na mão só por causa de um ciúme besta. Você vai fazer esse show, e eu vou pra Forks com o João. Estamos entendidos?

— Eu te odeio.

— Eu sei que não. — ela me beijou. — acho que eu tenho que fazer as malas. — ela disse sem a mínima vontade.

— Na verdade já estão feitas, nem foram desfeitas por causa da nossa última viagem.

— É verdade. — ela disse. Não demorou muito e ela deitou na cama novamente.

— Merlia levanta! — disse empurrando ela.

— Não! Me deixa aqui Harry.

— Merlia eu realmente não sei o que dizer nessas horas. — deitei ao lado dela.

— Eu tô bem. Só fui pega de surpresa. Querendo ou não, sendo um idiota ou não, ele era meu pai.

— Você sabe que pra sempre pode contar comigo, não é?

— Sim. Obrigada.

— Mesmo que você esteja indo pra outro país, com o cara que tem um queda por você. — brinquei.

Ela sorriu e revirou os olhos. Era assim que eu queria vê-la, sorrindo.

Merlia; H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora