Aviso: Este capítulo contém alguma linguagem.
Na verdade é só uma palavra mas é melhor prevenir do que remediar... E pode haver disto noutros capítulos, beware!
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Nos calabouços do Palácio das Nuvens
Vanessa desceu as escadas, todas as celas estavam vazios expeto uma. Nessa cela estava uma mulher. Autrora os seus cabelos eram de um loiro vivo e por vezes com madeixas vermelhas em momentos de grande felicidade. Autrora ela tinha sempre um sorriso na cara. Agora os cabelos estavam sujos e ela não sorria á anos, quando notou em Vanessa ficou com uma expressão de desprezo misturada com medo:
- E ainda mostras aqui a cara? - pergunta ela.
- O palácio é meu por isso eu mostro a cara onde bem me apeteçer! - disse Vanessa.
- O palácio é nosso! Não teu!
- Poupa-me, Cecília. Tu agias como se fosse tudo teu quando governavas e não me lembro de te importares comigo.
- Mas Vanessa, olha o que fizeste.
- Eu sei, depois da remodelação que fiz as coisas ficaram bem melhor.
- Não foi o que eu ouvi... Mas também não fiquei muito bem, aqui sozinha.. Tu não sabes o que é isso.
- Como assim? Era isso que eu sentia.
Cecília levantou mais a cabeça.
- Todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos... Mas talvez agora finalmente saibas como eu me sentia. O sentimento de culpa de ter de ser invisivel pela tua irmã.
- Como assim?
- O teu sol também fazia sombra. Sombra á minha noite e ás minha estrelas! Á minha feliçidade e á nossa amizade! O sucesso subiu-te á cabeça e todos te feliçitavam! E a mim? Nada! Nem de ti! - disse Vanessa, tentando conter a raiva - Tu disses-te que ficaríamos juntas e unidas não importando o que acontece-se e para toda a eternidade! E tu fizes-te isso? NÃO! Eu primeiro estava feliz por ti e ficava de lado por ti, mas tu não mereçias que eu ficasse assim. Invisivel e sem me esforçar mais por darem por mim...
Ela ficou calada e sabia Vanessa tinha razão. O que podia ter-se passado se tivesse cumprido aquela promesa de crianças. Mais tarde, Cecília, arrependeu-se do que disse a seguir:
- Se é assim que pensas, muito bem! Continua assim! Diz isso a ti própria!
- E eu fi-lo, Cecília. Todos os dias e todas as noites...
- Pff... Mas porque fizes-te isto? Tu sabes que todos adoravam o sol...
- Talvez devam mudar de gostos. Porque o sol não vai apareçer mais.
- Mas e as pessoas? Vão fartar-se completamente um dia.
- Quando esse ''dia'' chegar eu vou estar preparada para enfrentar as consequênçias.
- Consequênçias, tipo o que se passou com a Sofia e a Lay?
- COMO TE ATREVES A SEQUER DIZER OS NOMES DELAS?! - gritou Vanessa.
- Vanessa...
- Cala-te! CALA-TE! - gritou ela - QUERES VOLTAR A SAIR DAQUI?!
Cecília calou-se imediatamente e o silêncio voltou a cair nos calabouços. Ela voltou a testar os poderes dela mas só conseguiu uma faísca.
Uma faísca minúscula... Mas foi o suficiente para Vanessa notar. A sua face tomou uma expressão grotesca. Um sorriso maquiavélico apareçeu enquanto ela falou, numa voz mais negra do que o habitual:
- Sua cabra...
Cecília viu que ela tinha notado na faísca e amaldiçoou-se a si própria mentalmente enquanto tentava que as lágrimas não caissem.
- Vanessa, por favor. Já me torturas-te o suficiente! Por favor.
- É Deusa da Noite para ti.
Ela sentiu um arrepio e lágrimas nos olhos quando Vanessa se agachou para ficar ao mesmo nível dela.
- E a culpa é toda tua. E eu nem quero nem uma faísca, foi uma faísca que mudou tudo, lembras-te?
Vanessa virou-se para a entrada e gritou:
- TIREM-NA DAQUI! Já sabem para onde...
Ela virou-se para irmã mais velha que começava a tremer de medo, mesmo que tenta-se disfarçar e sorriu. Cecília olhou-a nos olhos mais uma vez.
Quem diria que aquele monstro que ela tinha na frente já tinha sido uma menina pequena e inocente, que falava sobre constelações e era a melhor a jogar ás escondidas.
As duas ficaram em silêncio. Cecília pensou em como agora não tinha nada a perder e disse:
- E eu tive muito que pensar neste... sitio... Eu sei lá quanto tempo já passou! Pelo menos mais de dez anos...
- Qunize anos, duas semanas e três dias...
Cecília ficou surpreendida por Vanessa saber isso. A própria Vanessa perguntava-se porque tinha ela dito aquilo e como é que ela ainda se lembrava do tempo exato que tinha passado.
- Tu nunca quises-te começar tudo de novo? - perguntou Cecília.
Vanessa hesitou.
- Não. - disse Vanessa.
- Vanessa...
- Vou-me embora. - disse Vanessa, interrompendo-a.
- Deixa-me acabar! - disse Cecília, desesperada - Quando tu te revoltas-te contra mim eu nunca tive tanto medo...
- Medo de quê? - perguntou Vanessa.
- De te perder, naquele momento eu percebi como eras importante e eu não te queria perder...
Um brilho passou pelos olhos de Vanessa. Mas ela voltou a ficar com a expressão dura que já era normal para ela e disse:
- Tarde demais. - disse Vanessa - Os guardas já te vêm buscar. Vêmos-nos na sala de tortura...
Cecília não aguentou sequer pensar na sala e começou a gritar com todas as forças. Vanessa trancou tudo e voltou para o quarto.
Ela pensou em como podia não ter deixado a irmã mais nova isolar-se daquela maneira. E transformar-se naquilo...
Vanessa já não tinha as madeixas azuis brilhante nem os olhos azuis profundos nem as faces brancas e delicadas de que Cecília se lembrava. Só olhos negros medonhos, cabelos completamente pretos e expressão dura.
As duas tinham feito erros, mas nenhuma parecia querer admiti-los.
Á tarde, no parque central.
- Foi um péssimo dia que escolhemos para vir ao parque! - disse Sofia.
- Pois é. - disse Lay - Não se vê muita coisa, hoje. Sem os candeiros de rua estavamos perdidas.
- Continuando a conversa de ontem á noite. Achas mesmo que podemos ser gémeas?
- Provavelmente. Tudo encaixa... Mas como podemos ter a certeza...?
- Os nossos pais! Talvez com eles podemos ter mais provas! - disse Sofia.
- Achas?
- Sim. Talvez possamos concluir alguma coisa... Amanhã os meus pais não têm nada que fazer!
- Como assim?
- Reunimo-nos todos e dizemos o que pensamos. Podemos ser gémeas. Ponto final!
- É uma boa ideia, acho que os meus pais também podem!
Por cima da cabeça delas um pássaro preto e com a ponta das asas amarelas, pousa á beira delas.
- Eu posso ajudar-vos. - disse o pássaro.
- AHHHH! - gritaram as duas raparigas.
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A Deusa da Noite
FantasyUma vez que havia duas irmãs. A irmã mais velha fez o dia e a irmã mais nova fez a noite. Por muito tempo a sua função foi trazer a sua respetiva fase do dia e assim foi por muitos milénios. Mas a inveja começar a crescer na irmã mais nova que sente...