Já devia ser umas quatro horas da tarde. Alec saira para um almoço de negócios e ainda não havia chegado. Margoth caminhava pelo jardim,entre as árvores mortas. As botas de inverno afundavam na neve fria. A neve caia sobre a mão enluvada. Ver aqueles pontinhos flutuando pelo ar à fascinava. Elas eram livres e podiam ir aonde quisessem.Ficar em casa a entediava e era domingo, dia de folga de Dora e Adrian. Aquela casa se tornava muito mais tediosa. Então,explorar o jardim sombrio se tornou bem mais interessante.
Margoth despertou da sua exploração quando ouviu um barulho estranho. Parecia um...
- Oh...- Margoth falou, ao notar o pássaro jogado ao chão,berrando.
Era um corvo. A escuridão de suas penas o fazia se destacar muito bem naquela neve. Parecia machucado,pois não conseguia levantar vôo.
- Está machucado...- Margoth deduziu,olhando para a asa quebrada do corvo.- Não se preocupe,eu vou cuidar de você! Vai ficar tudo bem...
Ela falou pegando o pássaro no colo e o levou para dentro da casa.
* * * * * * * * * * *Já era noite quando Alec chegou em casa. Correu a procura dela. Não conseguia esquecer a noite passada. Precisava vê-la.
- Margoth!
A chamou.
-Estou aqui!
Ele a ouviu. Sua voz vinha da sala. Correu até lá e a encontrou sentada no chão,perto da lareira. Sorria,ele notou ao ouvir suas gargalhadas. O que a fazia sorrir? Alec correu para a direção das gargalhadas, intrigado,até ver o motivo de tanta euforia.
Ela brincava com um pássaro negro,um corvo com uma pequena atadura em uma das asas.-Mas o que é isso?- Alec perguntou, soando quase repulsivo.
- É um corvo... Estava no jardim.- Ela respondeu, acariciando a penas negras e reluzentes do pássaro que parecia apreciar muito- A asa dele estava machucada,então eu o trouxe pra dentro e cuidei dele.- Margoth o pegou entre as mãos e olhou para Alec.- A Dora me disse que você não gosta de animais,mas...
Não mesmo! Eu odeio. Principalmente corvos!- Alec soou indignado,quase irritado.
- Desculpa...- Sussurrou.- Ele tava machucado,eu não consegui deixar ele lá,no frio.- Margoth sorriu ao vê-lo balançar as assas- Ah! Olha... Ele já está se recuperando!
- Ótimo! Agora joga ele fora!- Alec ordenou.
- Eu não vou jogar ele lá fora,como se fosse um objeto!- Margoth falou, quase indignada. Ou melhor,bem indignada.
- Vai sim!- Alec respondeu, imparcial.
- Você não manda em mim!- Ela respondeu, colocando o corvo entre as mãos.
- Essa aqui ainda é a minha casa Margoth!- Alec a encarou,nem um pouco decidido a deixar que ela começasse a mandar na sua casa.- Isso não vai ficar aqui!
- Por que não? Ele está sozinho e indefeso...
- Por que eu não quero!- Ele gritou,assustando Margoth.- E ponto final!
Ela se afastou dele. Com o corvo na mão, olhou para o chão um tanto quanto desnorteada. Já não sabia quem realmente era Alexadder Watter. Sentiu os olhos marejarem,mas,não chorou.
- Desculpa! Eu...- Ela o olhou mas,logo desviou os olhos. - Eu não queria te aborrecer...
Margoth deu-lhe as costas,e subiu as escada para o quarto.
Alec suspirou,derrotado. Passou as mãos nos cabelos ruivose chutou a poltrona, furioso consigo mesmo. Havia falhado de novo. Olhou para a garrafa de licor na mesinha da sala. Parecia tão atraente agora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Acorde!
ParanormalSeria mais um dia normal para Alexandder Watter.Até que, em uma noite fria de inverno, dirigindo pelas ruas de Hollines, ele atropela alguém. Alguém que poderia parecer com qualquer pessoa,mas,no entanto,é externamente idêntica a sua noiva,morta em...