No final da aula, Leo deixou o grupo para trás, conversando e andando lentamente no corredor. Na verdade, o garoto estava procurando fugir de qualquer assunto ou perguntas como “Por que você está tão estranho?”. Além disso, Leo estava evitando todos, principalmente Yago, que por apenas dividir a mesma sala já tinha uma grande proximidade.
Leo só queria distância daquele barulho, das conversas avulsas e dos tantos assuntos amorosos. Porém, ao descer e chegar na entrada do colégio, ele viu Yvina, sua amiga, esperando o grupo como fazia todos os dias, mas logo viu que havia algo diferente, pois ao se aproximar ainda mais sem ser notado por ela, Leo viu que a garota conversava com alguém, e com a visão se tornando mais clara, ele o viu, Ká, o garoto conversando animado com Yvina. Ele era um ano mais novo e ,no ano anterior, antes de Yvina sair do colégio, tinha se aproximado do grupo, mais de Yvina, a quem era evidente que tinha se apaixonado, apesar da garota ainda não tendo tomado conta.
A rápida alegria que o invadiu logo esvaiu ao ver que o garoto chegava mais perto de Yvina a cada frase jogada. De longe era claro que Ká, ou Karlos, que era seu verdadeiro nome, estava se esforçando demais para flertar, mas parecia que Yvina não via aquilo, e de alguma forma isso não agradou Leo.
- E aí, gente – Leo aproximou-se interrompendo a conversa dos dois. Olhou diretamente para sua amiga, mas tentou se mostrar o mais confortável possível com a presença de Ká. Este, diferente de Leo, fechou o rosto ao vê-lo.
- Pois é, acho que tenho que ir, meu transporte deve estar chegando – Karlos falou indelicado e saiu soltando uma piscadela e um meio sorriso para a garota.
- Estranho, ele estava agora mesmo dizendo... – Yvina notou, mas não percebeu toda a situação.
- Ei – Leo levemente a interrompeu – podemos conversar, ali? – apontou para uns bancos distantes.
- Sim, claro – respondeu a garota, estranhando brevemente.
Leo realmente não sabia direito o que estava fazendo, pois acabara de se deparar com uma contradição; ele realmente não queria falar com ninguém, mas sabia que de qualquer jeito, o assunto de relacionamento iria aparecer, e ao ver Yvina, Leo soube que era com ela que devia falar. Ela iria achar um assunto distinto e a única relação que ela tinha com Yago era as lembranças de quando se falavam, mas com o tempo foram se separando, até ficarem totalmente separados, quase estranhos.
Indo contra o fluxo de alunos deixando o colégio, Leo e Yvina caminhavam juntos, distanciando-se da saída principal. Quando chegaram na lateral do casarão do curso de Espanhol, os dois se sentaram no longo banco fixo à parede, onde não tão longe havia um casal trocando ávidos beijos, e do outro lado, depois da passagem de vários estudantes, Leo viu rapidamente o casal "Porta", Jonathan Christopher e sua namorada conversando, encostados no portão secundário do ginásio principal.
- Cadê os outros? – Yvina trouxe Leo de volta à realidade.
- Eles estão comprando nossos ingressos de sábado, acho que vão demorar um pouco.
- Ah, olha! Aquele não é o garoto que Sarah está apaixonada? O E – Yvina indicou o garoto no meio de alguns estudantes, andando lentamente.
Edmundo estava desligado do mundo com seus fones tocando suas músicas preferidas diretamente em seu ouvido, nem viu Leo sentado um pouco distante, mas algo realmente chamou sua atenção, impedindo-o rapidamente até de continuar andando, pois viu Jonathan e sua namorada, e imediatamente sua feição limpa tomou um ar sombrio e talvez até ressentido, mas não fez nada além de se recompor e sair muito rápido da vista de Leo.
- Sim, era ele – Leo respondeu se virando à garota sorridente – mas ei, tu já ouviu falar no jogo UnderLife?
- Se eu já ouvi falar? Eu vivo para esse jogo – os dois riram enquanto Yvina tomou uma cara ofendida por Leo ter pensado que ela não conhecia o jogo.
E assim, facilmente, a conversa fluiu, como costumava acontecer com cada um do grupo, mas lá eles dois falavam sobre nada importante, o assunto era totalmente sem conteúdo relevante, no entanto nenhum tinha sentido aquela aproximação antes, aquela conversa sobre o nada estava unindo eles como nunca ocorrera, e os dois amigos podiam continuar fazendo aquilo por muito mais tempo.
Sarah reclamava mentalmente a cada passo dado. Mal tinha chegado do colégio e o porteiro interfonara avisando que uma encomenda havia chegado, e inevitavelmente Sarah teve que sair no grande calor para pegar o envelope que agora carregava em seus braços.Quando estava entrando no lobby do prédio novamente, percebeu a presença do garoto que tinha a observado pela semana anterior. Agora, acompanhava seus passos, enquanto Sarah, um pouco à frente, se sentiu intimidada e apressou-se para chegar logo aos elevadores.
- Ei, garota! – chamou, o menino mais alto.
Sarah virou-se para se deparar com o menino jovem, de aparência muito familiar, mas nenhum nome a veio, talvez tivesse já o visto apenas pelo prédio antes.
- Emanuel – o garoto estendeu a mão.
- Sarah – respondeu devolvendo o gesto.
- Então... Eu vou dar uma festa mais tarde e tava chamando um pessoal pra aparecer lá, se você quiser pode chamar mais alguém, só não adultos. – explicou brevemente empolgado – Seria bem legal se você fosse.
- Ah, obrigado pelo convite, acho que eu vou – Sarah respondeu alegre por depois de tanto tempo ter conseguido interagir com uma pessoa da sua idade em seu prédio.
- Legal! Vou te esperar lá – Emanuel afastou seu pé e deu espaço para Sarah prosseguir seu caminho, mas pensando mais um pouco, falou – Você é nova aqui?
“Eu moro aqui antes mesmo de haver eletricidade decente nesse prédio” foi o que a garota logo pensou, mas decidiu tomar cuidado com suas palavras – Não, já faz um tempo, na verdade.
- Ah, é porque eu só vi você esses dias... – pensou por um segundo – Ei, Sarah – esperou resposta.
- Oi? – disse, tomando seu primeiro passo ao elevador.
- 304, meu apartamento – Emanuel sorriu e viu a garota animada e sem mais praguejar mentalmente, partir.
- Tchau, Emanuel.
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O Menino Da Árvore
أدب المراهقينOMDA Eram adolescentes, brincavam, aprendiam, cresciam e amavam. Tinham seus problemas, fraquezas e inseguranças. Não era diferente naquele grupo de amigos. Eles só não sabiam o quão O Menino Da Árvore podia interferir em suas vidas.