Uma semana depois
Quando Lay viu que os pais já estavam a dormir, saiu pela porta da frente para o Jardim Central, ter com Sofia e Max.
Eventualmente aqueles castigos não os conseguiram parar de se encontrar. Especialmente depois dos poderes de Sofia terem sido usados pela primeira vez, pois depois de aquilo, eles começaram a ficar mais ativos.
Não demorou muito para Lay quase queimar os trabalhos de casa, de tal forma que estava zangada uma vez.
Max sabia que tinha de as ajudar ou aquilo podia tomar proporções muito perigosas.
Assim que Lay chegou ao parque, viu-o empoleirado na árvore do costume. Eles tinham combinado encontrar-se á meia-noite, três vezes por semana.
O parque estava iluminado pelos candeeiros de rua. Haviam algumas nuvens no céu mas não havia vento ou algum sinal de chuva.
- Olá, Max! - disse Lay, aproximando-se - A Sofia ainda não chegou?
- Não. - respondeu Max - Tudo bem?
Lay encolheu os ombros.
- O costume que tu sabes...
Ele aproximou-se mais dela.
- Sabes que os teus pais só estão a fazer isso porque fugiste com um pássaro e uma rapariga que tinhas conhecido á pouco tempo numa jornada extremamente arriscada, certo? Eles adoram-te Lay. Só estão preocupados contigo.
- Pois, pois...
A conversa foi interrompida por Sofia, que tinha acabado de chegar.
- Olá! - disse Sofia, correndo para perto de Max e Lay - Tudo bem?
Max acenou com a cabeça afirmativamente e ela voltou a encolher os ombros e a dizer:
- O costume...
- Vamos começar? - perguntou Max, voando para um banco de jardim.
- Sim!
- Muito bem. - disse Max - Sofia vamos começar contigo, hoje. Já te consegues acalmar quando estás a controlar o vento?
- Mais ou menos... - disse Sofia - Mas acho que estou melhor.
- Vamos ver, então.
Lay sentou-se no banco, á beira de Max enquanto Sofia fechava os olhos e respirava fundo.
As madeixas do cabelo de Sofia brilharam por um momento, antes de uma leve brisa começar a soprar.
Max olhava para o céu e para Sofia, de uma forma aprovadora.
- Estás muito melhor. - disse Max.
- A sério? - perguntou Sofia, abrindo os olhos.
Quando ela abriu os olhos e ficou mais entusiasmada, o vento soprou mais forte e folhas das árvores acertaram em Lay e Max.
- Ups.
Lay não parecia feliz, e tirava as folhas da cara e do cabelo. Max sacudiu-se todo e disse:
- Melhor. - disse Max - Mas continuas a precisar de muito treino... Quando conseguires dominar esta parte, passamos para a chuva.
Sofia riu-se nervosamente e sentou-se no banco, enquanto Lay se levantava.
Ela apanhou um pau, que tinha caído ao chão com o vento de Sofia.
A magia nunca está na varinha. Está na bruxa ou no bruxo. A varinha é só para conduzir o feitiço para onde se quer e não se espalhar por todo o lado. Mais parte dos bruxos acaba por encontrar um bocado de madeira definitivo ou até mesmo fazer um de propósito para ser uma varinha mas Lay ainda estava a começar.
Ela focou o olhar em algum lado e sussurrou umas coisas. A mão dela começou a brilhar e os brilhos foi para a ponta da varinha e espalhou pelo ar umas faíscas amarelas.
- Raios! - disse Lay.
- Não te preocupes. - disse Max - Foram mais faíscas do que a última vez. E para quem só está a apreender isto á uma semana, é fantástico! E é quarto minguante, lembra-te que os teus poderes ficam mais fortes em noites de Lua Cheia e Lua Nova, dependendo nos feitiços que estás a fazer.
Lay suspirou.
- Como é que eu vou fazer isto quando voltar para a outra cidade?
- Eu tenho andado a planear em ditar-te o que sei os exercícios básicos, para continuares a praticar quando saíres daqui. - disse Max - Mas... tenta manter segredo. Acho que os teus pais não aguentam mais coisas destas...
- Eu concordo contigo - disse Lay.
Uma hora e meia depois
- Estou cansada...- queixou-se Sofia.
- Eu também... - disse Lay, juntando-se aos coros de queixas da irmã.
- Eu também acho que já chega por hoje. - disse Max - Boa noite.
Lay levantou-se e Sofia abraçou Max.
- Boa noite. - disse Sofia.
- Bons sonhos, Sofia. - disse Max, sorrindo.
- Tchauzinho. - disse Lay.
- Adeus Lay. - disse Max, num tom um pouco sarcástico - Vê se dormes e bons sonhos.
Lay revirou os olhos com um pequeno sorriso e ele sorriu também.
As gémeas acenaram uma última vez a Max que voou para o ninho dele, num árvore próxima.
Sofia e Lay começaram a conversar enquanto caminhavam para fora do parque e para as suas casas. As ruas estavam desertas á aquela hora.
- Sabes uma coisa, Sofia? - perguntou Lay - No momento em que conheci a Ens...
Sofia interrompeu-a.
- Quem é a Ens? - perguntou Sofia.
Lay lembrou-se que ainda não tinha falado de Ens com Max ou Sofia. E ainda lhe custava falar dela por isso, ela disse:
- Esquece. - disse Lay - Eu ainda não consigo falar disso...
Sofia olhou para Lay com curiosidade mas respeitou o seu silêncio.
Ela pensou em como não tinha reconhecido a primeira voz que Ens tinha imitado. Mas ela já sabia a quem pertencia aquela voz. Era a voz de Vanessa.
Ens deve ter ido logo para a parte de vozes de familiares e como Vanessa era a mãe verdadeira dela, ela imitou-a em primeiro lugar mas como Lay não tinha reagido com a voz dela, Ens mudou de tática.
Lay ainda estava preocupada com a coisa de se voltar a mudar de casa. Ela voltaria a ver os amigos e ao ''status'' dela mas... Aquela aventura tinha-a mudado de uma forma que ela nunca imaginaria que acontece-se.
E isso preocupava-a.
Ela nunca mais seria a mesma e isso deixava-a nervosa. Mudanças podiam ser boas ou más e por mais agradecida que ela estivesse pelo que tinha aprendido, ela gostaria mais de continuar como era antes. Era mais fácil.
E ela ainda sentia que devia fazer algo quando á Noite Eterna.
Lay olhou para o céu estrelado. Era tão bonito.
- Lay? - perguntou Sofia.
Ela notou que já tinha chegado á frente do prédio de Sofia.
- Boa noite. - disse Sofia, sorrindo.
Lay olhou para Sofia e sorriu.
- Boa noite.
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A Deusa da Noite
FantasíaUma vez que havia duas irmãs. A irmã mais velha fez o dia e a irmã mais nova fez a noite. Por muito tempo a sua função foi trazer a sua respetiva fase do dia e assim foi por muitos milénios. Mas a inveja começar a crescer na irmã mais nova que sente...