Dois

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A última aula tinha finalmente acabado, e como sempre o grupo foi para a frente da sala enquanto os outros saiam pela porta. Diana continuou de pé do lado da mesa colocando lentamente tudo de volta para sua mochila, Leo também demorou dessa vez para se juntar, mas quando o fez começou a chamar atenção para ser escutado.

- Ei! - cutucou Sarah e ela se virou rapidamente para olhá-lo, mas não demorou muito para sua cabeça regressar a posição que estava para voltar a falar com Marcus e Gerson.

- Ei! - tentou com Gerson, mas aconteceu o mesmo novamente.

- Marcus! - chamou, e o menino se virou e o ficou encarando. - Eu vou descer logo. Encontro vocês lá em baixo, ok?!

Marcus não respondeu, Leo sabia que ele não tinha o escutado, apenas estava viajando em alguma ideia, ou rindo mentalmente de uma piada contada por Gerson. Leo saiu, desejando que ao menos Lucas tivesse captado as suas palavras.

Os cinco foram deixados para trás na sala, até que a professora de geografia, que tinha acabado de dar sua aula, passou por eles e os avisou para desligarem as luzes quando saíssem, o que seria completamente esquecido por eles se Sarah não tivesse a escutado.

Por fim saíram da sala os cinco juntos, e começaram a rir enquanto Marcus falava sobre o melhor dia que já acontecera em voz alta no corredor já vazio.

- Sério, já está batizado. - falou, batendo o pé no chão, se virando e andando de costas, para ficar de frente aos quatro ouvintes. - O melhor (e mais estranho) dia de todos. Primeiro Sarah que finalmente socializou. Agora só falta eu, o que vai acontecer no dia de São Nunca. E por cima, ela falou com um garoto!

- Com um gato! - falou, Diana em forma de correção, fazendo Sarah abrir um sorriso maior ainda.

- Depois Leo. - Marcus continuou, agora retornando a andar normalmente para frente, para poder descer as escadas, e não cair, o que já acontecera com Sarah milhares de vezes. - Ele saiu com Yago, e depois voltou todo suado, com certeza não foram jogar esse tal de basquete... sei bem o que eles fizeram... - concluiu arrancando mais gargalhadas dos outros.

- Ciúmes, Marcus? - Gerson implicou, tentando respirar no meio dos risos.

- Rá. Não é muito minha praia. - respondeu quando terminaram de descer as escadas.

- Tudo bem, agora por favor, calem a boca! Estamos em público. - falou Sarah quando chegaram no pátio, e assim as risadas começaram a cessar e deixar apenas sorrisos largos, como cicatrizes das gargalhadas.

Todos conseguiram parar de rir histericamente, menos Lucas. O menino ria tanto que não conseguia mais se conter. Seus olhos lacrimejavam, e tinha que manter braço sobre sua barriga para seus órgãos não saírem voando pela sua boca. O menino de cabelos loiros, que se enrolavam em cachos que ficavam meio toscos pois ainda mantinha um corte de cabelo liso, ria tanto que parecia até desespero.

- Contenha-se homem. - ordenou Marcus, adquirindo uma postura mais séria que só fez o riso de Lucas piorar ainda mais.

Continuaram assim o caminho todo, passaram pela cantina da Paulinha, pela quadra pequena de piso verde pintado, pelos banheiros, até chegarem no pátio de entrada do colégio, dobraram para direita onde ficava o casarão do curso de espanhol, que tinha uma varanda onde oficialmente era o ponto de encontro do grupo. Era o lugar onde eles podiam deixar suas bolsas e se sentarem nas mesas conversando, as vezes gritando nas cadeiras, ou no chão, o que acontecia quando a supervisão do curso tentava expulsa-los de lá, mas tirar só as cadeiras não era o suficiente para se livrar deles.

Não estavam prestando atenção no que acontecia ao seus arredores, apenas andavam em piloto automático, então quando Leo se juntou novamente a eles nas poucas escadas do casarão eles não deram muita bola. Só se tocaram o que estava acontecendo quando Leo gritou.

O Menino Da ÁrvoreOnde histórias criam vida. Descubra agora