FELICIDADE

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        Ele a posicionou bem a frente da janela que dava para o jardim. Uma visão perfeita.

- Quero que veja uma coisa...- Ele falou, procurando alguma coisa importante, na mesinha entre as poltronas na sala.

           Ela procurou por algo no jardim que fosse o que ele queria dizer, mas, não encontrou. Ele encontrou o controle remoto e, caminhando até Margoth, apertou um botão azul.

- E... Já!- Alec falou.

         Margoth levou a mão à boca, surpresa. O jardim morto agora tinha vida. Luzes de led se espalhavam pelos tronco das árvores, piscando, deixando uma mais colorida que a outra. Só agora podia ver como ele era grande.

- Que lindo...- Exclamou, levando a pequena mão à janela.

- E essa ainda nem é a melhor parte...- Alec falou, e antes que ela pudesse questiona-lo, ele já lhe estendia um casaco e botas de inverno.

          Chegaram ao jardim, coberto de neve e neon. Os imensos salgueiros desfolhados, os carvalhos menos assustadores e mais altivos agora, as grandes cerejeiras esbanjavam luz rosada, que mais parecia suas flores, na primavera. A glicínia japonesa debruçada seus galhos secos sobre o pequeno lago congelado. Era lindo alí, ela imaginou como poderia ser imensamente mais belo na primavera. Era um Jardim tão grande que mais parecia um pequeno bosque.

- Aqui é lindo...- Ela murmurou, maravilhada.

- Vem...- Ele a puxou pela mão, pegando um caminho de pedras que dava para uma pequena capela coberta de neve.

          Do lado dela, um enorme Pinheiro decorado com luzes de Natal. As luzes piscavam, coloridas, faixas vermelhas e douradas o rodeavam. Renas, papai Noel minúsculos, sinos... E uma estrela na ponta do pinheiro. Presentes espalhados aos pés da árvore de natal, que pareciam estrelas piscando para ela.

- Feliz Natal!- Alec anunciou, sorridente.

- Pensei que... Que não gostasse do natal.- Margoth o questionou, mas, as palavras tropeçavam na boca.

- Não gostava de nada antes de te conhecer...- Ele respondeu, colocando as mãos no bolso do casaco. Ela sentiu as bochechas corarem, um instante.

- Quando você fez isso?- Ela perguntou, tocando a decoração do pinheiro.

- Ontem... Quando eu cheguei a noite, fiquei sem sono, e pensei em fazer isso pra quando você chegasse...- Alec respondeu, vendo como ela sorria com a decoração natalina.

- Foi por isso que mandou Adrian me buscar?- Ela perguntou, se sentindo mal por ter pensado que ele não queria vê-la.

- Hunruum... Eu estava ocupado decorando tudo!- Alec falou, se aproximando do pinheiro.

- Adrian me falou que tinha ido para a empresa...- Ela falou, olhando Alec.

           Ele sorriu, divertido.- É Natal Margoth... Ninguém trabalha... Quer dizer, menos eu que passei o dia montando arvore de natal!- Explicou, sorrindo.

- E eu pensei que você não queria me ver...- Margoth falou, e, por um momento, se sentiu horrível.- E você fez um Natal pra mim...

- Por que achou que eu não queria te ver?- Alec perguntou, e parecia quase indignado.

- Não sei... Por que eu pedi pra você ir embora, aquela noite...- Ela respondeu, sem coragem de olhar no olhos dele.

          Ele sorriu, mais uma vez, e, a fez olhar para ele. Ele parou um segundo, e olhou para ela.- Margoth, eu nunca deixaria de falar com você por isso...

            Margoth mergulhou nos olhos dele, sem querer voltar à superfície. Como eles ficavam estarrecedoramente belos com o reflexo das luzes. Eram simplesmente apaixonantes. Ele era apaixonante.

- Eu sei que você disse que o que eu sinto não é real...- Ele falou, olhando para os lábios dela, compenetrado naquele rubro.- Mas, por que eu me sinto assim, quando estou com você?

- Você também disse que não existia nós dois...- Ela falou, notando que ele se aproximava mais dela. Por que estava paralisada alí? Por que não queria fugir dele? Estava desejando aquele beijo?

