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"Passado"

[ MERLIA SUMERS ]

Embarcamos naquele dia a noite, pela primeira vez em anos eu iria voltar aquela cidade. O que eu estava sentindo era algo indecifrável, não sabia se estava com medo, ou ansiosa para retornar.

Mas infelizmente meu coração ainda estava machucado. E lembrar de tudo que passei me faz querer cancelar tudo e retornar pra casa. Mas tia Ana precisa de mim. Chequei a agenda de shows da One Direction, e eles estavam com um show marcado no interior da Inglaterra, fazendo com que eu tivesse 0% de chance de esbarrar com ele.

- Com licença, poderia conversar com a senhora um minuto? - a aeromoça me chamou.

- Sim. - disse.

- Vamos chegar em Londres em breve, e pedimos que seja a última a sair, pois o aeroporto está cheio de paparazzis.

- Droga. Tudo bem. - retornei a minha poltrona, e Hailey tinha acabado de acordar.

- Tudo bem mamãe? - ela perguntou coçando os olhinhos, ainda acordando.

- Sim meu amor, mas vamos ter que esperar um pouquinho. - ela assentiu. Não demorou muito para que a aeromoça com mais uns dois homens viesse ao meu encontro.

Disseram que teríamos que sair pelos fundos, fazendo o máximo de esforço para não sermos vistas, afinal eles esperam ansiosamente pra que eu dê algum entrevista em relação a voltar a Londres depois de quatro anos tentando fingir que esse lugar nunca existiu, tarefa quase impossível.

Depois de sairmos do aeroporto pegamos um táxi direto pra casa da Tia Ana. O caminho inteiro foi uma nostalgia. Eu não podia acreditar que tudo havia mudado, mas nada tinha perdido a essência. As lembranças começaram a vir, e uma lágrima saliente quis cair, mas logo tratei de me recompor, minha sorte, foi que Hailey estava dormindo como um anjo no meu colo.

Quando chegamos o taxista me ajudou com as malas, já que Hailey ainda dormia. Paguei e agradeci. A casa continuava da mesma forma. Idêntica. O jardim continuava o mesmo, as mesmas árvores, os mesmos arbustos, a entrada da casa estava exatamente igual. E eu toquei a campainha. Nervosa. Muito nervosa. Mas eu precisava enfrentar aquilo.

- Merlia! - Dona Célia gritou ao me ver, e veio me dar um abraço, e logo quando viu a criança no meu colo tentou se controlar. - Leva ela pro seu quarto. Eu cuido das malas.
- ela disse sussurrando, e eu quase não consigo conter o riso.

Levei Hailey ao meu antigo quarto, que estava exatamente como eu deixei. A saudade faltava não caber no peito. Coloquei minha filha na cama, e a ajeitei pra ficar confortável. A deixei dormindo e desci.

- Que saudade que eu estava de você. - Dona Célia gritou, e eu sorri.

- Eu também estava com muita saudade. - lhe dei um abraço. - Onde tá Tia Ana?

- No escritório.

- Ela já está bem melhor. E chateada por eu ter te ligado.

- Vou falar com ela.

Segui ao rumo do escritório. Bati.

- Entra. - Tia Ana disse e eu adentrei o cômodo. - Meu Deus, Merlia que saudade. - ela me abraçou.

- Com o a senhora ta tia?

- Estou bem melhor. Célia que te ligou sem precisão. E quando eu tentei manter contato pra não vir mais, porque já estava bem, seu celular só deu fora de área.

- Já estava no avião. Peguei o primeiro que pude e vim.

- Mas se bem que não foi de todo ruim, estava morrendo de saudades de você.

Ela disse sorrindo.

- Mas você está melhor mesmo?

- Sim, mas médico me receitou algum tempo longe do trabalho, de repouso. E aproveitando que está aqui, queria que tomasse conta da revista pra mim.

- Claro que sim tia. - é o mínimo que eu posso fazer por ela.


Merlia; H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora