Treze

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No outro dia, tudo o que os alunos falavam era sobre como a professora de química tinha desmaiado e como os alunos do nono ano foram dispensados, sem mesmo terminarem de assistir a última aula daquele dia. A notícia que os alunos receberam à tarde, dizendo que Analin e seu bebê passavam bem, preveniu que o recreio daquela terça-feira não fosse triste ou trágico.

O grupo, guiado por Sarah, tinha passado pela cantina e agora comiam e conversavam, sentados nos bancos próximos a escada do prédio de suas salas. E lá, sentado nas mesas de refeitório, próximo da cantina da tia Paulinha, estava E, sem companhia, sendo observado por Sarah, a única que tinha o percebido àquela distância.

A garota recordava do dia anterior, e quando olhava para Edmundo, lembrava do seu rosto a observando enquanto ela não sabia o que falar. Sempre que ela lembrava de sua feição, ousava pensar que o menino tinha sentido alguma coisa, e mesmo que ela não quisesse se iludir pensando que existia uma faísca de sentimento recíproco, Sarah não estava enganada, Edmundo tomara um pequeno tempo para recordá-la igualmente no dia anterior, mas para ser realista, os pensamentos dele tomaram uma proporção bem menor que os da própria.

- Olha quem está ali... – Diana falou, olhando diretamente para Sarah com um olhar que transbordava segundas intenções.

- É, eu vi – respondeu voltando a realidade, mas um pouco sem ânimo.

A insinuação de Diana fez com que o restante das quatro pessoas cabeças virassem quase instantaneamente para onde Edmundo sentava sem comer coisa alguma.

- Tudo bem, vamos lá – Diana falou logo em seguida, sabendo já a resposta de Sarah, mas mesmo assim esticando suas mãos para alcançar os braços da própria.

- Não, o que? Você está louca? – Sarah rebateu, recuando seus braços por completo.

- Sarah... – arriscou novamente.

- Diana, não.

- Olha – falou mais séria, assim Diana tomou a atenção dos outros e até de Sarah – Você gosta do garoto, está claro – recebeu um olhar torto de Gerson, que ninguém notou – não dá para apenas ficar secando o menino à distância. Deixe de besteira e trate de se levantar.

Pareceu até que a garota tinha ensaiado aquilo, pois incrivelmente aquelas palavras bem escolhidas foram bastantes convincentes para Sarah e todos que a acompanhavam.

Rapidamente, mas bem hesitantes, os seis seguiram a caminho das mesas aglomeradas, que no recreio ficavam bem vazias pois a maioria dos alunos se dispersavam por toda a extensão do colégio. A cada passo que Sarah dava, as palavras de Diana tornavam-se bem bobas, mas já quando estavam no meio do caminho a garota decidiu não recuar, não queria que seus traços antissociais se tornassem uma perda pessoal.

Quando E finalmente se distraiu e seu olhar se fez fugir da tela do celular, deparou-se com ela… Sarah?, pensou, não sabendo exatamente seu nome, além de escutar conversas dela no corredor, a mesma menina que tinha visto no dia anterior, e mesmo querendo vê-la ele decidiu e conseguiu conter o sorriso, que seria um movimento muito arriscado para ele: mostrar muito sentimento.

Mas assim que viu as cinco pessoas que a seguiam, o sorriso inexistente no rosto do menino murchou. Queria não se mostrar infeliz, mas era impossível esconder seu desagrado naquele momento, o que era realmente ruim, porque desagrado e falta de interesse, muitas vezes tinham ficado marcados como sua imagem para outras pessoas, mas àquela altura ele já não mais importava-se como as outras pessoas o viam.

- Oi... – Sarah disse com um ousadia que nem ela sabia da onde vinha, talvez essa fala descontrolada e sem medo, ocorria apenas perto dele, e por sua experiência do primeiro encontro com ele, ela poderia falar mais do que devia.

O Menino Da ÁrvoreOnde histórias criam vida. Descubra agora