Oito

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Quando o som pouco atrativo, mas muito bem apreciado pelos alunos, invadia o corredor, vários adolescentes saiam de suas salas. Alguns com pressa, andando em passos largos. Outros mais distraídos com grupos de conversa, aglomerando-se em pequenos círculos que se movimentavam lentamente. Os pés solitários sempre acompanhavam um corpo entretido no celular, o que causava esbarrões constantes.

Os seis que já desciam as escadas para o encontro do pátio tinham achado Diana e Sarah aos murmúrios animados sobre a última aula que tiveram, de vez em quando os outros amigos que andavam próximos podiam escutar um "Edmundo Filho" sair, logo sendo acompanhado com um "cala a boca" ou "fala baixo".

Eles continuaram seu percurso até as catracas da entrada principal do colégio, próximo do casarão do curso de espanhol.

Lá, por trás das catracas, do lado do portão de alumínio que dava a uma calçada bem pavimentada que seguia por uma avenida de dois sentidos, estava Yvina acenando de pé no meio da multidão fardada que saia da escola. A menina carregava uma bolsa que pendia em seu ombro direito, ela recebeu-os sorrindo assim que cada um tinha passado suas digitais.

- Vai mais cedo hoje? - Marcus voltou-se para Sarah.

- Não, minha mãe pegou minha irmã antes da nossa aula ter acabado, provavelmente - comentou - Então ou eu ligo logo pra ela, ou eu tenho mais tempo aqui - terminou de respondê-lo e o estendeu a mão, à procura de seu celular para ficar xeretando.

- Ótimo, então - falou Diana se intrometendo, ficando de frente para os dois - podemos ir no shopping.

- Não sei... - Sarah disse descrente, em quanto passava as várias fotos no celular de Marcus.

- Por que não? Pode ser no Little Honey, da pra ir de metrô, é perto - Marcus comentou ao lado de Sarah, observando o que ela mexia em seu aparelho.

- Verdade - Diana balançou seus cachos, depois de virou para o resto do grupo que conversava sobre outro assunto, animados.

Depois de um tempo em que todos estavam de acordo, cada um do grupo ligava para seus responsáveis irem pegá-los depois de um tempo no shopping mais próximo do colégio, perto do centro da cidade.

Foi por meio de leves cotoveladas nos braços de cada um que o grupo inteiro foi avisado da presença do garoto, Edmundo, que passou por eles sem muita expressão à demonstrar.

Regressaram a andar, os sete, seguindo a bolsa preta com três estrelas cadentes em seu centro, mesma marca de seu casaco.

O menino passou pelo portão cinza, invadindo o lado de fora do colégio. O grupo manteve uma distância respeitável e discreta do garoto quando ele dobrou para direita na calçada.

Toda a extensão do quarteirão que o colégio ocupava inteiramente era bem movimentada de alunos e alguns pedestres, então o grupo seguia o garoto alto no meio de algumas pessoas com suas mochilas encostadas no muro do colégio enquanto se agarravam em meio de beijos mais vorazes por não poderem ser impedidos por fiscais que ficavam dentro da instituição.

Quando chegaram próximo ao fim da calçada onde a própria fazia uma curva para a direita dando espaço a uma rua lateral, o grupo tentou se misturar com mais pessoas que estavam ali sentados perto da parede com algumas janelas que davam para ver o interior do colégio. Foi com essa tentativa de camuflagem no meio de outros alunos que o grupo perdeu-o de vista, a sua cabeça de cabelo preto que ficava a cima de todas as outras não estava mais à vista.

Provavelmente ele tivera dobrado na esquina, mas não ousavam procurar, não continuaram, apenas se viraram para o outro lado e voltaram a andar para a esquerda, onde tinham que chegar a estação de metrô para irem ao shopping.

O Menino Da ÁrvoreOnde histórias criam vida. Descubra agora