Quatorze (2/2)

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Recordando-se da vez anterior, Yvina tomou mais cuidado ao fechar a porta do táxi assim que deixou o carro e foi despejada na frente do shopping. Ela carregava consigo uma bolsa com seus livros, e ao pisar dentro do prédio, ficou feliz pois também carregava seu caderno de desenhos, diferente da última vez, quando estava completamente apreensiva. Não demorou nenhum segundo parada, pois já sabia exatamente qual era seu destino.

E logo Yvina chegou em frente a Saraltura, a maior livraria da região. Estava esperançosa para achar logo Nicolas ou Pedro, porém por um momento lamentou-se por não ter trocado nenhum contato com nenhum dos dois na vez passada. De qualquer forma, seguiu em meio das estantes cheias, decidida que iria apenas sair dali com o número de cada um.

Primeiro passou pelas estantes até o final da loja, até parou para ver um livro novo, mas logo foi em direção dos caixas, onde tinha certeza que iria ter respostas para sua procura. E quando chegou lá deu uma breve olhada e pôde ver o caixa 3 vazio, mas sem muito esforço ela viu que o menino deixou seu posto brevemente para ficar sentado em uma mesa, uma das poucas espalhadas por ali. Pedro estava sentado conversando risonho com o menino em sua frente que não parava de falar, Nicolas.

Yvina não era uma pessoa de se acanhar ou de não tomar iniciativa para falar com alguém, mas naquele momento sabia que atrapalhar a conversa dos dois poderia ser algo ruim. Então, ao invés de ir embora e deixar os dois sozinhos, Yvina escolheu ficar andando nas proximidades da mesa onde os dois estavam, com esperança que Nicolas a visse e se tivesse sorte ele iria convidá-la a juntar-se a eles.

O plano da garota funcionou, já que nem precisou andar muito para Nicolas notá-la e soltar um curto, fino e alto grito no meio da livraria, acabando com o calmo silêncio do local, quase pulou para fora da cadeira. Ele transparecia uma alegria que nem nos pensamentos mais exagerados de Yvina podiam se igualar ao que via, mas a garota não demorou nem um pouco para concluir que aquilo era apenas o jeito de Nicolas.

Ela foi rápida ao sentar-se e soltar um breve cumprimento a Pedro, antes que o outro garoto começasse a falar e nunca mais parasse. E, como esperado, foi isso mesmo que aconteceu, pois em um pouco tempo de conversa Yvina já podia sentir a animação que transbordava do garoto, e rapidamente ela se sentiu mais próxima dos dois, que aparentemente tinham construído uma amizade sólida em apenas seis dias.

- Então, vocês se encontram muito? – Yvina soltou olhares significativos a Nicolas ao perguntar – digo, porque vocês estudam perto...

- Ah sim, depois da minha aula nós nos encontramos e geralmente ficamos conversando na calçada com as amigas de Nicolas – Pedro respondeu, enquanto mantinha seu olhar ao seu uniforme, mexendo em alguma coisa, um broche, talvez.

  - Pois é, tem dias que ele demora nas aulas, porque ele é superinteligente e precisa assistir suas aulas extras nas turmas especiais, fica até meio chato esperar por ele às vezes – Nicolas provocou-o sorrindo.

- Eu nunca disse que você tinha que esperar – Pedro rebateu, interrompendo o menino.

- Que seja – Nicolas logo voltou a falar – mas nós voltamos juntos, sabe, pegamos o mesmo ônibus, então temos bastante tempo para conversar sobre o quanto ele estuda – terminou soltando uma risada, e Pedro desviou seu olhar foi broche quebrado para observar o garoto em sua frente com um sorriso grande.

- Nicolas... – Yvina olhou para o garoto, esperando que ele entendesse tudo o que ela estava deixando implícito, esperando que ele conseguisse de algum modo entender seus olhares – Você descobriu alguma coisa sobre aquele assunto?

- Ahn, que assunto? Espera, não estou entendendo nada, amiga, explique-se.

- Aquilo que a gente falou segunda...

O Menino Da ÁrvoreOnde histórias criam vida. Descubra agora