PESADELO

131 5 0
                                    


     Aquele era um dia ruim. Era a pior sexta que ele já teve. Vinte de Dezembro. O pior dia da sua vida inteira. Olhava para aquela lápide maldita,com aquele nome cravado nela. Jullianne Watter. 

     Seus olhos claros se enchacavam em uma mistura de ódio e dor. A neve cobria boa parte da lápide, mas,o nome dela ainda era bastante visível. Parecia um tapa na cara de Alec.

      Por que fora lá? Não devia... Agora aquele buraco, que parecia tapado com a chegada de Margoth, havia aberto mais uma vez.
      Não importa o que fizesse,ele sempre estaria alí. Aquilo nunca deixaria de ser culpa sua.
      Secou o rosto,e olhando mais uma vez a lápide de mármore, deu-lhe as costas,e se foi entre as outras lápides,sumindo na neve clara que despencava dos céus.

*    *    *     *     *    *     *     *     *    *

      Margoth olhava para a janela e para o relógio. Já era tarde. Onde ele podia estar? Será que havia sido pego pela tepestade de neve que caia? É. Só podia ser isso,tentou se convencer, enquanto o sono não vinha. Suspirou nervosa,arrumando os fios soltos do caque atrás da orelha.

     Margoth ouviu um barulho vindo da sala. Era ele? Correu para lá,levemente aliviada.

- Alec?- Ela chamou por ele.

      Seu sorriso se perdeu ao vê-lo. Cambaleante,tentava fechar a porta,mas,não conseguia. Pareceu nem ouvi-la,cantarolava alto,uma música completamente sem sentido.

-Alec!- Ela o chamou por uma segunda vez,correndo até ele.

      Ele se virou para ela,sorrindo. Parecia que não a via há bastante tempo.

- Jullianne!- Alec respondeu, e caminhou até Margoth,abraçando-a de repente.- Eu acabei de vir do cemitério. Sua lápide estava linda.

-Alec! Quem é Jullianne?! Meu nome é Margoth!- Ela respondeu,se soltando dele de imediato.

     Ele caiu ao chão,sem qualquer equilíbrio.

-Alec!- Ela correu para tentar ajudá-lo a levanta-lo ,mas ele gargalhava ao chão. Estava completamente descontrolado.- Levanta!

- Vem pra cá!- Ele a puxou para seus braços.

      Estava bêbado. Ela deduziu ao sentir o cheiro de álcool que exalava dele.

- Me solta! Me solta,Alec!- Ela se debateu,saindo de cima dele.

-Ei! Quê que há?- Alec respondeu, gargalhando.

- Você está bêbado!- Margoth se afastou dele com certo medo.

- Não estou! Só bebi um pouco!- Alec respondeu, levantando o corpo desequilibrado do chão.

      Margoth o olhou por um segundo. Depois recuou mais para perto da escada. As batidas do coração aceleravam com o medo circulando pelo corpo. O estômago esfriava. Então, deu-lhe as costas,e correu pelas escadas para cima. Não podia ficar alí. O que ele podia fazer era imprevisível. Estava completamente aterrorizada.

- Jullianne !- Ele a berrou e correu atrás dela.-Que brincadeira é essa?- Gargalhava e corria.

     Margoth tentou se trancar no quarto,mas ele o invadiu sem muita dificuldade. Aqueles olhos. Não havia vida neles,ela notou sentindo o mais frio dos calafrios lhe subir à espinha. Ele fechou a porta atrás de sí.

- Vamos brincar...- Alec murmurou sorrindo.

     Ele correu até ela,tão rápido que ela mal pôde vê-lo. Abraçou seu corpo esguio e a jogou na cama.

Acorde!Onde histórias criam vida. Descubra agora