Capitulo 16 - Esperança no Labirinto

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Sofia e Max andavam por curvas e a direito.

- Isto esta mesmo aborrecido... - disse Sofia - Nada se passa á dias.

- Se considerar ser atacado por pássaros com dentes, nada...

- Oh, Max... - disse Sofia, sorrindo - Os pássaros só eram aterradores para ti. Eles eram do tamanho de pintainhos...

- Um mordeu-me uma asa..

- Mordeu-te uma pena. - corrigiu Sofia.

Ele revirou os olhos e depois pôs-se bruscamente numa posição de alerta.

- Que se passa? - perguntou Sofia.

- Ouvi alguém.

Sofia parou de andar e tentou ouvir.

Ouviam-se sussurros. Por cima deles.

Ou perceberem isto, eles começaram a correr.

Noutro lugar

Sentada num chão invisível, Lay viu Sofia e Max a correr pelo labirinto. Eles tinham-na ouvido a falar com Ens.

O chão era como uma janela para todo o labirinto e as paredes eram de pedra escura. Ens estava a á entrada da divisão, timidamente.

Ens era longe de ser um monstro. Ela era uma ''Vox-Metaformer'', criaturas assustadoras, com a capacidade de imitar as vozes de familiares e pessoas queridas da presa, ou até mesmo uma voz que assuste. Mas segundo Ens, os vox-metaformers eram bastante tímidos e até simpáticos e só matavam para se alimentar.

- Porque estás aqui? - perguntou Lay.

- As Cortes das Nuvens acharam que nós eramos abominações, andaram atrás de nós e chacinaram-nos a todos. - disse Ens - Sou a última da minha espécie. A Deusa da Noite deu-me abrigo quando o meu clã foi assassinado. Mas depois...

Lay não se atreveu a falar.

- Depois da Deusa da Noite se tornar o que ela é e ter tornado isto num labirinto, ela amaldiçoou-me... Quando estiver fora destas grutas, a minha casa, e estiver no labirinto, o meu instinto assassino vai atrás de qualquer criatura com pulso. Quando aceitas-te a minha segunda oferta, consegui tomar um pouco de controlo de mim própria e trazer-te para aqui com os membros todos no sitio!

- Estou feliz por isso de uma maneira que tu não tens noção...

Durante a conversa, Ens tinha-se aproximado de Lay, que já não sentia medo dela. Ens fez uma pausa e depois perguntou:

- Bem, tu sabes a minha história. - disse Ens - Mas eu não sei a tua. Que te trouxe na missão de ires ao Palácio das Nuvens?

Lay engoliu seco e pensou em como devia começar. Ela respirou fundo e levantou a cabeça um pouco mais.

- O meu nome é Lay Maciel LaLuna. - disse Lay, lembrando-se do que Máli lhe tinha chamado.

Ens abriu a boca de espanto e Lay jurou que as costuras da boca dela iam rebentar.

- Yep... - disse Lay - E estou aqui com a minha irmã, Sofia, para tentarmos fazer  com que a Deusa Vanessa volte ao que era e acabe com a Noite Eterna.

- Wow...

Ens fechou a  boca. Mas depois voltou a abri-la para perguntar:

- Vieram sozinhas?

- Não. - disse Lay - Viemos com um pássaro chamado Maximo.

- Maximo? - perguntou Ens - Maximo Teixeira? Ele não estava morto?

- Como assim? - perguntou Lay, confusa.

- Maximo era um dos criados do palácio! - disse Ens - Ele descobriu o caso da Deusa com outro criado e ela matou-o!

Foi a vez de Lay de ficar com o queixo caído.

- Como sabes disso?!

- Vivo numa gruta. - disse Ens - Mas mantenho-me a par das novidades. Ou pelo menos, mantinha-me...

- Estás a brincar?! Mas ele é um pássaro! Têns a certeza?!

- O Maximo era um metamorfo! - disse Ens - Todos os metamorfos têm uma forma animal. A do Maximo era...

- Um pássaro negro... - concluiu Lay - É por isso que ele não nos contava nada do passado dele... Por causa disso é que ele não queria que disséssemos o nome dele muito alto...

Ela deixou a cabeça apoiar-se nos joelhos com o peso das suas descobertas.

Mais tarde

Elas estavam naquele momento a passear pelas grutas, á procura de uma saída. Ens sabia que Lay tinha que ir ter com a irmã mais cedo ou mais tarde mas estava a apreciar companhia que falasse e respirasse.

- Oh não... - disse Ens, ao entrarem noutra gruta.

- Que se passa? - perguntou Lay.

- Gruta errada.

- Eh?

Ens ainda tentou virá-la mas já era tarde. O cheiro a sangue seco entrou-lhe pelas narinas e Lay quase vomitou ao ver uma pilha de corpos de pessoas vestidas de amarelo.

- Quem são eles? - disse Lay, virando-se para a saída e tentando manter a compostura.

- Revolucionários. - disse Ens - Vieram quase pelas mesmas intenções que tu... Mas eu...

Um silêncio pesado caiu na gruta onde elas estavam. Lay virou um pouco a cabeça para ver Ens com a cabeça baixada, aparentemente envergonhada com tudo aquilo.

- Vamos sair daqui. - disse Lay - Por favor.

Ela olhou para Lay e sorriu levemente.

- Vamos.

 Lay e Ens passaram o tempo em que estavam a encontrar uma saída por onde Lay pudesse sair, e não morrer (Ens tinha entrado por uma espécie de ravina muito ingreme que só se conseguia subir, e não descer), a conhecer-se melhor. Ouve umas quantas risadas e sussurros amigáveis.

Até que chegaram a umas escadas.

- Estamos aqui... - disse Ens, falhando a disfarçar a tristeza.

Lay olhou para ela e disse:

- Eu volto. Quando isto acabar eu volto e tu vais ser livre para andar por ai, como noutros tempos.

Para surpresa de Ens, Lay abraçou-a. Até ela estava espantada por este gesto espontâneo e amigável, mas Ens merecia.

Lay afastou-se e olhou mais uma vez nos olhos de Ens e começou a descer as escadas. Eram só quatro escadas e assim que Lay pisou o chão do labirinto, ela acenou-lhe. Ens fez o mesmo.

Ela começou a afastar-se e quando ia desparecer da vista de Ens, ouviu-se pancadas. Lay virou-se para trás, estranhando o som.

Mas Ens sabia bem o que era aquilo.

- Medusa... - sussurrou Ens.


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