cap. 16

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Hospital
Hospital
Hospital

Eu já estava entrando em desespero, será que aquele sonho vai virar realidade, e aquela palavra de Genesis 5:24 sobre Enoque? "Tomou para si".

Não, não, não. - Briguei com meu subconsciente.

Paguei o táxi e entrei no hospital correndo, procurei na recepção pelo nome de minha mãe. A moça disse que ela estava hospedada no quarto
"167".   Meu pai estava sentado com minhas duas irmãs na poltrona.

- Pai!  -corri ao seu encontro.

- Filha!  -me abraçou. As lágrimas já desciam pela minha face.  - vai ficar tudo bem.

- não, pai! Não vai.  -chorei profundamente, querendo que a dor saísse também junto com as lágrimas. Mas não saía.

- não diga isso minha flor.  - percebi que as lágrimas também desciam pela sua face.  -é...é tudo questão de tempo.

- não minta para si mesmo, Pai! -sussurei.

Ficamos alí abraçados, chorando. Ele tentava me confortar, mas não conseguia, ninguém podia entender a não ser Deus. Dor forte e profunda.

- Pai, o que ela tem? -perguntei enxugando as lágrimas.

- Bom...-começou enquanto pegava água no bebedouro.  - os médicos disseram que ela tem Cardiopatia isquêmica. 

- Cardio...o que?! 

- é uma doença silenciosa filha, que atinge as artérias coronárias, que levam sangue rico em oxigênio para o coração. -explicou.

- sim, o que tem?  -tentei entender.

- Digamos que ela estreita as artérias..

- Paciente Marina!  -disse o médico.

Levantei depressa esperando o que ele iria dizer.

- Sim!  -disse meu pai.

- Só um pode me acompanhar. -informou.

- Vá filha, eu já vi ela.  -disse meu pai.

Assenti e segui o médico. Passamos por um longo corredor cheio de salas. Até que chegamos na "167".  Ele abriu a porta e eu pude ver minha mãe toda entubada, confesso que aquilo partiu o fundo do meu coração, parece que uma metade de mim estava morrendo aos poucos.

- Ela está descansando, melhor a senhorita se preparar, essa doença é silenciosa. Em quase metade dos casos a primeira manifestação da doença é a morte súbita ou infarto agudo do miocárdio. Eu sinto muito, não podemos fazer nada, se ela tivesse vindo antes poderíamos resolver esse caso. -explicou.  - a senhorita tem que ser muito forte!

- tudo bem Doutor, eu já sei...posso...ficar a sós com ela? -perguntei.

- claro.  -se retirou.

Olhei para seu rosto tão macio, acariciei seus cabelos loiros. Deus, que dor profunda!

- A senhora vai conhecer a Glória mãe! -sussurei.  - Creio que lá terás descanso para sua alma.

Me ajoelhei perante a maca, segurei em sua mão e orei.

- E a sua vontade prevalecendo sempre em nossas vidas. Vai ser difícil pois eu sou carne, não somos fortes o suficiente. Preciso das tuas armaduras, do teu poder, como foi feito na vida de Paulo. Me ajuda a cuidar de minhas irmãs, assim como ela cuidou de nós...

- fi-filha...  -ouvi uma voz rouca.

- Mãe?!  - abri os olhos.

- De-Deus disse.que.vai.me.levar -falou pausadamente.

- Eu sei... -sussurei. Não aguentei ouvir aquelas palavras, chorei de novo.

- E-eu...não pude ver sua face. -sorriu. -mas eu ouvi sua voz, como é suave.

Fiquei observando suas palavras.

- Eu te amo, filha. -sussurrou.

- Eu também mãe. -sorri.

- Não chore, tudo tem um propósito. Continue fazendo a vontade de Deus, pregando as boas novas, "Você ainda vai  tocar pra muita gente"  seu avô que dizia isso, lembra?

- lembro sim mãe!  -sussurei.

Ela não pode morrer agora, agora não Deus, preciso ter mais alguns momentos

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Ela não pode morrer agora, agora não Deus, preciso ter mais alguns momentos. Me conceda esse pedido.

- Eu preciso de você... -falei.

- E e....

- Mãe! Mãe! Não!  -gritei

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- Mãe! Mãe! Não!  -gritei.

O médico entrou correndo e analisou os aparelhos. As enfermeiras me tiraram de junto dela.

- Ela está dormindo, precisa descansar...se acalme.  -diz o doutor.

[...]

Avistei no começo do corredor um jovem muito bonito, com as mãos dentro do bolso. Gabriel. Corri ao seu encontro e o abracei fortemente.

 Corri ao seu encontro e o abracei fortemente

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- vai ficar tudo bem... -sussurou.

Fechei os olhos e me confortei em seu peito. Gabriel me passava uma segurança tão grande. Eu já disse isso? Não importa. Ele me passa.





Continua...

A Menina e o ViolãoOnde histórias criam vida. Descubra agora