Ele já estava na metade da garrafa de whisky. Já eram duas da manhã,e ela alí,trancando naquela sala sem nenhuma mobília,onde só o fogo da lareira existia de vida. Aquilo era exatamente o que fazia todas as noites,quando conseguia se manter de pé,ou quando não já chegava bêbado e purpurinado.Passar as noites acordado em farras o impedia de dormir e sonhar com aquela noite. Todas as vezes que fechava os olhos o pesadelo lhe voltavam à mente,com toda a força. Os flash's dos meses em coma,de acordar e perceber que não era um pesadelo;Ela não estava mais alí.
-Jullianne...-Alec berrou,as lágrimas despencavam reluzente de seus olhos,as mãos tremiam enquanto as cenas de horror cercavam sua visão.-Me perdoa... Por favor,me perdoa...
Chorou e berrou,e rasgou os quadros que ainda restavam na sala,e se lamentou por toda a madrugada. Aquele era seu jeito de se culpar e de se punir por ser o grande responsável pela morte do seu grande amor.
Quanto mais se afundava naquela garrafa,mais perto da morte se sentia,e quanto mais perto da morte,mais perto de Jullianne. A ideia de se jogar do telhado parecia tão atraente agora.
Mas,ele desmaiou de bêbado e sua inconsciência o salvou de um suicídio-Ela sempre o salvava de um suicídio.
O sol nasceu trazendo um fugor estranho para o rigoroso inverno de Holiness. Ele olhou para a tela do celular,jogado no chão. Era sábado,dia de folgar do inferno. Suspirou de alívio. Não tinha forças para levantar,então continuou deitado no chão,sem vontade de se pôr de pé e encarar tudo o que temia.
Acordou novamente horas depois,já era tarde. Levantou-se do chão,cambaleante. Precisava tomar um banho. Precisava mesmo. Saiu da saleta.
A água fria do chuveiro era a única forma de fazê-lo retomar um pouco da sobriedade. Ficou debaixo daquele chuveiro por, pelo menos,quinze minutos. Saiu do banheiro enrolado numa toalha cinza. O corpo bem definido e sardento brilhava como diamante assim que a luz da lâmpada refletia nas gotas de água coladas na sua pele alva.
O celular tocou em cima da cama,e ele correu para atender.
-Como ela está?-Alec perguntou de imediato,como se tivesse previsto.
-Ela está bem Alec.-De fato,era o Dr Carry.-Teve sorte,sofreu uma leve pancada na cabeça,não teve nenhuma fratura...Deve acordar em algumas horas...
-Ah! Que alívio!
-Porquê?-Dr Carry questionou.-A conhece?
-E-Eu? Não!-Alec gaguejou,nervoso.-Eu a encontrei...
-No Prince,eu sei. Ela tem umas marcas estranhas nos pulsos, parecem cicatrizes,o que me leva a crer que ela foi vítima de algum tipo de violência...
-C-Como?!
-Venha para cá. Aqui explico isso melhor!
-Tudo bem,estou indo...
Alec desligou o celular sem nem ao menos se despedir-Sim ele era bonito,porém,mal educado-. Correu para o closet,vestiu uma roupa qualquer e saiu. Sua Mercedes estava no concerto - sem manchas de sangue,pois ele limpou quando chegou - Então saiu na picup mesmo. Chegou ao Waverly atrasado,o trânsito estava um caos.
-Em que quarto está a garota que eu trouxe ontem?- Ele perguntou à recepcionista,que,aliás,era a mesma da noite passada.
-Ah... Bom! É só seguir o corredor e pegar o elevador para o nono andar. O quarto dela é o trezentos e trinta e sete.-Ela respondeu.
-Obrigado!- Alec agradeceu, e se foi.
Fez o instruido pela recepcionista. Pegou o elevador e parou no nono andar. Assim que as portas de aço se abriram ele correu,procurando pelo quarto como se sua vida dependesse disso. O encontrou. O Dr Carry já saia dele.
-Ah... Oi Alec!- Ele falou cumprimentando Alec.
-Dr Carry!-Alec respondeu,um tanto nervoso.-Como ele está?
-Bem,apesar da atropelada que você deu nela.-O Dr Carry respondeu,olhando Alec por cima dos óculos.
-C-Como?!-Alec perguntou,nervoso.
-Eu vi as câmeras do hospital Alec,não tente mentir... Seu carro estava todo estragado!-Dr Carry falou-E nem tente esconder porque eu te conheço desde criança!
Carry era amigo do pai de Alexadder de longas datas. O conhecia desde os três anos de idade. Alec praticamente cresceu junto de Carry. Ele o considerava uma espécie de tio.
-F-Foi um acidente... Eu não quiz...
-Eu sei! Você fez bem em trazê-la aqui!-Ele respondeu.-Agora,eu não sei o que pode acontecer à você...
-Você vai me denunciar?-Alec perguntou,congelado dentro de sí.
-Não!-Dr Carry respodeu, observando sua prancheta.-Mas,quando ela acordar e quizer fazer isso,eu não vou impedi-la...Há menos que...
Alec o olhou com atenção.
-Ainda não sabemos que danos colaterais ela sofreu... Com a batida,pode ter se desencadeado uma amnésia em seu cérebro.
-Então,ela pode não lembrar do que aconteceu?-Alec perguntou.
-Pode ser que sim.-Dr Carry respondeu.-O que realmente me preocupa agora é para onde ela vai quando sair daqui. Sem nomes,documentos e sem idade para ser adotada... Receio que vá para alguma casa de menores infratores.
Alec parou um pouco. Parecia pensar em algo deverás importante.
-Bem... E se ela ficar na minha casa por um tempo? Até acharem um lugar para ela?-Ele sugeriu.
-Esse é o seu jeito de concertar tudo Alexadder?-Dr Carry inquiriu,nervoso e indignado.
-Já destruí uma vida antes...-Falou sem olha-lo diretamente.-Me deixe tentar ajudar esta...
Dr Carry suspirou e,arrumando os óculos,disse:
-Tudo bem,Alec...-Dr Carry falou,e assim saiu corredor a fora.-Ah!E não se assuste com o que vai encontrar.-Falou,ainda caminhando para longe do quarto.
Alec o olhou sem entender nada. Mas, ele já estava longe o suficiente para não ouvir a sua pergunta.
Ele balançou a cabeça em negativa e entrou no quarto. Fechou a porta atrás de sí e ao encontrá-la sobre a cama quase cai para trás.
-Impossível!
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Acorde!
ParanormalSeria mais um dia normal para Alexandder Watter.Até que, em uma noite fria de inverno, dirigindo pelas ruas de Hollines, ele atropela alguém. Alguém que poderia parecer com qualquer pessoa,mas,no entanto,é externamente idêntica a sua noiva,morta em...