PROLÓGO

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No dia em que eu morri

Chovia. Os pingos deslizavam pela vidraça da janela e refletiam no rosto palido da garota que olhava impaciente o horizonte cinzento.

Já havia esperado tanto. O longo vestido arrastava suavimente no chão enquanto seu corpo se movia de um lado à outro, inquietantemente.

Esperar nunca foi uma de suas melhores qualidades.

Estava pronta.Pronta pra ir....
A luz enfim balançou de um lado á outro, logo depois do Jardim.
Sorriu.Nunca havia estado tão feliz em toda aquela vida. Pegou a pequena maleta sobre a cama e se foi porta a fora, incapaz de olhar para tudo o que estava renegando ao abandonar aquela casa. Desceu as escadas devagar,com cuidado pois os degraus costumavam ranger.

Abriu a porta e, olhando para a saleta,o piano,as cortinas cor de pastel... Sentiu os olhos azuis marejarem. Ainda tocaria piano mais uma vez? Se deixou ir para longe dalí, antes que desistisse e voltasse.

A chuva era fria,mas,a vontade de vê-lo era bem mais forte que o vento frio que agitava seus cabelos negros. Correu para o jardim,arrastando a maleta com pouca dificuldade. Precisava encontrá-lo. Precisava de seus braços em volta de seu corpo e ouvi-lo dizer que aqueles foram os dias mais infernais da vida dele sem tê-la consigo. Tal foi sua decepção. Seu belo sorriso se foi,tão rápido quando se formou.
Seus braços não estavam nela e seus lábios não beijavam os seus...Não era ela que ele tinha...

- P-Patrick?!

Ele soltou a garota tão rápido que ela nem conseguiu ver seu rosto. Mas, aquilo agora era o de menos, pois já sentia os olhos arderem.

-Jasminne, eu posso explicar...

-O que significa isso? Porquê...?! O que está...??

Nem mesmo conseguia terminar. Seu corpo tremia.

- E-Eu... Eu posso explicar...

- O que você pode explicar? Como você pretende explicar isso? Quem é essa? De onde ela saiu?

Ele só conseguiu olhar para ela com aqueles belos olhos verdes que já lhe tiam prometido tantas coisas, e que,agora só conseguiam lhe fazer enoja-lo.

- Não! Não me responde...Eu nem quero saber!

Deu lhe as costas. Nem sabia como tinha forças para andar para longe dalí.

- Jasminne...J-Jasminne espera...Eu...

- Sai de perto de mim!- Ela respondeu entre dentes,seus olhos azuis destilavam ódio agora.- Você é um completo canalha!- Berrou sem qualquer controle- Nunca mais se aproxime de mim!

Ela correu para longe dele com a mesma disposição com que correu para perto. Não lhe daria o gosto de vê-la desfeita em lágrimas.

Correu para dentro do palacete que era seu lar, e fechou a porta atrás de sí. As pernas não sustentaram mais o que o psicológico acabara de destruir,e seu corpo cedeu ao chão. As lágrimas despencaram dos olhos enquanto o coração parecia se contorcer e se espremer dentro de sua caixa torácica. Não sangrava,então porque doia tanto?

- Jasminne?! Está tudo bem?

Ela se assustou.
Nem a vira chegar.
Mas,ela a viu chorar.

- E-Está sim Jullianne.

Mentiu.

-Está chorando?

Ela correu em direção a garota jogada no chão,preocupada.

-O que aconteceu? Se machucou?

Ela começou a procurar por qualquer marca de agressão na garota.

- Eu estou bem,já disse...

Ela se levantou de perto da garota e,com um sorriso quase macabro se pois a falar:

-Ele te traiu,não é?

A garota olhou para ela,quase assustada.como ela poderia saber? Ninguém sabia deles.

-Como sabe disso?

Ela deu dois passos para trás e sorriu olhando para os lados. As mãos se escondiam atrás do corpo esguio e alvo.

-Eu sei porque...
Ela olhou bem para Jasminne e ficou séria,quase assustadora.
-...Eu sou aquela garota!

E antes mesmo que Jasminne pudesse entender,a garota acertou seu peito com uma adaga prateada e reluzente.

Jasminne esfriou ao sentir o sangue escorrer pelo peito e se derramar de sua boca. Ela estava morrendo? Estava mesmo morrendo?

-Seu erro foi confiar em mim...

E ela sentiu o ar lhe faltar e sentiu-se sufocar enquanto o sorriso no rosto de Jullianne se tornar mais satisfatório.

-Durma bem...

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