Ela olhava pelo parabrisa do carro,com tanta curiosidade e vislumbramento que Alec lutava para segurar o sorriso. Quero dizer,era a primeira vez que ele via alguém ficar feliz com a poluição do ar e neve suja. As luzes de Natal inundavam árvores e casas com luzes e leds. Ela parecia uma criança num parque de diversões.Margoth concordara em passar um tempo com ele - e não denuncia-lo para a polícia- com uma condição:Que ele nunca lhe perguntasse sobre sua família,nem sobre suas cicatrizes. Alec concordou. Ela era sua segunda chance. Não falharia de novo...
Chegaram à casa de Alec. Era um casarão mórbido,cor de cinza,que mais parecia um pequeno palacete do Drácula. Havia um jardim morto,com árvores mortas e secas. A neve inundava tudo e só o caminho de pedras se via em direção à garagem.
Não havia qualquer decoração natalina na casa o que a deixava mais sombria e mórbida.
-Porquê não tem decoração na sua casa?-Perguntou,enquanto o jardim sumia do retrovisor.
-Eu não gosto!-Respondeu,dando a entender que não queria responder a mais nada.
Ela por sua vez entendeu e respeitou. Se manteve calada até ele estacionar na garagem.
Alec saiu do carro,e entrou no casarão. Margoth o seguiu,olhando para todos os lados,se perguntando onde raios havia se enfiado.
-Olá Sr Watter...- Uma senhora baixa,vestida com roupas de serviçal apareceu repentinamente.-O que vai querer para o...MEU DEUS!-Levou as mãos pequenas à boca,horrorizada ao ver Margoth.-Impossível!E-Ela... Ela...
-Dora,está é a Margoth,uma amiga.- Alec respondeu em tom repreensivo.- Ela vai ficar aqui por um tempo...
-Oh! Sim...-Dora falou,e não parecia mais calma.-S-Seja bem vinda Senhora...Senhorita.- Se corrigiu,tropeçando nas palavras.
-Obrigada...- Margoth agradeceu. Não entendia o por que daquela reação tão exagerada. Nunca tinha visto aquela senhora na vida.
Alec continuou seu caminho em silêncio e Margoth se apressou em segui-lo. A sala era cheia de sofás e poltronas de época colonial. Havia um gigantesco lustre de cristal no teto,e grandes cortinas de tom pastel que iam do teto até o chão,escondendo as imensas janelas.
Uma grande escada levava ao andar de cima e se dividia ao meio,encontrando um corredor. Ele as subiu e Margoth o seguiu,sem dizer nada. Haviam tantas estátuas e quadros valiosos pelas paredes,alguns bem assustadores e mórbidos. Haviam algumas portas e janelas no fim do corredor,tapadas por pesadas cortinas. De fato,tudo alí era opaco e sem vida,quadros,paredes,cores... Mas isso não impediu Margoth de se maravilhar. Alí era um verdadeiro Palácio. Ela nunca entrara em um lugar tão lindo desde que dormiu no museu.
-Aqui é o seu quarto.- Alec informou,parando na terceira porta do corredor.
O quarto era enorme. Com janelas por detrás da enorme cama de casal,coberta por pesadas cortinas. Havia um criado-mudo em cada lado da cama,com abajures envernizados e de época. Uma penteadeira do lado direito do quarto,com um grande espelho emoldurando-a. Uma escrivaninha bem próxima da janela que pegavam praticamente toda a extensão da parede. O quarto era pintado em tom de pastel,com portas brancas,que davam para o banheiro e closet.
-Gostou?-Alec perguntou,sorrindo ao notar que ela ainda estava boquiaberta.
-Eu nunca tive...
-Um quarto?- Alec perguntou,curioso.
-Não...- Margoth falou,olhando o quarto com afinco.-Uma cama!
Alec a olhou com atenção. Como alguém poderia viver sem cama? Ela ainda vestia o mesmo vestido esfarrapado e sujo,os pés ainda descalço e no rosto ainda haviam arranhões,e mesmo assim ela ainda era bela e estarrecedora.
-Melhor tomar banho...-Alec sugeriu.-Vamos comprar algumas roupas pra você.
-Não precisa...
-Precisa sim!É minha convidada agora,não vou deixar que nada falte à você...- Ele concluiu,caminhando em direção à porta.- Vá tomar banho. Vou ver se encontro roupas pra você!
Dito isso,ele saiu do quarto e se foi.
Ela foi até o banheiro. Tinha uma toalha no cabide. Havia um espelho na pia gigante,e do lado paralelo,a privada. No box que dividia o banheiro tinha um chuveiro prateado.
Aquele banheiro era maior que...
Ela se entristeceu ao ver seu reflexo no espelho. A manga do vestido caia em um dos ombros,deixando à mostra a cicatriz fina que subia perto da clavícula. Seus dedos esbarram no colar de couroescuro, com um pingente em formato de coração. Suspirou. Correu para o box do choveiro para não ver novamente aquele reflexo.
Saiu do banheiro sem olhar para o espelho. Quando saiu do banheiro havia um vestido florido e solto,de alcinhas e um casaquinho de inverno,e um bilhete que dizia:
"Espero você na sala"
A.w
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Acorde!
ParanormalSeria mais um dia normal para Alexandder Watter.Até que, em uma noite fria de inverno, dirigindo pelas ruas de Hollines, ele atropela alguém. Alguém que poderia parecer com qualquer pessoa,mas,no entanto,é externamente idêntica a sua noiva,morta em...