Cap 11 : Distância de alma

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Um minuto se somou a outro e mais outro. E tenho certeza que viraria uma hora,um dia, um ano,uma vida inteira e eu estaria ali, sentada naquele banheiro gelado, vendo minha vida passar diante dos meus olhos. Mas uma batida estridente me obrigou a sair do torpor absurdo em que eu estava.

- Marine - a Sra Nark chamava de forma estridente - venha, rápido, Gérard acordou, está chamando por você!

Levantei de um salto e sai porta afora sem perceber o meu estado lastimável.

- Mas o que houve ? estava chorando? - ela parecia surpresa.

- Me desculpe eu...eu só ... - palavras não vinham em minha mente somente um nó absurdo na garganta.

- Tudo bem minha querida, todos estávamos apavorados demais. Mas ele acordou, e com a graça de Deus o futuro permanecera inabalável, Ger vai entrar naquela igreja, você vai encontrá-lo no altar, firme em suas próprias pernas.

A enigmática senhora achava que meu estado se dava ao fato de Ger ter sofrido o acidente!Deus eu o adorava e me importava com ele mas nenhuma de minhas lágrimas tinham outro dono que não Daniel.

-Até Daniel - ouvir o nome dele me sobressaltou - está completamente descontrolado! Tentamos o impossível para dissuadi-lo de voltar ao exército , ficar aqui conosco e ao lado do irmão, mas o Dani sempre fugiu de seus próprios sentimentos. Sei que está se afastando por medo, descontrole. Ele quer somente controlar tudo mas não pode. Ele acha que pode proteger a familia de tudo mas não pode. Não pôde nem mesmo evitar o acidente e isso é natural, mas Daniel não sabe lidar com perdas por isso vai fugir, ele fica longe para não sofrer.

Andei o restante do corredor alisando meus cabelos e roupas amassadas tentando inutilmente melhorar minha imagem pensando nas palavras dela. Faziam algum sentido, Daniel tinha medo de tudo que não possuía controlar, inclusive seus sentimentos por mim.Respirei fundo lembrando do exato som que fez sua voz quando ele disse que me amava. Palavras absolutas e definitivas EU TE AMO e meu mundo ganhou cor. Raspei a garganta quando toquei no trinco da porta e rezei a Deus para me dar suporte neste momento tão triste e definitivo da minha vida.Eu iria me concentrar em Gerard, ele era importante neste momento.

Dentro do quarto a primeira coisa que notei foi o sorriso reluzente de Gerard quando me viu.Corri para o lado dele emocionada, ele estava bem, o resto devia ser tão pequeno perto disso.

Mas não era, e a segunda coisa que notei naquela sala foi Daniel sentado a um canto segurando as mãos do irmão entre as suas e se concentrando em manter a cabeça baixa. Uma veia pulsava na sua testa entre os fartos cabelos dele.Eu mordi a língua de puro desespero para controlar a vontade de ir até ele e abraça-lo, dizer que tudo ia ficar bem ,mesmo eu sabendo que estávamos completamente ferrados e que nada, absolutamente nada ficaria bem algum dia.

- Marine meu amor - a voz de meu noivo parecia distante, soou tão baixa.

- Oi Ger, oi - sorri com lágrimas nos olhos. Ele era tão bom para mim, e graças a Deus ele estava bem. - Como você se sente?

-Um pouco de dor, mas nada que não vá sarar daqui a um tempo. Só acho que teremos que trancar a faculdade por um pouco de tempo. Pode parecer egoísmo meu não te deixar ir, mas preciso de minha noiva ao meu lado para recuperar minhas forças e voltar a andar. Deus , eu não acredito que não poderei ir a Seattle, será castigo?- O olhar dele demonstrava muita desconfiança e medo.

- Shi shi shi querido , vai ficar tudo bem , você vai ficar bem. Não pense em trabalho agora. - E eu parecia passar a vida inteira a dizer aos homens Nark que alguma droga algum dia ficaria bem. Gerard me parece tão estranho nos últimos meses, só não consigo distinguir o motivo de sua estranheza.

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