Diana tentava manter um olhar atento para a nuca de seu pai, que dirigia o transporte escolar que levava ela mais algumas pessoas para o colégio.
De vez em quando se pegava cochilando no acento da primeira fileira, já que tinha dormido tarde na noite passada, por ter voltado do condomínio de sua prima depois do horário de costume.
Sonhos se misturaram com os pensamentos que tinha, queria manter-se acordada e atenta, mas tudo que conseguiu foi se render à luta contra os olhos pesados e deixou o pensamento que tinha reprimido noite passada, invadir sua cabeça e logo viu-se novamente dentro das suas lembranças de Thorperson.
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Ela tinha sua cabeça apoiada na coxa do garoto, seus cachos pretos estavam espalhados pelo colo dele. Ele brincava em algum jogo no celular dela, e ela podia apenas ver suas mãos e braços, um apoiado em sua barriga confortavelmente.
A pele morena do garoto lembrava-a do café que tomava, com uma adição exagerada de leite, deixando um marrom claro dentro da xícara, não era comum ver essa característica no meio dos garotos que Diana gostava, mas tinha algo naquele tom de pele causada pelo interior que o garoto morava, que chama sua atenção.
Mesmo não vendo a tela, Diana pressionou seu dedo na superfície lisa, fazendo Ian perder o jogo. Ele logo abaixou o celular e adquiriu uma feição raivosa à menina, mas não conseguia esconder a pequena elevação na ponta dos lábios rosados, uma formação, quase um esboço de um sorriso ao ver a garota.
Eles mantinham uma relação próxima, era normal o ato de um deitar no colo do outro, eles compartilhavam tudo, segredos, objetos, piadas que só os dois entendiam, e quando ele estava de volta na capital, onde Diana mora, eles eram inseparáveis, não esvaziavam-se de assunto. E sempre quando viam um ao outro não conseguiam conter a alegria demonstrada em cada sorriso.
Foram criados como primos, mesmo não compartilhando a mesma família biológica, na verdade seus pais e avós foram sempre criados juntos no interior do estado, mas a família de Diana mudou-se para a cidade grande, antes mesmo dela nascer.
Felizmente, e com esforço, as famílias não perderam contato, então até agora viviam indo e voltando para visitar uns aos outros.
Ela não queria aquilo, não queria ser chamada de "prima", ou chamar os pais dele de "tios", queria na realidade, chama-los de "sogro e sogra" e dividir sobrenome com o garoto. Sabia que a família não reprimiria, ficariam felizes, em finalmente poderem unir os dois lados oficialmente. Diana até percebia o apoio de seu pai para aquilo dar certo, "aquietar o garoto" como falava.
E era tal coisa que preocupava-a, Thorperson não era um romântico que nem ela, temia de que aquela felicidade que ele sentia quando a via fosse apenas uma afeição ao ver uma amiga íntima, ou alguém que considerasse como irmã. Ele, por ser um ano mais velho (meses para mais exatidão) era mais "solto", pois já tivera relacionamentos pouco duradouros (dois dias em média) com várias garotas da região, ou em grande maioria no bairro, nunca levava os beijos a sério, sempre acabava entediando-se depois de alguns dias.
Até aquele momento os dois nunca haviam superado, ou passado dos abraços costumeiros e dos beijos nas bochechas quando os pais obrigavam. O segredo da paixão de Diana estava muito bem escondido com a sua vizinha que praticamente morava em sua casa nos fins de semana, sua mãe a quem Diana contava tudo, e podia confiar até cega, e Sarah quem não demonstrava perigo pois nunca tivera contato com Ian.
Ela deixou o colo do menino e pôs-se sentada ao lado dele, na sala de estar de sua própria casa. A televisão à sua frente emitia um som dispensável e mesmo ligada ninguém a assistia, todos da casa, além dos dois, estavam no terraço próximo do pequeno jardim gramado dentro da casa cercada por muros beges e um portão de alumínio que já tinha brilhado antes.
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O Menino Da Árvore
Teen FictionOMDA Eram adolescentes, brincavam, aprendiam, cresciam e amavam. Tinham seus problemas, fraquezas e inseguranças. Não era diferente naquele grupo de amigos. Eles só não sabiam o quão O Menino Da Árvore podia interferir em suas vidas.