- Eu menti...- Ele respondeu,e estava tão próximo que conseguia sentir de novo o perfume dela.
            Mal conseguia falar. Só conseguia pensar que ela estava linda vestida na camisa dele. E que ela sempre esteve linda para ele. E que aquilo que sentia já não era loucura. E que deixaria tudo por ela, se o quisesse tanto quanto ele a queria agora.- A verdade é que você mexeu comigo desde o primeiro dia, e não porque você me lembrava a Jullianne, mas, porque você me atrai... De um jeito que, eu nunca me senti atraído por ninguém...

- A verdade é que...- Ela falou sentindo a respiração dele em seu nariz. - eu também menti...

          E ela fechou os olhos.
          E ele a beijou.
    
           Aqueles lábios deslizando nos seus. Sentiu quando ele a pegou pela cintura, trazendo-a para perto. Seu coração nunca esteve tão acerelado. Ele podia sentir a mão pequena dela sob seu peito. Não queria deixar seus lábios, não queria deixa-la, nunca mais. Não conseguia mais resistir a ela. Já não queria ignorar aquilo que crescia em seu peito e transbordava. Ela afundou as mão no cabelo dele, queria mais daquele beijo. Não tinha medo. Não tinha repulsa. Aquilo sim, era mais real que seus sonhos. Era deles, e somente deles.

           Suas bocas só se separaram quando o fôlego se fez necessário. Ela ainda estava em seus braços,e ele a segurava como se nunca mais fosse deixa-la. Arfavam. Os corações batiam num ritmo único. Ela não ousava abrir os olhos, mas, alí na escuridão, pode ouvir sua voz.

- Eu não consigo explicar isso...- Ele disse. Parecia exasperante, e nervoso. Parecia não saber o que explicar. Como se fosse a primeira vez que beijava alguém. Mas,suas mãos ainda estavam alí,segurando-a.- Eu... Eu me sinto... Vivo!

          Alec pegou a mão dela entre as suas, e a levou até seu peito. Olhou dentro de seus olhos, e a viu ficar vermelha. Sorriu.- Está sentindo? É por sua causa que ele está assim...

           Uma de suas mãos viajou até o rosto dela, e repousou bem alí. Aquele toque. Lhe fazia derreter dentro de sí. Não era ilusão. Aquilo era real. E ele era real. O viu se aproximar uma segunda vez, e seus lábios rente aos seus novamente. Fechou os olhos, esperando por um novo beijo. Sua mão voou até o rosto dela, trazendo-a para perto. Já podia sentir seus lábios nos seus, quando o ouviu dizer:

- Eu te amo...

            Algo creceu dentro dela. Aquela sensação crescendo e a tomando, enquanto ele a beijava. Nunca se sentiu tão leve, tão viva. Tão... Feliz. Ele a amava. Aquilo era muito maior que um momento. Ele a amava! E ela sempre o amou, só não sabia disso até agora. Mas, era ele. Sim, foi por ele que esperou todo esse tempo. Todas essas vidas. Sempre foi ele.

            Derrepente, dela uma luz se expandiu. Uma luz dourada que engoliu os dois. E explodiu espalhando um brilho dourado por todo o jardim. Ele ouviu quando um estrondo tomou o lugar e algo o traspassou, e lhe trouxe a mais leve sensação de paz e... Felicidade.

           Quando deixou seus lábios, pareceu se assustar com o que viu ao seu redor. Margoth deixou o sorriso que trazia, notando que ele não olhava para ela, mas para o jardim.

- O que foi isso?- Ele perguntou, e parecia incrédulo.

           Foi quando ela olhou ao redor, e quase caiu para trás. As cerejeiras abriram flores rosadas e invadiram suas árvores de beleza. A glicínia japonesa foi tomada de flores que decoravam seus galhos, antes secos. Os carvalhos silvestres recuperaram as folhas cor de pôr-do-sol. O único salgueiro do jardim se refez, vivo, onde a neve recuava. As rosas brotavam no gramado verde, os lírios se abriam e lançavam seu perfume no ar.
           Ela olhou para aquele jardim, levemente desnorteada. Ele estava morto à dois segundos atrás. Deu duas passadas para trás, tropeçando nas botas cor de glacê.

- Acho que...- Ela levou a mão ao peito, onde ainda sentia um pouco daquela sensação.- Fui eu...

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